Sobram títulos para a afro americana: influenciadora de de mulheres, uma das pessoas “mais fascinantes” de 2015 e a melhor em dança nas mídias sociais.
O que este artigo responde: Qual o pioneirismo de Misty Copeland? Misty Copeland é influencer? Qual foi a conquista de Misty Copeland na Ópera de Nova York? Quais foram alguns dos desafios enfrentados por Misty Copeland ao longo de sua carreira? Como Misty Copeland impactou o mundo da dança? Quais os feitos notáveis de Misty Copeland?
Misty Danielle Copeland, em uma apresentação matinal, com ingressos esgotados, realiza seu sonho e interpreta o duplo papel de Odette e Odile, o cisne branco e o cisne negro, do balé dramático do compositor russo Tchaikovsky, O Lago dos Cisnes, pelo American Ballet Theatre (ABT).
O American Ballet Theatre é uma das três principais companhias de balé clássico dos Estados Unidos. Baseada em Nova York, tem três níveis de bailarinos, em escala ascendente: o corpo de baile, solista e principal.
Após dois workshops de verão com a ABT, ela se torna membro da ABT’s Studio Company, em 2000. No ano seguinte, passa a integrar seu corpo de balé. Em 2007, torna-se solista e segue transformando-se, ano a ano, em uma dançarina cada vez mais contemporânea e sofisticada.
Misty Copeland, como é conhecida, em 24 de junho de 2015, chegou ao topo como a primeira mulher afro americana a ocupar o posto de bailarina principal em 75 anos de história da companhia. A estreia acontece na principal ópera de Nova York, o Met, casa do ABT.
(Antes dela, dois homens quebraram a barreira da cor no balé clássico norte-americano: Arthur Mitchell, bailarino principal, em 1956, no New York City Ballet, e Desmond Richardson, em 1997, na ABT.)
Sonhos
Além de interpretar os cisnes em O Lago…, Misty já foi protagonista em Romeu e Julieta. Brilhou na Austrália durante turnê internacional da ABT e em apresentação no Washington Ballet.
A mídia notou Misty pela primeira vez quando ela atraiu uma plateia de duas mil pessoas, por show, enquanto atuava como Clara em O Quebra-Nozes, na San Pedro High School, após apenas oito meses de estudo.
E, ainda, como Kitri, em Don Quixote, no San Pedro Dance Center, e em uma versão afro americana do conto The Chocolate Nutcracker, no Royce Hall da UCLA. O papel de Misty foi modificado especialmente para ela, e incluiu danças étnicas.
Em 2015, ocupa o palco na Broadway em On the Town, excursiona como dançarina de Prince e aparece em reality shows A Day in the Life e So You Think You Can Dance.
Títulos e Prêmios
O impacto de suas ações na vida, em sapatilhas ou não, pode ser medido pelos prêmios que conquista e títulos que acumula:
- 1997 – com 15 anos, ganha o primeiro lugar no Los Angeles Music Center Spotlight Awards no Chandler Pavilion.
- 1997 – é reconhecida pelo Los Angeles Times como a melhor jovem dançarina na área da Grande Los Angeles.
- 1997 – vence o 10º concurso anual entre alunos talentosos do ensino médio no sul da Califórnia.
- 2008 – ganha a Leonore Annenberg Fellowship in the Arts, que financia estudos com professores mestres e treinadores fora da ABT. As bolsas de dois anos são um reconhecimento a “jovens artistas de extraordinário talento com o objetivo de fornecer-lhes recursos adicionais para realizar plenamente seu potencial”.
- 2013 – nomeada Embaixadora Nacional da Juventude do Ano pelo Boys & Girls Clubs of America.
- 2014 – nomeada para o Conselho do Presidente em Fitness, Esportes e Nutrição
- 2014 – recebe doutorado honorário da Universidade de Hartford por suas contribuições ao balé clássico e ajuda para diversificar a arte
- 2014 – homenageada no Dance Magazine Awards..
- 2014 – campanha publicitária focada nas mulheres da Under Armour é reconhecida como um dos 10 melhores anúncios do ano e como “A melhor campanha do ano voltada para mulheres”.
- 2015 – eleita, com foto na capa, uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time.
- 2015 – após sua promoção como bailarina principal, é nomeada uma das Mulheres do Ano da Glamour e uma das 25 atletas e influenciadoras do Impact da ESPN – quer dizer, uma das atletas que causaram o maior impacto para as mulheres nos esportes. E, ainda, uma das 10 pessoas “mais fascinantes”, de Barbara Walters.
- 2016 – prêmio Shorty de Melhor em Dança nas Mídias Sociais.
“Guarda compartilhada”
Misty Danielle Copeland nasceu em Kansas City, Missouri, em 10 de setembro de 1982, mas foi criada na comunidade de San Pedro de Los Angeles, Califórnia.
Seu pai, Doug Copeland, é descendente de alemães e afro americanos. Sua mãe, Sylvia DelaCerna, é de ascendência italiana e afro americana. Ela foi adotada por pais afro americanos, é a caçula de quatro filhos do segundo casamento de sua mãe e tem dois meio-irmãos mais novos, do terceiro e quarto casamentos de sua mãe.
