Laélia Contreiras Agra de Alcântara, conhecida como Laélia de Alcântara, foi a primeira negra a ocupar uma cadeira de senadora da República no Congresso Nacional. Ela representava o estado do Acre pelo PMDB.
Mas sua carreira política começa antes do golpe militar no PTB – Partido Trabalhista Brasileiro -, quando foi eleita suplente de deputado federal em 1962.
Depois, com o Ato Institucional nº 2 (AI-2), decretado em 1965 pela Ditadura Militar, Laélia migrou para o MDB – Movimento Democrático Brasileiro, o partido de oposição na época, elegendo-se suplente do senador Adalberto Sena em 1974.
(O AI-2 permitia a fundação de outros partidos políticos, além da Arena, partido da situação. Só que, ao mesmo tempo, estabeleceu como pré-requisitos a exigência de 20 senadores e 120 deputados federais para se fundar um novo partido. Daí existirem na época apenas dois partidos, um da situação e um de oposição.)
Com a volta do pluripartidarismo em 1980, Laélia mudou para o PMDB e, com o afastamento do titular por razões de saúde, assumiu o mandato de 3 de abril a 29 de julho de 1981 e, depois, definitivamente, em janeiro de 1982, devido ao falecimento de Sena.
Ao ser efetivada, Laélia tornou-se a terceira senadora da História do Brasil. Antes dela, Eunice Michilles, do Amazonas, foi a primeira mulher a assumir uma cadeira no Senado, em 1979. Mas nossa primeira senadora, por direito dinástico durante o Império, foi a Princesa Isabel.
Em sua passagem pelo Congresso Nacional, Laélia de Alcântara posicionou-se contra o aborto e contra o racismo. Além disso, apresentou emendas permitindo o ingresso de mulheres na Força Aérea Brasileira.
Candidata à reeleição por uma sublegenda do PMDV em 1982 figurou como primeira suplente de Mário Maia ao fim da apuração.
Izabel Oliveira, leitora do primeirosnegros.blogspot.com.br, conta que quando Laélia Alcântara assumiu o mandato de senadora por 120 dias, uma comissão de negros, formada por diplomatas africanos, americanos e brasileiros, foi recebê-la no aeroporto de Brasília.
A médica
Laélia nasceu em Salvador (BA), em 7 de julho de 1923. Filha de Júlio Martins Agra e de Beatriz Contreiras Agra, formou-se em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 1949.
Seu primeiro desejo era voltar à Bahia para exercer a medicina. Não conseguiu. Foi mandada para o meio da Amazônia, onde atuou durante 50 anos e ficou conhecida como a “mãe dos pobres” por sua presteza e dedicação aos mais carentes.
Laélia morava no Acre, na época, território federal que contava com apenas seis médicos. Lá, seu trabalho tornou-se sinônimo de medicina solidária, a partir da aplicação do conceito de medicina preventiva.
Laélia especializou-se em atendimentos nas áreas de obstetrícia e pediatria, além de lecionar Puericultura, disciplina ligada ao desenvolvimento fisiológico das crianças, na Escola Normal de Rio Branco.
Nossa primeira senadora negra foi também presidente do Conselho Regional de Medicina do Acre, secretária de Saúde entre maio e setembro de 1987 no governo Flaviano Melo, e integrante do Parlamento Latino Americano, onde apresentou diversas proposições para melhorar o antigo Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social.
Laélia parou de atuar na Medicina e na política por razões de saúde e morreu no Rio de Janeiro em 30 de agosto de 205, de falência múltipla dos órgãos.
Fontes: Wikipédia e Izabel Teixeira, leitora do primeirosnegros.blogspot.com.br