Ogunhê é o podcast de Ana Carolina da Hora, mais conhecida como Nina da Hora. Ela se autodefine uma hacker antirracista.
“Mas ser hacker antirracista não tem a ver com invadir códigos. Mas questionar o uso de algorítmos, o compartilhamento de dados sem autorização, a ausência de transparência da segurança de dados”, explica.
E mais: Nina estuda para criar algorítmos não construídos com o olhar do homem branco.
Ela é cientista da computação, formada pela PUC-Rio, pesquisadora, desenvolvedora, podcaster, consultora de grandes empresas, como a TikTok, e integrante do time de especialistas que assessorará o Tribunal Superior Eleitoral nas eleições de 2022.
E a lista de definições para Nina da Hora, de 26 anos, não para por aí. Moradora da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, é uma das expoentes do Brasil na discussão sobre racismo algorítmico e privacidade digital.
É… Nina trabalha com reconhecimento das pessoas pela aparência, reconhecimento facial e reconhecimento de imagem… Sabe aqueles testes e jogos que mostram como a gente vai ficar quando envelhecer? Aquele reconhecimento facial do Facebook, que às vezes confunde a gente com outras pessoas? Pois tem tudo a ver com o trabalho dela e com o trabalho da polícia que “empresta” seu racismo na construção dos algoritmos, de modo a eternizar a discriminação da população preta.
Não por acaso, Nina da Hora defende o banimento da tecnologia de reconhecimento facial na segurança pública e discute os dilemas da moderação de conteúdo nas redes sociais em tempos de fake News, para que se tornem menos tóxicas e menos nocivas.
Mas vamos ao seu podcast…
Ogunhê dá visibilidade a cientistas negros africanos para enegrecer a ciência que, todos sabemos, só dá visibilidade a homens brancos.
Ogunhê é a saudação ao orixá Ogum, que nas religiões de matrizes africanas é o orixá da Guerra, Agricultura e tecnologia. Ogum para sobreviver na floresta e nas guerras criava as suas armas (tecnologias) entre outros objetos para gerar mudanças ao seu redor.
Como protetor dos caminhos e das batalhas é o melhor nome para representar este projeto que quer compartilhar e apresentar cientistas africanos e suas contribuições para a sociedade nos dias atuais.
Ogunhê é um podcast sem periodicidade. Vale colocar o sininho para saber quando tem cientista novo na área. E é interessante porque junto com a história rápida do personagem – os episódios duram entre 3 e 10 minutos -, Nina conta de seu país de origem, chama atenção para curiosidades e disponibiliza links para quem quiser pesquisar a respeito.
O projeto do podcast começou quando estava na faculdade e os primeiros episódios ela gravou de dentro do ônibus, no meio do trânsito carioca.
Logo de cara, em 2020, ela conta que só dois países africanos não foram colonizados pelos europeus: Libéria e Etiópia, para nos apresentar o cientista e físico etíope Mulugueta Bekele – que alinou Ciência, Educação e Direitos Humanos tornando-se uma inspiração para o seu país e para o mundo – e a cientista da computação Rediet Abebe, que atua nas áreas de algoritmos e inteligência artificial aplicado à desigualdade econômica e saúde pública.
Do Quênia, ela fala de Rose Mutiso, cofundadora e ceo do Instituto Mawazo, que apoia a próxima geração de acadêmicas e líderes do pensamento na África Oriental.
A matemática Grace Alele-Williams, da Nigéria, que lutou e luta pela educação matemática na África e pela igualdade de gênerp nas ciências exatas é outra estrela que brilha no podcast.
A neurocientista Nathasia Muwanigwa, do Zimbábue, celebrada por Nina da Hora, no momento ajuda cientistas, engenheiros e matemáticos de todo continente africano a dar-lhes visibilidade e inspirar as gerações futuras.
Ogunhê também traz uma série de episódios especiais em que o foco são as áreas de Robôtica, Educação, Ciência de Dados, Informação, Juventude, Covid-19.
Cada episódio é uma surpresa.
#votepreto
Nina da Hora tem tudo a ver com as Eleições 2022 – ela integra o conselho do Tribunal Superior Eleitoral – e diz que temos que começar agora a pensar no nosso voto e não ficar parados esperando outubro de 2022 chegar:
“Cenário digital para eleições precisa mudar já”.
E esta questão não é de mão única, o cidadão, o eleitor, precisa educar-se.
Vale ouvir o podcast do Malu tá on: Nina da Hora: Cenário digital para as eleições precisa mudar já
No spotify, também, na busca ‘nina da hora, entrevista’, aparecem várias entrevistas com a hacker.
#mentesnegrasbrilhantes