Já se perguntou, alguma vez, de quem foi a ideia?
Muita gente preta criou coisas para facilitar nosso cotidiano, nosso ir e vir, os trabalhos domésticos e profissionais, para nos sentirmos mais bonitos, bonitas, bonites…
Tem um ditado popular que diz que ‘nada se cria, tudo se copia’… Mas a gente sabe que alguém pensou primeiro… E não foram poucos os africanos nascidos em África e nascidos no mundo que pensaram primeiro e fazem jus à sua ancestralidade.
Elevador, ponte, estrada, semáforo, ar condicionado, celular, máquina de cortar grama, apontador de lápis, geladeira, pá de lixo, absorvente íntimo, esfregão, balde, escova de cabelo, escova de dente, caixa de correio, jogo de boliche, pente quente, tábua de passar roupa, secadora e máquina de escrever são, apenas, algumas das invenções que têm o carimbo “Feito por Gente Preta”.
Há pelo menos uma invenção negra para cada ambiente da casa, do prédio, do mundo do trabalho, da rua, da vida.
Entre a sala e a cozinha…
Apertar o interruptor e acender a luz é a melhor maneira de se entrar em casa e esclarecer a história sobre o inventor da lâmpada… A fama é do investidor Thomas Edson, dono da General Electric Company, mas a invenção é de um dos pesquisadores da empresa, o cientista afro-americano de nome Lewis Howard Latimer (1848-1928). Lewis patenteou uma maneira mais eficiente de fabricação de filamentos de carbono em 1888. Resgatemos seu nome!
No conforto da claridade proposta por Lewis Latimer, pode-se desfrutar de outro invento próprio para os dias e noites muito quentes, o ar condicionado, uma das mais de 60 ideias geniais de Frederick Jones (link).
Com Jones, vale um pulo até o freezer – o congelamento faz parte de suas criações – ou à geladeira, concebida por John Standard, onde duas outras invenções negras podem estar sendo resfriadas: a cerveja e o vinho. Se quisermos, podemos pegar o pão sobre a mesa, voltar para a sala e assistir à nossa televisão com tecnologia 3D.
Todo esse conforto é informação suficiente para a derrubada do racismo. Ou não é?
São do antigo Egito – 7.000 a.C. – as descobertas do pão assado, a partir de um processo de fermentação. O trigo era moído com pedras, misturado com água e fermento. Esse sistema ancestral está registrado em tumbas.
Registros em tumbas e sarcófagos, também, atestam o processo de produção de cerveja 5.000a.C. A cerveja egípcia é considerada a primeira, inclusive pelos produtores da bebida da atualidade, por conta do sabor semelhante.
A mesma história vale para o vinho, com informações de 3.000 a.C.
John e Valerie
Quanto a John Standard, ele não inventou a geladeira – ela era o homem dos avanços tecnológicos. Graças a ele, a geladeira, que já existia no século 19, ficou bem mais próxima do eletrodoméstico que conhecemos hoje. Em 1891, o inventor patenteou a geladeira elétrica – antes, este eletrodoméstico não tinha motor, mas uma câmara que era preenchida, manualmente, com gelo natural para a refrigeração.
Detalhe curioso: o gelo natural era cortado nos lagos gelados durante o inverno e guardados em covas revestidas de palha ou outro material isolador, e cobertos com terra.
Sobre a tecnologia 3D que desfrutamos na TV, o nome a ser celebrado é o de Valerie Thomas (link). Em 1976, ela descobriu que espelhos côncavos criavam a ilusão de objetos tridimensionais e começou a experimentar como poderia transmitir visualmente a ilusão 3D. Em 1980, a ideia foi patenteada e olha a gente aí desfrutando da inteligência negra no conforto do nosso sofá.
Na área de serviço…
A primeira secadora automática de roupas da América tem a patente de George T. Sampson e a tábua de passar roupas é assinada por Sarah Boone. Os dois receberam suas patentes em 1892.
Sampson aprimorou o processo de secagem de roupas que, anteriormente, era feito em brasa. Quer dizer, as pessoas pararam de se preocupar em pôr fogo nas roupas na hora de secá-las.
Sobre a tábua de passar, ela foi projetada para melhorar a qualidade de passar as mangas e o corpo das roupas femininas.
Na área de serviço, ainda, as criações de Lloyde P. Ray, a pá de lixo, e do esfregão e do balde, de Thomas W. Stewart.
No resto da casa…
No quarto, a presença negra está sobre o tocador em invenções como a escova para pentear cabelos femininos, de Lydia O. Newman; o pente quente para alisamento de cabelos crespos de Madam C.J. Walker; os cosméticos que nos habituamos a ver nos filmes de época e que foram criados no Egito, por volta de 3.000 a.C. com produtos para o rosto e para o corpo extraídos de plantas, pedras moídas e mistura de terras.
