Sementes de Marielle: mulheres pretas no poder
- Tania Regina Pinto
Documentário “Sementes: Mulheres pretas no poder” (Foto: Divulgação)
Sementes: mulheres pretas no poder
14 de março de 2018, por volta de 21h30 – Marielle Francisco da Silva, conhecida como Marielle Franco, socióloga, a quinta vereadora mais votada da cidade do Rio de Janeiro nas eleições de 2016 pelo Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, de 38 anos, é assassinada, dentro de seu carro, no bairro do Estácio, com quatro tiros no rosto.
Em resposta à execução de Marielle, as eleições de 2018 se transformaram no maior levante político conduzido por mulheres negras que o Brasil já viu, com candidaturas em todos os estados.
Deste movimento nasce o filme-documentário “Sementes: mulheres pretas no poder”, inaugurando uma nova forma de se fazer política no Brasil, transformando o luto em luta.
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Nem todas foram eleitas, mas a votação de mulheres negras foi expressiva não só de deputadas estaduais para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro como em outros parlamentos, chegando em Brasília.
Vale assistir. É inspirador para todas as candidaturas, para eleitoras e quem mais quiser engrossar fileiras na luta para elegermos quem nos represente.
Sempre inovamos
Lélia Gonzalez, uma das primeiras, entre os membros da Comissão Executiva Nacional do Movimento Negro Unificado, a candidatar-se a um cargo eletivo, concorrendo à deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio de Janeiro, em 1982, em suas caminhadas no processo eleitoral, distribuía flores amarelas em homenagem a Oxum. Em vez de falar, ela cantava.
Mônica Francisco, cientista social, pastora, feminista, militante dos direitos humanos, comunicadora popular, eleita para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que foi assessora de Marielle Franco, na sua jornada pela busca do voto, evocava a ancestralidade nas receitas de suas comidas diretamente de sua cozinha.
Renata Souza, jornalista, feminista, ativista dos direitos humanos eleita deputada estadual, primeira mulher negra presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legistativa do Rio de Janeiro, como Marielle, elegeu o funk como jingle e ritmo para comandar sua campanha.
Talíria Petrone, professora, ativista, vereadora mais votada de Niterói, no dia da sua posse como deputada federal, em 2018, se vestiu em cores, questionando o figurino da instituição.
Dani Monteiro, também ex-assessoria de Marielle, além das vestimentas, ostentou cabelos coloridos na sua posse como deputada estadual do Rio.
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Todas lançaram mão de rodas de conversa, papos de esquina, nos pontos de ônibus para celebrar a presença negra feminina no processo eleitoral, escancarar nossa alegria guerreira, a garra, a potencialidade e a importância de todo povo dizer presente nas eleições por meio do voto.
Além das urnas
Que não se pense, entretanto, que tudo se resume a eleições. Atitude pós eleitoral importa. Não existe nem nova nem velha política. É preciso dar suporte a cada candidata eleita, mantê-la vinculada às questões que a elegeram.
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Com o avanço do conservadorismo, do ódio às mulheres, à população negra, quilombola, ribeirinha, indígena e LGBTI, “Sementes: mulheres pretas no poder” aponta uma resposta para o futuro que necessitamos construir.
Busque candidaturas, desde sempre, comprometidas com as nossas questões. Fuja de ativistas de última hora. E vote negro, vote negra, vote negre.
Ainda não sabemos quem mandou matar Marielle Franco.
Quanto ao filme, dirigido pelas cineastas Éthel Oliveira e Júlia Mariano, com o percurso no processo eleitoral de Mônica Francisco, Rose Cipriano, Renata Souza, Jaqueline de Jesus, Tainá de Paula e Talíria Petrone, está na plataforma Globoplay.
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