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O desafio de existir

Setembro é o mês do primeirosnegros.com – completamos três anos no ar como site! Por isso, masculinidades negras, aniversário, educação afrocêntrica, vida e morte são os temas.

Luiz Gama, Milton Santos, Abdias do Nascimento
Luiz Gama, Milton Santos e Abdias do Nascimento (Candido Vinícius sobre foto de reprodução)

E celebramos uma jornada individual, familiar, de permanência viva do nosso projeto Sankofa – passado, presente e futuro no hoje. Como acervo ancestral, existimos há três anos. Mas tudo começou em 2011, com o Primeiros Negros no blogspot (também chamado de blogger).

Como nos ”presentear” pela resistência? Consideramos ideal investir, ainda mais, na re-existência. Nesta direção, ampliamos nosso projeto PN Educação com propostas de conteúdo para Educação Infantil, contemplando o conceito filosófico de educação afrocêntrica, do professor Molefi Kete Asante, em texto assinado por Ana Cristina Fonseca, quilombola e acadêmica de Pedagogia e Direito. 

Tudo a ver com o mês dos Ibejis, das nossas pretas crianças e o desafio diário de elas resistirem e re-existirem em uma sociedade que não aprendeu o que é respeito, ainda. Nossas crianças também têm desejo de morte – outro assunto dolorido e que costuma ser trabalhado nesta época do ano..

Ibeji
Ibejis (Imagem: Ubi Maya/Pinterest)

Setembro é amarelo e preto: somos nós que mais colocamos nossas vidas em risco por meio do suicídio para matar a dor da própria existência em um território em que nos escravizaram, desumanizaram, confundiram, roubaram e violaram dos modo mais cruéis. E ainda desumanizam, confundem, roubam, violam… 

Mas somos corpos-territórios, como ensina a mestra Sonia Abike Ribeiro, porque arrancados de ÁfriKa, contemos em nossos corpos todo um continente. Somos  pretos de AfriKa em dispersão, porque não chegamos aqui com nossas famílias e riquezas materiais, mas sem roupa, nome ou direito à fala.Não chegamos como um povo, fomos desumanizados e traficados, como coisas não-humanas. 

E escrevemos ÁfriKa com K para ecoar a proposta do filósofo Jayro Pereira de Jesus porque não existe a letra C nas línguas afrikanas. A letra K foi estrategicamente modificada como mais uma imposição da dominação colonial, trocando os nomes dos reinos como de Kongo, para “Congo”, Kilombo para “quilombo”, Kamundongo, para “camundongo”…

Esta é uma edição ampliada, que imerge em várias direções, o tema principal, entretanto, é NASCER BIOLOGICAMENTE HOMEM PRETO. Nascer com pênis em uma sociedade que baseia o seu existir na “masculinidade falocêntrica e patriarcal, propagada pela sociedade capitalista imperialista supremacista branca”, como escreve a ativista intelectual bell hooks no livro “A gente é da hora – homens negros e masculinidade”, que se faz presente em um dos nossos artigos na coluna Sem Mordaça.

É leitura a perder de vista. 

Parabéns pra nós.

Tania Regina e Pedro Otavio Adalu

Acesse a edição “PRETOS do Brasil”.

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