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Halle Bailey, primeira sereia negra

Protagonizando Ariel, na live action da animação “A Pequena Sereia”, a atriz afro-americana promove a representatividade e muda a perspectiva de muitas crianças desta e de futuras gerações.

Halle Bailey (Imagem: Kevin Winter / Vogue)

Na infância, as meninas são cercadas por contos de fadas e a maioria já sonhou em ser uma princesa, encontrar um príncipe, viver uma grande história de amor, regada de aventuras, morar em um castelo e viver feliz para sempre.

O problema é que não existem princesas negras. Quer dizer, não existiam. O protagonismo negro feminino vem – paulatinamente – ganhando destaque nas produções dos estúdios Walt Disney desde o final dos anos 1990.

Tudo começou com a primeira Cinderela, Brandy Norwood, em 1997. E, passadas praticamente duas décadas, em 2016 foi dado o segundo passo, com o anúncio da produção criativa de A Pequena Sereia.

A escolhida

A internet enlouqueceu. Todos queriam saber qual atriz interpretaria Ariel, a jovem disposta a trocar o reino do mar, seu canto e sua cauda por um par de pernas. Tudo por amor!  

O filme, inspirado no conto escrito por Hans Christian Andersen, autor de histórias infantis do século XIX, tinha como personagem principal uma sereia ruiva, de pele alva. E a atriz anunciada para viver esta história foi um choque!

A escolhida foi a afro-americana Halle Bailey.

Halle Bailey cantana NYX FACE Awards, em Los Angeles, California, em agosto de 2016. (Imagem: Emma McIntyre / Getty Images para NYX Professional Makeup file)
Halle Bailey cantana NYX FACE Awards, em Los Angeles, California, em agosto de 2016. (Imagem: Emma McIntyre / Getty Images para NYX Professional Makeup file)

Parte do público questionou a escalação da atriz negra como protagonista e alegou falta de fidelidade ao enredo. Outros aplaudiram e justificaram: por se tratar de uma personagem mítica, a sereia não precisa ser necessariamente ser vivida por uma atriz branca.

Halle ignorou os comentários.

Quanto à Disney, defendeu seu elenco em uma carta aberta ao público.

O canto da sereia 

A principal característica da “pequena sereia” não é o seu cabelo ruivo ou os olhos azulados, mas a sua voz. E essa foi a particularidade que o diretor do filme Rob Marshal procurou em todas as atrizes que fizeram o teste para o remake da animação. E Halle Bailey tem esse atributo. 

Nascida em 27 de março, dos anos 2000, em Atlanta, Georgia, nos Estados Unidos, Halle Lynn Bailey é a caçula, de três filhos, do casal Courtney e Doug Bailey.

Sua carreira artística começa cedo. Aos 6 anos, ela chama atenção na comédia As Férias da Minha Vida (2006). Depois, atua nas séries Austin & Ally e Grown-ish, e participa do filme Let It Shine (2012).

Mas é como cantora que ela se destaca, no duo Chloe x Halle, com a sua irmã mais velha. Em 2013, as duas fazem covers das músicas de Beyoncé e divulgam no YouTube.

Chloe X Halle (Imagem: Reprodução)
Chloe X Halle (Imagem: Reprodução)

Dois anos depois, a própria Beyoncé convida a dupla para assinar contrato com a sua gravadora, a Columbia Records, e em 2018 é lançado o álbum,  The Kids Are Alright” (As crianças estão certas).

Vai ter sereia preta sim!

Ao ser escalada para ser “A pequena sereia”, Halle comemora em seu Instagram pessoal e publica a imagem mais famosa de Ariel com a pele negra, cabelos escuros e olhos castanhos. 

De lá para cá, muito se tem compartilhado sobre o assunto. É fato que nem sempre de maneira saudável. Este pioneirismo, entretanto, é um convite para ampliarmos o olhar para a cultura em que estamos todos imersos.

Estátua de Iemanjá
Estátua de Iemanjá

Sereias não são seres mitológicos exclusivos de países europeus. Iemanjá, na cultura Iorubá; Kianda, da cultura angolana, e Iara, do nosso folclore indígena, contam de nossa ancestralidade primeira, não branca.

A Cinderela negra

Historicamente, os brancos ocupam um papel de destaque não só no cinema, mas também em outras áreas do entretenimento. Nas primeiras décadas do século XX, não havia negros no cinema americano nem em papéis secundários. Utilizava-se do expediente racista conhecido como blackface – pessoas brancas eram pintadas de preto, como caricaturas.

A primeira vez que meninas negras se viram como princesas foi na adaptação do conto Cinderela, em 1997. Isso, doze anos antes de surgir a Tiana, de A Princesa e o Sapo

Lançado para a televisão, o telefilme tinha no elenco a cantora Whitney Houston, como fada-madrinha – e produtora – e a atriz Whoopi Goldberg como a rainha Constantina, mãe do príncipe encantado, Christopher, o ator filipino Paolo Montalban.

Princesa Tiana (Imagem: Disney)

Para completar a família real, o rei Maximillian foi vivido por Victor Garber e Jason Alexander  assumiu o papel de Lionel, seu leal servo – um elenco multirracial

Detalhe: foi Whitney Houston quem escolheu a cantora e atriz Brandy Norwood para interpretar Cinderela. Inicialmente, o projeto teria a própria Whitney como protagonista, mas os anos se passaram  e ela se sentiu mais adequada para viver a fada madrinha.

E, assim, se passaram 24 anos!!!

Acredita-se que a sereia negra de Halle Bailey chegue em 2022 no Disney+ e, possivelmente, nos cinemas do mundo todo.


Conheça também a história dos Superman negros dos quadrinhos!

Fontes: Omelete, Delirium Nerd, Fala Colega, Wikipedia, Adoro Cinema

(Este texto foi escrito em setembro de 2021.)

1 comentário em “Halle Bailey, primeira sereia negra”

  1. Pingback: Buscar o passado e imaginar o futuro • Primeiros Negros

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