A escova de dentes, no banheiro, também é do tempo dos cosméticos. A mais antiga, encontrada em uma tumba egípcia, era formada pela junção de ramos com as pontas desfiadas, acopladas a um pedaço de madeira.
Chegando no jardim, lá está a máquina de cortar grama, de John Burr que, em 9 de maio de 1899, patenteou o seu cortador com lâmina giratória aprimorado, com rodas de tração, projetado para não entupir facilmente com aparas de grama. O design de seu projeto, também inovador, tornou possível cortar mais perto das bordas de edifícios e paredes.
John Burr nasceu em Maryland em 1848 e pode ter sido escravizado, como seus pais, até a Emancipação, que aconteceu quando tinha 17 anos. Mesmo assim, ele não escapou do trabalho manual, como ajudante de campo, e deu frutos à sociedade.
Sobe-e-desce
Fora de casa, no lugar de subir e descer, abrindo e fechando a porta do elevador, portas automáticas. E a ideia surgiu de uma quase fatalidade com a filha de Alexander Mills, seu inventor. A menina quase caiu no poço de um elevador, o que o inspirou a desenvolver uma solução, patenteada em 1887 e utilizada até hoje.
E, de elevador ou não, chegamos ao escritório, ao mundo do trabalho, onde ainda se utiliza a escrita em símbolos – em especial em locais oficiais de representação política, como as assembleias legislativas. Tal escrita foi criada por Marco Túlio Tiro, escravo liberto, nascido em 103 a.C., homem negro responsável pelo primeiro sistema organizado de taquigrafia, cujos primeiros registros datam de 63 a. C..
Tiro inventou o método para anotar os pronunciamentos de Cícero, Sêneca e outros membros do Senado. E o que ele criou foi ensinado nas escolas romanas, aprendido por imperadores e é amplamente utilizado.
Mas tem outras curiosidades, invenções pretíssimas de escritório como o apontador de lápis, por John Love; a caneta tinteiro, por William Purvis; a máquina de escrever, por Lee Burridge; o computador pessoal, por Mark Dean…
Pioneiro da computação
Mark Dean é um dos que mais tem a ver com o nosso presente. Considerado o ‘pai do computador pessoal’, ele é um homem preto que chegou a vice-presidente de sistemas no laboratório de pesquisas da IBM – uma das poucas na área de tecnologia da informação com uma história contínua que remonta ao século XIX. O ponto alto de sua carreira de quase 30 anos, entretanto, é o momento em que está engenheiro-chefe no desenvolvimento do IBM PC.
Além de líder das equipes envolvidas na criação do computador pessoal, Dean detém três das nove patentes do computador pessoal e está no Hall da Fama de Estadunidenses Inventores!
Dean é o primeiro afro-americano a se tornar sócio da IBM. Ganhou vários prêmios por suas inovações e por causa dele, hoje, podemos ter computadores sobre nossas mesas, na bolsa, no bolso, nas mãos.
E tudo bem que e-mails e redes sociais resolvem quase todas as nossas questões de comunicação, mas temos de celebrar o cara que criou a caixa de correio, quando nem se imaginava uma caixa de correio virtual. Seu nome é Philip Downing.
Nas ruas…
A população negra é ‘carimbada’ pela sociedade pela preguiça, ausência de inteligência, pela violência, pela falta de humanidade… Contraditoriamente, entretanto, foram os nossos, os escravizados para trabalhar de sol; foram os nossos, os sequestrados, torturados e assassinados, ainda hoje, e somos nós, os sempre buscados como seguranças, cozinheiras e babás…
Mas nossa engenhosidade se escancara nas ruas… O eletricista e mecânico Granville Tailer Woods, que viveu entre 1856 e 1910 e registrou em seu nome quase mais patentes que anos de vida, garantiu a segurança, em especial, das pessoas que cruzavam as linhas de trem com a sua invenção batizada de telégrafo.
Seu dispositivo permitia transmitir informação à distância utilizando um código, por meio do qual se controlava os transportes públicos e, principalmente, os cruzamentos dos trens, evitando acidentes.
Também preocupado com a segurança de todos, outro afro-americano, Garret Augustus Morgan, inventou o sistema automático de sinais de trânsito em 1923 e depois vendeu os direitos à corporação General Electric por 40 mil dólares. Sem a sua inovação, os motoristas de todo o país seriam direcionados por um sistema de duas luzes.
Antes disso, ele teve outras ideias, entre elas a máscara contra gases. Em 1912, obteve a patente do governo norte-americano, criou uma companhia para fabricá-las. Tudo ia bem até que seus clientes descobriram a sua origem negra e as vendas começaram a diminuir… Morgan tentou enganá-los alisando o cabelo, tentando se passar por índio da reserva Walpole, no Canadá. Não deu certo. O racismo venceu.
Mas seguimos nos multiplicando em criatividade e engenhosidade. Richard Spikes (link) é outra das provas. Em 1932, inventou a mudança automática de marcha, a caixa de câmbios automáticos para automóveis.
