Conhecido como “O Teimoso”, por conta de sua perseverança, este pioneiro nasceu no início do século passado em uma das regiões mais racistas do país.
Filho do estivador Franklin Fortunato Farias e de Maria José Sabina, neto da escravizada Fortunata e do trabalhador de charqueada Barbosa Farias, conhecido entre os amigos como “O Teimoso”, por ser muito perseverante, Veridiano Dias é o primeiro médico negro formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Para pagar os estudos, trabalhou como carroceiro de mudanças e fretes, chofer de carro fúnebre, oficial administrativo, motorneiro de bonde e motorista de ônibus.
Nada foi fácil para ele.
Saga universitária
Veridiano concluiu os estudos secundários aos 36 anos, prestou vestibular para Medicina três ou quatro vezes – segundo seu neto e biógrafo, Eder Luis Farias -, por não conseguir a revisão das avaliações na UFRGS.
Sem abrir mão de seu sonho, foi para o Rio de Janeiro, então capital do país, e prestou vestibular na Faculdade de Medicina Gama Filho. Lá, na primeira tentativa, conquistou o segundo lugar e chegou a fazer algumas disciplinas, vivendo de música.
Em 1946, pediu transferência para Porto Alegre. Transferência que só se efetivou depois que ele apelou ao influente Getúlio Vargas, na época senador gaúcho.
Em carta ao também ex-presidente da República, Veridiano revelou que só prestou vestibular no Rio de Janeiro porque a universidade do Rio Grande do Sul criava obstáculos à sua entrada. E ele queria ficar perto da mulher e dos dois filhos.
Em 15 de dezembro de 1951, aos 45 anos de idade, ele se forma. Não demora, emprega-se como dermatologista no Hospital Colônia Itapuã, um hospital de periferia onde se registravam muitos surtos de lepra.
Médico dedicado, estava prestes a ser promovido a diretor da instituição – faltavam exatos cinco dias -, no trajeto de ida pela estrada Porto Alegre-Itapuã, sente fortes dores no peito, para o carro e cai sobre o volante, vitimado por um ataque cardíaco.
Veridiano Farias, o primeiro médico ne gro formado pela UFRGS e segundo do estado, viveu 46 anos. Nasceu em 18 de fevereiro de 1906 e morreu em 10 de agosto de 1952.
Ele viveu o sonho de ser médico por menos de oito meses.
Multi-instrumentista
Veridiano tocava: piano, violino, violão, bateria e instrumentos de sopro, o que lhe permitiu também trabalhar como músico nas orquestras das rádios Gaúcha, Difusora e Farroupilha e em bailes.
Na época em que trabalhava como motorista de ônibus, tocava trompete na Banda da Carris, de Porto Alegre. E também ministrava aulas particulares de música.
Participava da vida cultural da capita gaúcha. Ele foi um dos fundadores do bloco carnavalesco “Os Prediletos”, era compositor e ensaiador do grupo “Os Imbrutos”. Entre seus amigos, sambistas como Lupicínio Rodrigues – com quem tocou na Orquestra Jazz Paris -, Rubens Santos e Túlio Piva.
O primeiro do estado
Formado pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1922, Luciano Raul Panatieri é, conforme os registros, o primeiro médico negro formado no Rio Grande do Sul. Ele viveu entre os anos de 1897 e 1972, trabalhou em Rio Pardo e na capital gaúcha. O interesse pela literatura o levou ao Grêmio Rio-pardense de Letras
Dr.Veridiano Farias e Dr. Luciano Raul Panatieri são, hoje, nomes de rua em Porto Alegre.
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Com colaboração de Luiz Ricardo Castro
Fontes:
Obrigado Tania por mais esta incrível história de vida e superação, mostrando que o mais importante é lutar pelos nossos ideais. Infelizmente o Dr. Verdiano não pode usufruir e se dedicar de algo que tanto persistiu. Mas seu legado de pioneirismo e a sua trajetória de superação é certamente algo digno de ser lembrado, para nunca esquecermos o que nossos ancestrais passaram e que infelizmente alguns de nós ainda passamos, mesmo que de forma menos nítida.
Gratidão por a cada postagem intensificar minha vontade de fazer a diferença e mostrar o meu potencial. Abraços.
Oi meu avô também foi uns dos primeiros médicos negros de porto Alegre e não acho nada sobre ele gostaria de mais informações,obrigado
Oi o nome dele Diógenes Baptista
Oi o nome dele Diógenes Baptista
Oi meu avô também foi uns dos primeiros médicos negros de porto Alegre e não acho nada sobre ele gostaria de mais informações,obrigado
O que me fez conhecer a história do Doutor Veridiano , foi minha curiosidade de que época se formou o primeiro médico negro brasileiro, por causa da novela da globo orgulho e paixão, uma novela de época do início do século XX , em que , em uma de suas cenas aparece um médico negro, ai a curiosidade . E me deparei com essa história interessante , do Doutor e sua linda caminhada de luta, pena que em tão pouco tempo de sonho realizado, mas tenho absoluta certeza de grande feito para história do Brasil, Obrigada por mostrar o Brasil que pouco conhemos , queria conhecer outras .
Agora somos um site primeirosnegros.com e estamos no Instagram também. Vem com a gente.
Parabéns pelo conteúdo deste blog, fez um ótimo
trabalho!
Gostei muito.
um grande abraço!!!
Obrigada Marcos. Seu comentário nos fortalece na jornada.
Muito obrigado Tânia!!!Sou Eder luis Farias Neto do Dr Veridiano Farias, pesquisei muito, fui até no hospital Itapuã, procurei,por parentes,vizinhos da rua: Alberto Torres,colegas como o falecido Dr Izaque Kelbert,pessoas antigas ligadas ao carnaval,do bloco os Prediletos, a tribo carnavalesca os Kaetes, eu vi outras pessoas, dizendo que NÃO tem nenhuma informação, VÃO no hospital de clínicas, na Santa casa,tem o museu da história da medicina do RS,foi assim que eu consegui escrever a biografia romanceada da VIDA do meu avô,muito obrigado pela homenagem a este grande Guerreiro do século XX,que conheci,num sonho muito lúcido, que cheguei a sentir,o seu cheiro,e o seu batimento cardíaco, no momento que eu abracei e chorei,e ele Disse:Meu neto!Tudo que tu estás escrevendo é verdade, pois estou ao teu lado,quando tu escreves, e tudo está no nosso sangue,eu me emociono, só em lembrar deste momento que tivemos no espaço espiritual.
Muito obrigado!!!
Incrível receber suas palavras Eder. Gratidão imensa.