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Áurea Carolina: negra, feminista e a mais votada na Câmara Municipal de Belo Horizonte

Resultado de imagem para aurea carolina siteA cientista política Áurea Carolina de Freitas e Silva, aos 32 anos, assina o pioneirismo da primeira mulher, negra, com maior votação em Belo Horizonte: 17.420 eleitores votaram nela. Apoio histórico!, a maior votação na Câmara Municipal da capital mineira das últimas três eleições.

Com R$ 15.225,72 em despesas contratadas, Áurea Carolina teve mais de 4 mil votos que o segundo colocado nas eleições municipais, o professor Wendel Mesquita (PSB), que teve uma campanha com despesas em torno de R$ 50 mil.

Com o registro nº 50180, pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), e os motes “mulheres no poder” e “nenhum direito a menos”, Áurea Carolina conquistou uma das 41 cadeiras da Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Em seu programa, as promessas de lutar pela aprovação de um plano municipal da juventude, pela ocupação dos espaços públicos, por igualdade racial e pelo “empoderamento das mulheres”.

Entre as suas bandeiras estão a plena efetivação do direito à ocupação do espaço público, o fomento à participação popular na política, e o fortalecimento da luta por direitos de grupos historicamente marginalizados, como as mulheres, as juventudes e as populações negras.

Como compromisso pessoal, Áurea Carolina firmou em cartório o compromisso de doar de 40 a 70% de seu salário de vereadora para os movimentos sociais.  

Trajetória

Nascida em Tucuruí (PA), em 1983, Áurea Carolina cresceu e se formou em BH. Além de cientista social, ela é educadora popular, especialista em Gênero e Igualdade, pela Universidade Autônoma de Barcelona, e mestre em Ciência Política.

Sua trajetória de mobilização social começou nas ruas, em diálogo com o movimento hip hop e com diferentes iniciativas populares de promoção dos direitos humanos.

Áurea esteve à frente da subsecretária de Políticas para as Mulheres de Minas Gerais, no governo de Fernando Pimentel (PT), e é uma das fundadoras do Fórum das Juventudes da Grande BH e do coletivo de ativistas de direitos sociais “Muitas pela Cidade que Queremos”.  

No poder

Com pouco mais de três meses no poder – seu mandato vai de 2017 a 2020 -, a vereadora já iniciou a construção de um projeto dedicado, principalmente, à defesa dos direitos humanos, com destaque para as pautas juvenis, negras e feministas.

Para isso, organizou o que chama de “gabinetona”, espaço dentro da Câmara no qual dois gabinetes foram transformados em um – o dela e o da vereadora Cida Falabella, também eleita pelo PSOL e integrante “Muitas Pela Cidade que Queremos”. Nesse esquema, todas as divisórias, que separavam as equipes dos dois gabinetes, foram retiradas.  

 “A ideia – explicou a vereadora – é que nosso mandato seja em rede, com um espaço de construção permanente. O núcleo de mobilização do gabinete desenvolveu o conceito de “megafonizar” as diversas lutas da cidade, dando voz dentro do Legislativo às demandas que vem das ruas, e de ser um mandato que constrói junto.”

No “gabinetona”, trabalham 32 pessoas, sendo 21 mulheres, 16 pessoas negras e 13 LGBTIQs (a sigla significa Lésbica, Gay, Bissexual, Transgênero, Interssexual e Queer (indefinido, em livre tradução). Das mulheres, 13 são negras e uma indígena.

“Esse mosaico de corpos e lutas foi um desejo, um compromisso e uma construção real”, reafirmam Áurea e Cida.

E não foi só. As duas vereadoras abriram uma chamada pública para contratação de oito assessores parlamentares, registrando outro pioneirismo: é a primeira vez na história da Câmara Municipal que o recrutamento é feito desta forma.

Conforme o edital, ofereceram três vagas para o núcleo de comunicação, um para o jurídico, um para motorista, um para circulação e um para o Projeto de Teatro Legislativo, com carga horária de seis horas/dia e salários entre R$ 3 mil e R$ 3.700 +  vale-refeição de R$ 27,50. As parlamentares buscam assessores que, além da capacidade técnica para exercer as funções, estejam engajados em movimentos sociais. “Temos o desejo de abrigar outras diversidades, como pessoas egressas do sistema prisional, imigrantes, pessoas com deficiência, entre outras”, destacaram em documento.  

Áurea Carolina defende, também, a ideia de uma agenda de atividades abertas com encontros, oficinas de construção de projetos de lei e espaços de formação política.      

Fontes: CMBH, Hoje em Dia-entrevista, Catraca Livre, Hoje em Dia – vereadoras

Escrito em 2017

1 comentário em “Áurea Carolina: negra, feminista e a mais votada na Câmara Municipal de Belo Horizonte”

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