Negro é lindo desde sempre! Mas um virou sinônimo de beleza, elegância e sensualidade, passados mais de 40 anos do surgimento das telenovelas. Sua carreira foi curta e histórica!
“Norton faz parte de um momento muito importante na história cultural do país em que o negro é incorporado como bonito. Antes do Norton, você tinha o Nilton Gonçalves e outros, mas sempre retratados dentro do ranço da cultura brasileira, que colocava o negro não só como subalterno, mas como expressão do feio.”
A opinião é do cineasta Joel Zito Araújo, autor do livro e documentário “A negação do Brasil: o negro na telenovela brasileira“.
Nascido em 4 de janeiro de 1962, em Belém do Pará, ele inicia na televisão em 1981 como Afonso na novela “Os Imigrantes”, exibida na Rede Bandeirantes em 1981, ao mesmo tempo que jogava e dava aulas de basquete – o que fez até os 27 anos.
A projeção, entretanto, acontece na Rede Globo, a partir de 1993, ao participar da minissérie “Agosto” e das novelas “Fera Ferida“, escrita por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzson e Ricardo Linhares, e de “A Próxima Vítima“, de 1995, de Silvio de Abreu.
Em “Fera Ferida“, Norton Nascimento interpreta o sensual Wotan, empregado da fogosa Rubra Rosa, vivida por Suzana Vieira, e considerado o primeiro negro sexy symbol da tv brasileira.
Já em “A Próxima Vítima“, vive Sidney Noronha, gerente de banco filho de uma bem-sucedida família de classe média negra, indicando o “despertar” da branquitude para o poder de compra do povo negro.
Começamos a estrelar, inclusive, em comerciais…
E nessa época que despontam as atrizes Taís Araújo, Isabel Fillardis e Camila Pitanga –
aspirante a modelo na mesma “A próxima vítima” – como personagens esteticamente bonitos.
Seus 26 anos de carreira incluem a conquista do prêmio de Melhor Ator Negro de Novela, no 2º Festival Latino-americano de Cine Vídeo e TV, por seu trabalho em “A Padroeira”, em 2001 – novela das 6 da Rede Globo.
Um novo coração
O coração de Norton, entretanto, tinha problemas. E ele precisava de um novo…
Submeteu-se a um transplante em dezembro de 2003 para corrigir um aneurisma de aorta, um problema congênito, depois de ficar mais de 50 dias internado.
E ele precisou de 73 doações, entre sangue, plaquetas e plasma, além de um coração, para manter-se vivo por mais quatro anos.
Recuperado, ele se dedica a atividades em prol de entidades assistenciais, se converte à igreja evangélica Renascer em Cristo, para de fumar e beber e participa de uma campanha do governo federal de doação de órgãos.
Depois, no SBT, participa da que seria a sua última telenovela, “Maria Esperança”.
No dia 21 de dezembro de 2007, em São Paulo, seu coração para de vez – “falência cardíaca por quadro infeccioso pulmonar”.
No cinema, Norton Nascimento pode ser lembrado – ou conhecido – nos filmes “Carlota Joaquina – Princesa do Brasil”, “Drama Urbano”, “Até que a vida nos separa” e “Araguaia, a conspiração do silêncio”.
Casado duas vezes, ele deixa três filhos – Luana, Lucas e Yasmin – e uma multidão de fãs.
Excelente!!! Precisamos dessa enciclopédia de nossas referências e desbravadores!!!