Nascido em Araraquara, no interior paulista, Adalberto Camargo ficou órfão de mãe aos cinco anos e foi morar com um tio e 19 primos, em uma fazenda em São José do Rio Preto. Todas as manhãs saía para vender leite na cidade, mas seu primeiro negócio próprio, longe da fazenda, foi com a venda de doces. Primeiro na estação de trem, depois para bares. Nas horas vagas, ainda, distribuía panfletos, engraxava sapatos e era ofice-boy. Trabalhou como ajudante de coveiro também.
Aos 15 anos, conheceu o pai. Um ano depois, em 1939, mudou-se para São Paulo. Na Capital, com um curso primário mal feito, conseguiu colocar-se como marceneiro, atendente de armazém, auxiliar de tabelião, vendedor de lingerie e de vaselina.
Depois foi para o ramo de carros. Começou lavando automóveis – para observar como funcionava o negócio de carros usados – e, em seguida, montou sua loja. Deu certo.
Com os lucros, Adalberto Camargo foi para Chicago, nos Estados Unidos, observar especialmente as empresas que alugavam carros, uma prática inexistente no Brasil. E, em 1959, inaugurou a Auto-Drive, a maior frota de carro particular do país, com cem Volkswagen sedan. Passado um tempo, fundou a Táxi Amarelinho, uma das frotas de táxi pioneiras, com 200 automóveis. E a Volks se consolidou no serviço de carro de aluguel.
À frente de seu tempo
A vida política trouxe mais pioneirismos à história de Adalberto Camargo. Ele se elegeu deputado federal dois anos após o golpe de 1964 com um projeto político revolucionário e desafiador para a época: colocar negros na Câmara Municipal de São Paulo, na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, êxito alcançado na totalidade.
No inicio da década de 1970, com seu apoio, Theodosina Ribeiro elegeu-se deputada estadual, tornando-se a primeira negra a alcançar este êxito, e Paulo Rui de Oliveira vereador.
Durante 16 anos, Adalberto Camargo permaneceu como único deputado federal em Brasília a viver a política sob a ótica negra, com apoio da direta à esquerda, haja vista que foi eleito pelo antigo MDB, oposicionista, e também pela Arena, partido da situação.
Suas votações mais expressivas, entretanto, aconteceram nas três vezes em que estava com o MDB paulista: 18 mil votos em 1966; 43mil votos em 1970 e 90 mil votos em 1974.
Brasil-África
Adalberto surgiu para a vida política em pleno regime militar, onde os espaços para o diálogo em qualquer nível eram praticamente inexistentes, e outro de seus feitos foi a aproximação comercial do Brasil com a África.
Em 1973, de forma pioneira, organizou a 1ª Missão Comercial da África, com a participação de 37 empreendedores e cinco funcionários do governo brasileiro.
A África foi o primeiro tópico de seu projeto político. Seguido pela ascensão da mulher negra e a formação da juventude negra, para incentivar a comunidade a participar do setor econômico empresarial, via distribuição de três mil bolsas de estudos.
Fontes: Maurício Pestana, Adalberto Camargo, Portal Afro
escrito em 2 de outubro de 2020
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Adalberto Camargo foi meu tio avo.acho k assim k se diz .não o conheci . Não tive contato mas teria gostado muito de conhecê-lo. Sou neto do tinico irmão de Adalberto
Alessandro, eu conheci o seu tio-avô e a mulher dele. Os dois eram amigos de minhã mãe e eu os chamava de tio Adalberto e tia Esther. Seu tio-avô, inclusive, dançou com minha irmã a valsa no baile das debutantes do Aristocrata Clube. E, para mim, ele conseguiu uma bolsa de estudos parcial quando entrei na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, em 1977. Quando crianças, minha irmã e eu, distribuímos “santinhos” dele e da Theodosina Rosário Ribeiro, nas eleições. Ah e também fui muito amiga do Junior, seu primo-tio. Não conheci o seu avô. Mas adorei compartilhar com você as minhas lembranças do seu familiar. Um abraço
Tania
Muitas saudades! Meu mestre e amigo😥
Alessandro, Eu sou o José Marcos e conheci o seu tio-avô Adalberto Camargo e a sua mulher Esther Lobo de Camargo, que orgulho e saudades destas pessoas impares na minha juventude. Os dois eram amigos de meu pai Mario de Oliveira que era carteiro do lugar que eles moravam no Jardim América (na Rua Padre João Manuel 94..apto..) e durante a primeira eleição para Deputado Federal eu e minha família e inúmeros negros (Laércio e família, Fernando, Elizabeth, irmãs e família, Sonia e família Dra. Iracema, Dr. Raul dos Santos, José Aparecido de Oliveira. dr. Gerson Policarpo, Prof. Hélio dos Santos, Prof. Theodosina Ribeiro e familia, Prof. Paulo Rui e família , a Wanda da Secretária da Saúde e muitos outros que a memória minha me trai pelo esquecimento.Mas a maioria estão mortos. Participei da fundação junto do seu tio, do Aristocrata Clube. E, para mim, ele conseguiu uma bolsa de estudos total na Faculdade de Química, na Universidade de Mogí das Cruzes em 1975. Distribui muitos santinho dele dele e da Profa Theodosina Rosário Ribeiro, nas eleições. Eu também conhecí e tinha amizade Adalberto Junior, seu primo e Assisti a gravidez da Esther sua tia e do nascimento da sua prima Laurister. Conheci o seu avô irmão do Adalberto. Mas gostei compartilhar e contar um pouco da história do seu tio e repartir com você as minhas lembranças deste homem que eu respeitei muito e aceitou ser meu padrinho de casamento e depois que se retirou da vida política fundou a Câmara Brasil-África que existe até hoje só posso afirmar a você que este seu familiar foi um homem muito importante na História deste País e acima de tudo sendo um negro que lutou muito para chegar aonde chegou e só nos dá orgulho. Um abraço José Marcos
Tania