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Miguel do Carmo, outro pioneiro da primeira hora do futebol nacional

Você já imaginou como era o futebol brasileiro nos seus primórdios, especialmente para os jogadores negros? Conheça Miguel do Carmo, uma figura emblemática que não só foi um dos fundadores da Ponte Preta, mas também o primeiro negro a jogar futebol por um clube brasileiro. Sua história é um testemunho da luta contra a discriminação racial no esporte, numa época em que até mesmo ter a pele clara não era suficiente para escapar do preconceito. Vamos mergulhar na vida desse pioneiro e entender como ele abriu caminho para futuras gerações no futebol brasileiro.

Rio e São Paulo disputam o pioneirismo da democracia racial no futebol, mas quando o esporte chegou no país, era proibido ter negros em campos e, mesmo se tivessem pele clara, alisavam o cabelo para disfarçar.

Miguel do Carmo
Miguel do Carmo (Imagem original: Wikipédia, a enciclopédia livre.)

O primeiro negro a jogar futebol por um clube brasileiro foi Miguel do Carmo, um dos fundadores da Ponte Preta, time de Campinas, no interior de São Paulo. Essa história de pioneirismo começa em 11 de agosto de 1900.

  • Miguel do Carmo nasceu em 10 de abril de 1885 em Jundiaí, também no interior paulista, três anos antes da abolição oficial da escravatura no Brasil, com a Lei Áurea, em 1888;
  • Aos 15 anos de idade, junto com outros garotos e rapazes do bairro da Ponte Preta, fundou o clube com o mesmo nome.
Selo dos Correios, Miguel do Carmo, Primeiro jogador de futebol negro do Brasil, A. A. Ponte Preta, 1ª Democracia Racial do Futebol no Brasil
Selo Oficial dos Correios, lançado em 2017, em homenagem à A. A. Ponte Preta, 1ª Democracia Racial no Futebol do Brasil. (Imagem: Reprodução/Pelota Racista).

Miguel era ferroviário, trabalhava como segundo fiscal de linha da Companhia Paulista de Estradas de Ferro em Campinas, e seria só mais um dos que se empolgaram com o futebol, esporte que havia chegado recentemente ao país, não fosse pela cor da sua pele.

A situação era impensável naquele fim de século. Os times que jogavam futebol no Brasil eram de clubes da elite branca.

Alguns deles, inclusive, tinham regras que proibiam explicitamente a presença de negros em seus quadrosArthur Friedenreich, um dos maiores atletas da era amadora do futebol, filho de pai alemão e mãe negra, alisava os cabelos crespos antes de entrar em campo.

Miguel do Carmo se casou, teve dez filhos, mas morreu jovem, aos 47 anos, em 1932, depois de passar por uma cirurgia no estômago. Além disso, pouco se sabe a respeito dele.

Ajuste histórico

Até hoje, o Vasco da Gama e o Bangu, times do Rio de Janeiro, disputam o pioneirismo da democracia racial no futebol que, de fato, é da Ponte Preta.

De acordo com o livro “O Negro no Futebol Brasileiro“, do jornalista Mário Filho, publicado em 1947, em 1923, o Vasco chocou o Rio ao vencer Flamengo, Botafogo e Fluminense, clubes da elite carioca, e conquistar o campeonato local com um time formado, principalmente, por negros e mulatos. Mas, antes disso, em 1905, o Bangu foi o primeiro clube a aceitar um jogador negro, o apoiador Francisco Carregal.

Leia o artigo sobre o Francisco Gomes Carregal, a quem não bastava vestir o uniforme do time e calçar chuteiras para entrar em campo. Antes, ele – e outros boleiros negros  contratados depois – tinha de usar touca para esconder o cabelo crespo e se maquiar com pó-de-arroz para clarear a pele e conseguir entrar no clube!

Miguel do Carmo, entretanto, jogou pela Ponte Preta até 1904, quando foi transferido pela Companhia Paulista para Jundiaí, como conta o historiador José Moraes dos Santos Neto, responsável pela pesquisa que pretende realinhar a cronologia da participação de negros no futebol.


Fontes: Folha de S. Paulo, Yahoo, livro “O Negro no Futebol”

Miguel do Carmo: O Pioneiro Negro que Desafiou as Barreiras Raciais no Futebol Brasileiro

Miguel do Carmo, nascido em 1885, três anos antes da Lei Áurea, emergiu como uma figura histórica no futebol brasileiro ao se tornar o primeiro negro a jogar por um clube do país, a Associação Atlética Ponte Preta. Fundador do clube em 1900, sua inclusão no time representou um marco significativo na luta contra a discriminação racial no esporte. Durante uma época em que clubes de elite proibiam explicitamente a presença de negros, Miguel do Carmo desafiou as normas sociais vigentes. Apesar de sua morte prematura aos 47 anos, sua contribuição ao futebol e à inclusão racial permanece um legado valioso, redefinindo a narrativa de democracia racial no esporte brasileiro, historicamente disputada por clubes como Vasco da Gama e Bangu.

Quem foi Miguel do Carmo? Miguel do Carmo foi o primeiro negro a jogar futebol por um clube brasileiro, um dos fundadores da Associação Atlética Ponte Preta.

Qual a importância de Miguel do Carmo para o futebol brasileiro? Sua participação no futebol marca o início da inclusão racial no esporte brasileiro, desafiando as normas discriminatórias da época.

Quando Miguel do Carmo fundou a Ponte Preta? Miguel do Carmo fundou a Ponte Preta em 11 de agosto de 1900, em Campinas, São Paulo.

Como Miguel do Carmo desafiou o racismo no futebol? Ao jogar futebol em um período em que negros eram proibidos de participar de clubes de elite, Miguel do Carmo quebrou barreiras raciais no esporte.

Qual foi o legado de Miguel do Carmo após sua morte? O legado de Miguel do Carmo reside na abertura de caminhos para a inclusão de jogadores negros no futebol brasileiro, inspirando futuras gerações a desafiar o racismo no esporte.

10 comentários em “Miguel do Carmo, outro pioneiro da primeira hora do futebol nacional”

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  2. Um beijo no coração ❤️ Associação Atlética Ponte Preta 🚂🐵🇧🇷⚽ e nação alvinegra campineira!! Fiquem com Deus 🙏 e forte abraço!!
    Parabéns jornalista Tania Regina Pinto pelo belíssimo artigo e/ou matéria!!
    Forte abraço!
    Os filhos de Nicolau 🐵🇧🇷🇦🇹!!

  3. Parabéns jornalista Tania Regina Pinto pelo belíssimo artigo e/ou matéria!!
    Forte abraço!
    Os filhos de Nicolau 🐵🇧🇷🇦🇹!!

    1. O negro Rei da bola reinou pelos gramados da terra a partir de 1957 (em jogos oficiais).
      Hoje, no limiar de 2023, Ele luta pela vida.
      Miguel do Carmo, esteja você onde estiver, receba teu patrício com alegria, pois, você e ele foram Reis, posto ter ele trilhado o caminho por você desbravado nós primórdios do futebol.
      Viva Migué, viva Pelé, viva Jundiaí e Campinas, viva 3 💓❤️❤️ corações e viva Brasil.

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