Nascida em 1810 e falecida em 1895, viveu uma vida de devoção e serviço. Sua história é um testemunho de fé, caridade e amor incondicional, inspirando gerações a seguir seu exemplo de bondade e compaixão.
O que este artigo responde: Quem foi Nhá Chica? Como Nhá Chica foi reconhecida pela Igreja Católica? Qual milagre levou à beatificação de Nhá Chica? Onde Nhá Chica viveu e realizou seu trabalho? O que é o Instituto Nhá Chica?
Mais de um século depois de sua morte, no dia 4 de maio de 2013, foi lida a carta apostólica, um decreto assinado pelo papa Francisco, que declarou Nhá Chica beata e 14 de junho o seu dia.
Em 1991, Nhá Chica recebeu o título de “serva de Deus” da Congregação das Causas dos Santos do Vaticano. Em 2011, foi reconhecida como “venerável”. A beatificação é o passo que antecede a canonização (inscrição no rol dos santos).
A beatificação veio com o reconhecimento de um milagre atribuído a Nhá Chica pelo papa Bento 16, que foi a cura, há 18 anos, da doença cardíaca congênita da devota Ana Lúcia Meirelles Leite, de 67 anos. Para a medicina, tal doença só poderia ser curada com cirurgia.
Uma comissão de sete médicos do Vaticano, em outubro de 2011, reconheceu, por unanimidade, que a cura da devota não tem explicação científica.
A cerimônia de beatificação de Nhá Chica, nascida Francisca de Paula de Jesus, aconteceu em Baependi, no sul de Minas Gerais, durante missa com a participação do cardeal Angelo Amato, representante do papa Francisco.
Sua história
Nhá Chica nasceu mineira, em Santo Antônio do Rio das Mortes, distrito de São João del-Rei, em 1810, filha de uma ex-escravizada. Mudou-se para Baependi quando pequena e, aos 10 anos, perdeu a mãe. Cresceu com o irmão, Teotônio, dois anos mais velho.
Órfãos, sozinhos no mundo, Francisca e Teotônio contavam com a proteção de Nossa Senhora da Conceição, de quem a mãe já guardava uma imagem. Francisca não fazia nada sem, antes, consultar a santa.
Assim, nunca se casou. Na verdade, rejeitou com liberdade todas as propostas de casamento que apareceram.
Sua vida era atender a todos os que a procuravam buscando uma palavra de conforto, um conselho, uma promessa de oração e até sugestões para pessoas que tinham negócios. Muitos, inclusive, não tomavam decisões sem primeiro consultá-la.
Não à toa, seu irmão também enriqueceu. Mas quando ele morreu, Nhá Chica, sua herdeira, distribuiu parte do seu dinheiro e, com a outra parte, construiu, ao lado de sua casa, uma Igrejinha, onde colocou a imagem de Nossa Senhora, que era de sua mãe.
Santa natural
Sua fama de santidade se espalhou de tal modo que pessoas de muito longe a procuravam em Baependi para conhecê-la, falar de suas dores e necessidades.
A todos, ela atendia com paciência e dedicação, à exceção das sextas-feiras, dia em que lavava as próprias roupas e se dedicava mais à oração, à penitência e à reflexão sobre as escrituras – Nhá Chica era analfabeta, mas alguém sempre lia as escrituras para ela.
Em 1954, sua igrejinha foi confiada à Congregação das Irmãs Franciscanas do Senhor.
Hoje, é o “Santuário Nossa Senhora da Conceição” e acolhe peregrinos de todo o Brasil e de diversas partes do mundo.
No “Registro de Graças do Santuário”, podem ser lidas em torno de 20 mil graças alcançadas por intercessão de Nhá Chica.
Ao lado da igrejinha, em nome de Nhá Chica, desde os anos 1950, é mantida por benfeitores uma obra de assistência social para mais de 150 crianças necessitadas, o INC – Instituto Nhá Chica.
Perfume de rosas
Nhá Chica morreu no dia 14 de junho de 1895, aos com 87 anos, mas foi sepultada somente no dia 18, no interior da sua igrejinha.
As pessoas que ali estiveram contam do exalar de um misterioso perfume de rosas de seu corpo durante os quatro dias de seu velório. Perfume novamente sentido no dia 18 de junho de 1998, 103 anos depois de sua morte, por autoridades eclesiásticas e membros do Tribunal Eclesiástico pela Causa de Beatificação de Nhá Chica. E também por pedreiros, quando da exumação do seu corpo.
Para que Nhá Chica seja considerada santa, é preciso que se comprove mais um de seus milagres.
- Leia também as histórias de Ifigenia da Etiópia, a primeira africana tornada santa pelo povo antes de existir a Igreja Católica, e de Josephina Bakhita, a primeira santa africana canonizada.
Fontes: Folha de S. Paulo, Nha Chica
Escrito em 31 de maio de 2021