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A cor do jeans e as 1001 utilidades do amendoim

O que jeans e amendoim têm em comum? Seu inventor. Ele não descobriu o amendoim ou o jeans, mas conferiu status ao alimento e deu o índigo blue ao tecido.

George Washington Carver (Imagem: Wikimedia Commons)
George Washington Carver (Imagem: Wikimedia Commons)

Só preto mesmo para transformar comida de porco em 325 produtos, entre tintas, alimentos e cosméticos. E, ainda, salvar a indústria americana em época de escassez de corantes, criando o azul das calças jeans!!!

 O nome da pessoa é George Washington Carver, dr. George Washington Carver, botânico, cientista, agrônomo, pesquisador do Instituto Tuskegee, no Alabama, uma universidade historicamente negra, onde atuou durante toda a sua vida profissional.

 Seu trabalho científico e engenhoso é sinônimo de riqueza, em especial, para a região sul dos Estados Unidos. O seu existir fez bem aos negros. 

Sr. Amendoim

Gênio,  dr. Carver, em 1927, fez imensas melhorias no processo de fabricação de pinturas e colorantes, investigou a terra e desenvolveu 325 produtos derivados do amendoim, entre eles tintas, alimentos e cosméticos. 

No seu laboratório – longe de ser bem equipado -, pesquisou várias plantas e descobriu, também, produtos derivados da batata-doce, noz pecã e outros vegetais – culturas que, como o amendoim,  eram alimentos apenas para os porcos.

Dr. Carver em seu laboratório em Tuskegee em 1938. (Imagem: Arquivos Nacionais / Domínio Público)
Dr. Carver em seu laboratório em Tuskegee em 1938. (Imagem: Arquivos Nacionais / Domínio Público)

Um de seus feitos mais famosos foi produzir o índigo, que dá o tom às calças jeans e que salvou a indústria estadunidense em época de escassez de corantes. 

Dr. Carver inventou café e nitroglicerina usando o amendoim como matéria-prima. E, ainda, a pasta de amendoim. Tudo numa época em que a monocultura do algodão ou do fumo havia empobrecido o solo americano.

O mais popular de seus 44 boletins de práticas para fazendeiros continham 105 receitas usando apenas amendoins. 

Sem ‘defeito de cor’

Espécie de consultor, Dr. Carver fazia conferências para a associação dos agricultores e empresários do amendoim, aconselhando-os sobre o plantio e sobre a produção de derivados desse vegetal e ensinando sobre tudo o que se referia a plantações. 

Suas invenções representavam alternativa de renda para muitas famílias.

Ambientalista,  recebeu diversas honrarias por seu trabalho.

Em uma época de grande polarização racial, sua fama estendeu-se para além da comunidade negra.  Impressionou positivamente o Congresso americano quando foi convidado a dar sua opinião sobre a viabilidade econômica de produzir o amendoim, substituindo as importações. 

George Washington Carver com estudantes no laboratório de química do Tuskegee Institute, 1902. (Imagem: Library of Congress Prints and Photographs Division, Frances Benjamin Johnston
George Washington Carver com estudantes no laboratório de química do Tuskegee Institute, 1902. (Imagem: Library of Congress Prints and Photographs Division, Frances Benjamin Johnston)

Amigo de presidentes dos Estados Unidos, de ministros da agricultura e de empresários brancos como Henry Ford, chegou a ser convidado por Thomas Edison para trabalhar em sua empresa de invenções. 

Em 1941, a revista Time o nomeou ‘Leonardo da Vinci negro’, o artista da Monalisa, considerado o maior gênio da história devido a sua multiplicidade de talentos e  engenhosidade como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico.

O homem sem o trabalho

Carver nasceu na escravidão, em Diamond Grove, no condado de Newton, próximo a Crystal Place, hoje conhecido como Diamond, no Missouri, entre 1864 e 1865, não se sabe ao certo.  Seu dono, Moses Carver, era descendente de alemães imigrantes e havia comprado seus pais por  700 dólares. Carver teve 10 irmãs e um irmão.

Quando tinha apenas uma semana de vida, ele, uma irmã e sua mãe foram sequestrados por pistoleiros. Moses conseguiu recuperá-lo. Depois da abolição, continuou na casa do antigo senhor, aprendeu a ler e a escrever, mas, como negro, não podia  frequentar a escola pública da sua cidade.

George Washington Carver (Imagem: George Washington Carver Collection)
George Washington Carver (Imagem: George Washington Carver Collection)

Aos 13 anos, desejando continuar os estudos, se mudou para a casa de uma família adotiva no Kansas.

Ele nunca se casou. Em sua biografia de 2015, Christina Vella sugere que era bissexual, porém reprimido pelos costumes da época.

Aos 70 anos, o botânico se torna amigo do cientista Austin W. Curtis Jr. – um jovem graduado, que passa a lecionar em Tuskegee – e deixa para ele os direitos de uma biografia autorizada.

Após a morte de Carver em 1943, Curtis é despedido de Tuskegee, muda para o Alabama e, lá,  fabrica e vende produtos de uso pessoal baseados em amendoins.

Em seu túmulo, próximo ao Booker T. Washington, na Universidade Tuskegee, está escrito:

“Ele poderia ter adicionado fortuna à fama, mas não se importando com nada, ele encontrou felicidade e honra em ser útil ao mundo.’’


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Escrito em 13 de outubro de 2021

1 comentário em “A cor do jeans e as 1001 utilidades do amendoim”

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