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Toni Morrison, primeira Nobel de Literatura

“Escrever é realmente uma forma de pensar – e não apenas sobre sentimentos, mas também sobre coisas que são díspares, não resolvidas, misteriosas, problemáticas, ou apenas doces.”

Ela é a primeira escritora negra a receber o cobiçado Prêmio Nobel de Literatura.  Conquista admirável – apenas 13 mulheres conquistaram o prêmio sueco, entre 1901 e 2013.

Toni Morrison é o nome literário de Chloe Anthony Wofford, que nasceu em 18 de fevereiro de 1931, em Lorain, Ohio, nos Estados Unidos. Segunda de quatro filhos do soldador George Wofford e da doméstica Ramá, aprendeu com os pais o amor pela leitura, pela música e pelo folclore. 

Em casa, seu pai contava muitas histórias sobre a comunidade negra dos Estados Unidos o que marcou profundamente sua infância e, posteriormente, influenciou sua carreira literária.

Toni começa a escrever quando participa de um grupo informal na Universidade de Howard, onde poetas e escritores se encontravam para discutir seus trabalhos. A primeira história que apresenta fala de uma garota negra que sonha em ter olhos azuis – conto que foi desenvolvido e deu origem ao seu romance de estreia, O Olho Mais Azul, em 1970, que embute uma critica aos padrões de beleza disseminados pelos sucessos de Hollywood na década de 1940.

Amada

Seu livro mais festejado, entretanto, é Amada, de 1987, baseado na história real de uma escrava fugitiva que, ao se ver perto da recaptura, mata sua filha pequena para poupá-la de uma vida de escravidão. A trama ganha uma adaptação cinematográfica Bem Amada, lançada, em 1998, estrelada por Oprah Winfrey.

Amada consolida o reconhecimento ao trabalho de Toni Morrison que recebe o National Book Award, o National Book Critics Circle Award, o Prêmio Pulitzer de ficção, em 1988, e é eleito em 2006, pelo New York Times, o livro de ficção mais importante dos últimos 25 anos nos Estados Unidos.

Sobre Amada, ainda, destaque-se que ele é o primeiro romance de uma trilogia que inclui Jazz, de 1992, que conta uma história de violência e paixão ambientada no Harlem, bairro negro de Nova Iorque, nos anos de 1920, e Paraíso , escrito em 1998,  que se passa em uma cidade fictícia habitada apenas por negros, em Oklahoma, que se desestabiliza com a chegada de uma branca.  

Do currículo de Toni constam ainda quase todos os prêmios literários possíveis, incluindo títulos honoríficos. Seus livros escancaram as cicatrizes deixadas pela escravização e a discriminação racial nos Estados Unidos e são conhecidos por trazer à luz, em especial, experiências de mulheres negras afro americanas, a partir de personagens ricamente detalhados.

Racismo e carreira

A autora, entretanto, só toma consciência dos problemas raciais em seu país na adolescência. Isso porque  vivia em um bairro integrado, como contou, certa vez, em entrevista ao The New York Times:

“Quando estava na primeira série, ninguém pensava que eu era inferior, que eu era a única negra na classe e a única criança que sabia ler” .

Em 1949, Toni ingressa na Universidade de Howard onde cursa Filologia – o estudo da linguagem, formando-se em 1953. Em seguida, na Universidade de Cornell, em Nova Iorque,  conclui seu mestrado em Filologia Inglesa, em 1955, e parte para o doutorado, se debruçando sobre as obras de Virginia Woolf e William Faulkner, sem levar em conta a posição racista do escritor sulista.

Como professora universitária, leciona Literatura Inglesa na Universidade do Sul do Texas, em Houston, na Universidade Howard, na Universidade de Nova Iorque e na Universidade de Princeton, onde se aposenta em 2006.

Mesmo famosa, Toni Morrison ainda sentia o racismo e diz:

“Racismo é um vírus cuja doença provocada não tem cura. E os portadores dessa doença diminuem e crescem de acordo com a política e o lucro”.

Vida em família

Toni se casa em 1958 com Harold Morrison, arquiteto jamaicano, que também lecionava em Howard. O casal tem dois filhos. Em 1964, eles se divorciam e Toni vai morar na cidade de Syracuse no estado de Nova Iorque e se torna editora .

À frente da Randon House, uma das principais editoras de livros em língua inglesa do mundo, ela publica pensadores e autores afro-americanos, entre eles Angela Davis, Henry Dumas, Gayl Jones e o pugilista Muhammad Ali.

A escritora  é  a “Voz” de uma já longa tradição literária que tem as suas raízes na tradição oral e nos cultos trazidos da África, o que passa pela prática evangelista e consequente leitura e interpretação da Bíblia.

Em 2010, ela é nomeada Oficial da Legião de Honra Francesa; em 2012 recebe a Medalha Presidencial da Liberdade dos Estados Unidos.

Toni Morrison vive até 5 de agosto de 2019, deixa de herança, além de seus romances mais conhecidos, peças, ensaios, um libreto de ópera e livros para crianças que escreveu em parceria com seu filho mais novo, Slade Morrison, que trabalhava como pintor e músico – entre eles Remember, que narra as dificuldades dos alunos negros durante a integração do sistema público escolar americano, Who’s Got Game? e Please, Louise”.

No ano de sua morte, foi lançado Toni Morrison: The Pieces I Am, um documentário sobre sua vida e carreira.

Fonte: EBiografia, Hoje em Dia, Abril, Companhia das Letras, Folha Online, Wikipédia

Escrito em 1 de setembro de 2014. Atualizado em 13 de agosto de 2024.

2 comentários em “Toni Morrison, primeira Nobel de Literatura”

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