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Elza Soares,
sagrada e profana

- Elza Soares

Elza Soares (Arte: Candido Vinícius sobre foto de Rodolfo Magalhães)

Primeira pessoa, singular, celebra o seu viver, a sua capacidade de renascer, sua dualidade não dual!

“Meu  nome é Elza da Conceição Soares. Elza Soares.

Nasci no 23 de julho de 1930. Com trinta dias de vida, eu comi o pão que o diabo amassou com os pés…

Sou negra, índia. Sou samba, jazz, blues, funk, rock and roll, bossa, rapper. Sou choro. Sou punk. Sou claro, sou escuro. Sou sagrado, sou profano; bendita, maldita. Sou tudo, sou nada…

Eu descobri que cantava carregando água. Eu pegava a lata com água, botava na cabeça e ao levar a água na cabeça a água fazia um gemido

Lata d'água na cabeça Elza Soares
Arte: Candido Vinícius sobre foto de Leonidas Vidal

Não tinha escolha. Nós duas, eu e a música, acabamos nos encontrando.

A música pode viver sem Elza, lógico. 

Mas eu sem a música não viveria não…

Minha voz, eu uso pra dizer o que se cala

Meu nome é agora. Meu tempo é agora. Depois não sei. Ontem eu já sei, já passou. Então eu sou agora. E meu agora tem de ser forte

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

A carne mais barata do mercado é a carne negra…

E já comecei brigando pelas mulheres, pela minha negritude. 

Acredito muito na mulher brasileira, na mulher do mundo. E acho que é isso que me faz viva. Acreditar no ser humano. Cada porrada que eu levo, cara, é como se fosse um beijo.

Nada mais duro que você perder um filho, né? Eu perdi três! É preciso ter muita garra. É preciso ter muita força para poder ficar de pé.

Elza Soares e Mané Garrincha
Elza Soares recebendo o diploma de Embaixatriz do Samba no Museu da Imagem e do Som, com Garrincha ao fundo (Imagem: Arquivo Nacional)

O Mané (Garrincha) me deu muita melancolia. Era o médico e o monstro. Ao mesmo momento que eu sorria, eu chorava.

E tive momentos dramáticos, drásticos e melancólicos…

Eu sonho muito com o Mané. O maior amor da minha vida foi ele.

Mas eu nunca gostei de ser mulher de fulano… Eu sou eu. Não era preciso ser mulher do Garrincha para ser Elza Soares.”

23/07/1930 – 21/01/2022

Leia mais sobre a história da dona da voz do milênio em Elza Soares, a mulher do milênio e do fim do mundo e Planeta Fome.

Fonte: podcasts Panorama CBN, de 21 de janeiro de 2022 e O Assunto, de 22 de janeiro de 2022, Especial Elza Soares, devido à sua morte em 20 de janeiro do mesmo ano, no Rio de Janeiro, por causas naturais, depois de cantar até o fim, como queria.

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