Do Brasil, destaque para André e Antônio Rebouças, os irmãos visionários que mudaram a cara do Brasil, que tinham um projeto de nação, queria conectar terra, rios e trilhos – imaginavam e construíam. É assim que assinam 13 grandes projetos, como a construção de docas, de ferrovias, além de uma companhia de abastecimento de água.
O engenheiro baiano André Rebouças, também, inventou o torpedo – projétil explosivo programado para detonar ao entrar em contato ou aproximar-se de um determinado alvo -, desenvolvido para ser usado na Guerra do Paraguai, mas muito utilizado na I Guerra Mundial, lançado contra submarinos, navios, helicópteros e aviões.
Na vida…
E assim o relógio que marca as horas, o calendário que registra os dias, os instrumentos cirúrgicos que salvam, o teste de gravidez, o marcapasso cardíaco – todos originários do antigo Egito – fazem a vida acontecer e nos conecta a todos com a internet banda larga – a evolução da internet discada -, que traz a assinatura de Jesse Eugene Russel (link).
Russel detém patentes e continua a inventar e inovar na área de redes, tecnologias e serviços de banda larga sem fio. É um pioneiro no campo da comunicação celular digital na década de 1980.
De volta ao continente africano, século XX – 1989, mais que aplausos a Philip Emeagwali, imigrante nigeriano nos Estados Unidos responsável pelo computador mais rápido do mundo – 3,1 bilhões de cálculos por segundo -, que possibilitou estudar o aquecimento global, as condições do tempo e determinar como o petróleo flui sob a terra.
Quanto à visão das crateras da lua na década de 1960, ela só foi possível graças a outro negro, George Carruthers, astrofísico da NASA, a agência espacial americana, que desenvolveu a câmera remota ultravioleta, usada na missão da Apolo 16.
Surpreendente, não?! Agora é pegar o microfone elétrico – invenção de James West em parceria com Gehard Sessler, e contar para o mundo da potência de nossa presença.
A invenção de West e Sessler, dos anos 1960, é padrão da indústria até hoje: 90% de todos os microfones contemporâneos, incluindo os encontrados nos telefones, gravadores, filmadoras, monitores de bebês e aparelhos auditivos, usam a sua tecnologia.
Tudo isso é só exemplo de nossas mentes brilhantes.
Fontes: Feira Preta, Geledes-Inventores, BuzzFeed, Geledés, Observatório3Setor, Taquigrafia em foco, Assemb. Leg., Geledes-Absorvente, Greelane
Livros: “Cientistas e Inventores Negros”, Ava Henry e Michael, Williams BIS Publications; “Cientistas e Inventores Negros”, Ava Henry e Michael; “Negros e negras inventores, cientistas e pioneiros”, de Carlos Machado; “História Preta das Coisas”, de Bárbara Carine Soares Pinheiros
Conhecendo as Invenções Negras que Transformaram o Nosso Dia a Dia: Uma Jornada de Descoberta e Reconhecimento
As contribuições negras para o mundo das invenções são vastas e impactantes, abrangendo diversos aspectos da vida cotidiana e da tecnologia. Desde a melhoria da lâmpada por Lewis Howard Latimer até as inovações em refrigeração por Frederick Jones e John Standard, a genialidade negra tem facilitado e enriquecido nossas vidas de maneiras fundamentais. Além disso, invenções como a secadora automática de roupas, a tecnologia 3D, e avanços significativos na computação e na comunicação, como o trabalho de Mark Dean e Jesse Eugene Russel, demonstram a amplitude e a profundidade do impacto das invenções negras. Essas contribuições não apenas melhoram nosso dia a dia mas também desafiam e expandem nossa compreensão da inovação e criatividade humanas.
Quem melhorou a eficiência da lâmpada elétrica e como? Lewis Howard Latimer melhorou a eficiência da lâmpada elétrica em 1888, patenteando uma maneira mais eficiente de fabricação de filamentos de carbono.
Qual invenção de Frederick Jones é essencial para os dias quentes? Frederick Jones inventou o ar condicionado, uma de suas mais de 60 ideias geniais, essencial para os dias e noites quentes.
Como John Standard contribuiu para a evolução da geladeira? John Standard não inventou a geladeira, mas em 1891, ele patenteou a geladeira elétrica, aproximando-a do eletrodoméstico moderno que conhecemos hoje.
Quem inventou a primeira secadora automática de roupas da América? George T. Sampson inventou a primeira secadora automática de roupas da América, recebendo sua patente em 1892.
Qual foi a contribuição de Mark Dean para a computação? Mark Dean é considerado o ‘pai do computador pessoal’, liderando o desenvolvimento do IBM PC e detendo três das nove patentes originais do computador pessoal.
Eu gostei muito dos vossos trabalhos
Poderia me enviar este material acima referente a invenções feitas por NEGROS?