Entre os 2 e 22 anos, não viu seu pai. E a convivência com sua mãe foi dentro do possível. Teve muito lares.
Nunca estudou balé ou ginástica formalmente até a adolescência, mas na juventude gostava de coreografar saltos e movimentos de dança ao som de canções de Mariah Carey.
A bailarina é considerada prodígio, apesar de só ter-se iniciado na dança aos 13 anos, com a ajuda dos Bradleys, a família que compartilhou a sua criação com a mãe.
Para estudar, Misty passava os dias da semana com os Bradleys e os fins de semana com sua mãe. Nos Bradleys, ela ia às aulas de dança e tinha aulas de dança em casa, assistia vídeos, lia livros de balé, frequentava a igreja…
Os tutores e sua mãe acabaram não se entendendo nesta espécie de “guarda compartilhada” e iniciaram uma batalha pela custódia dela, que envolvia pedidos para a sua emancipação e ordens de restrição de sua mãe. Não deu em nada.
Misty saiu das duas casas e começou a estudar com um professor, que era um ex-membro da ABT.
Escrita e filantropia
A sua história, em detalhes, pode ser lida em seu livro de memórias, lançado em 2014, Life in Motion: An Improvable Ballerina, com co-autoria de Charisse Jones.
Misty tem, ainda, um livro de imagens infantis, intitulado Firebird, ilustrado por Christopher Myers, com mensagens de empoderamento para jovens negros, e um guia de saúde e fitness, Ballerina Body.
No documentário A Ballerina’s Tale, Misty faz a narração sobre os desafios de sua carreira.
Para aliviar o impacto da pandemia da Covid -19 no mundo da dança, Misty é co-fundadora da Swans for Relie, que compilou vídeos feitos em maio de 2020 por 32 bailarinas de 14 países, para arrecadação de fundos.
Influencer
A bailarina também é boneca: Misty Copeland Barbie; tem uma linha de roupas de dança, chamada M de Misty, que ela desenhou; endossou produtos e empresas como T-Mobile, Coach, Inc., Dr Pepper, Seiko, The Dannon Company e Under Armour, e produziu calendários de celebridades.
Atua como oradora pública, porta-voz de celebridade e artista de palco.
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Misty e seu marido, o advogado Olu Evans, moram no Upper West Side de Manhattan. Eles se casaram na Califórnia em 31 de julho de 2016.
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P.S. : A quem diga que Misty Copeland não é a primeira solista afro-americana na história, mas a primeira em duas décadas no American Ballet Theatre. Entretanto, pouco se sabe das anteriores, se houveram. De qualquer forma, ela permanece pioneira e, atualmente, única, como denuncia a bailarina Ingrid Silva: .
“A Misty não foi a primeira a ser a principal no ABT, existiu uma outra antes dela, mas foi antes das redes sociais e mal lembramos seu nome. Ela não dançou muito tempo. Mas depois da Misty, em 2015, não teve mais ninguém. Apenas um bailarino negro foi recém-promovido a solista e tem seis bailarinos negros em uma companhia de quase 50 profissionais. Misty Copeland é hoje a única principal, e, mesmo dançando todos os papéis, tem pouco espaço. No New York City Ballet não tem ninguém, apenas uma bailarina no corpo de baile. Isso em Nova York. No Miami City Ballet, na Flórida, não há nenhuma menina negra em destaque e olha que a companhia é cheia de brasileiros”, denuncia outra bailarina pioneira, Ingrid Silva.
Conhecça também a história de Mercedes Baptista, dançarina negra pioneira do balé.
Fontes: Verbete da Wikipédia sobre Misty Copeland, Misty Copeland se torna primeira “cisne” negra do Met de Nova York – Agência EFE
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Escrito em 13 de julho de 2015
Copeland, dentre essa centena de personalidades, foi uma das 6 escolhidas para ser capa da edição que continha a lista mais seleta do mundo.
Misty teme que levem 20 anos para que outra negra ocupe um cargo de tamanho prestígio na dança mundial. Sua preocupação não é tão pessimista. Tem fundamentos. É só pegar como referência o cinema e seu maior prêmio: o Oscar. Halle Berry venceu em 2002. Em seu discurso arrepiante disse que as portas estavam abertas a partir de então para as mulheres de cor. Mas de lá para cá nenhuma outra negra venceu na categoria principal ( Mo'Nique e Lupita Nyong'o foram laureadas como atrizes coadjuvantes).
Um fato me chamou a atenção: tanto no cinema quanto na dança o homem negro alcançou prestígio muito antes que as mulheres negras. Sidney Poitier ganhou o Oscar em 1963 e Arthur Mitchell, como bem lembrando no seu post, chegou ao topo do balé norte-americano em 1956. E já tiveram outros negros a alcançar distinção nessas áreas artísticas: Denzel Washington, Forrest Whitaker e Jamie Foxx na sétima arte, e Desmond Richardson na dança. Com enormes hiatos, realmente. Mas conseguiram aumentar a representatividade negra nesses setores culturais, mesmo que de maneira não tão expressiva.
Espero que a previsão de Copeland não se concretize, e num futuro próximo possamos ver cada vez mais mulheres no topo do mundo!
Obtigado Tania pelo excelente artigo. Abraços.