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LINHA DO TEMPO

Bahia: Linha do tempo na luta por liberdade

Linha do tempo da luta por liberdade na Bahia (Imagem: Primeiros Negros | Reprodução)

Durante o passeio guiado ou em um simples caminhar pelas ruas o encontro com a nossa história. A Bahia é a região onde ocorreu o maior número de revoltas, entretanto – 30 ao todo, só na primeira metade do século XIX. E a lógica para compreender este fato é simples: quanto mais escravizados africanos presentes em uma região, maiores as chances de rebeliões.

O que este artigo responde:
Quantas revoltas de escravizados ocorreram na Bahia?
Quais os povos africanos trazidos ao Brasil mais se rebelavam?
Todas as rebeliões ocorridas na Bahia eram por liberdade?
Como eram as rebeliões negras?
Quais as punições para os rebelados?
Qual o tamanho da população branca na Bahia na época das rebeliões?

1807- 1823

Maio de 1807

Em Salvador e no Recôncavo baiano escravizados organizam um levante para o dia de Corpus Christi. Objetivo? Atacar igrejas católicas, queimar imagens de santos e promover a ascensão de um líder muçulmano ao poder. A conspiração foi descoberta devido à delação de um escravizado fiel ao seu senhor.

Janeiro de 1809

No dia 6, registra-se uma fuga em massa de escravizados hauçás da capital e de Nazaré das Farinhas, no Recôncavo. Mais de 100 rebeldes foram presos e a repressão resultou em dezenas de mortos e feridos. Os haussás eram povos africanos consideravelmente islamizados que habitavam a região do interior do Golfo do Benim, no norte da atual Nigéria, pioneiros nas revoltas escravas baianas. 

Revolta de Escravizados (Imagem: Reprodução)

Fevereiro de 1813

Outra insurreição escrava. Segundo Nina Rodrigues, todos os negros hauçás de armações de Manuel Inácio Cunha de Menezes, de João Vaz de Carvalho e de outros fazendeiros vizinhos (mais de 600 pessoas) se armaram, assaltaram, incendiaram casas, feriram e mataram brancos.

Fevereiro de 1814

Era dia 28 e sob o comando de João Malomi, líder religioso muçulmano, a partir de um quilombo situado nas bordas de Salvador, quilombolas e escravizados das armações de pesca, perto de Itapuã, atacam a Vila de Itapoá, marcham em direção ao Recôncavo e incendeiam mais de uma centena de engenhos, plantações e casas. Acabam reprimidos e alguns são executados.

Fevereiro de 1816

Mais uma revolta fecha o ciclo de rebeliões haussá. Escravizados de Salvador e do Recôncavo, dos engenhos de Santo Amaro e São Francisco do Conde, incendiaram fazendas de cana e casas da região.

Maio de 1822

Cerca de 250 escravizados do engenho Boa Vista promovem levante em Itaparica.

Levante de Escravizados (Imagem: Reprodução)

Novembro de 1822

Batalha do Pirajá no dia 8, episódio que integra a série de conflitos da Independência do Brasil.

Dezembro de 1822

Escravizados atacam tropas brasileiras estacionadas na Mata Escura e Saboeiro, na Freguesia de Pirajá e cerca de 50 deles são fuzilados pelo general Pierre Labatut, que havia participado da Batalha de Pirajá.

Julho de 1823

No dia 2, tropas brasileiras derrotam o comandante português Inácio Luis Madeira de Melo, concluindo uma luta duradoura que inseriu a Província da Bahia na unidade nacional brasileira, consolidando a Independência do Brasil. A data é comemorada como dia da Independência da Bahia.

1823 - 1830

Várias insurreições protagonizadas por escravizados nagôs são registradas. Os nagôs falam iorubá, são oriundos do sudoeste da Nigéria, do Benin e do Togo. Chegam em número significativo a partir de 1815. Os cativos nascidos no Brasil e os libertos (“crioulos”, “mulatos” ou pardos) nem sempre se envolviam na luta.

Dezembro de 1826

Nagôs do quilombo do Urubu, no Cabula, organizam um ataque a Salvador. Uma das lideranças é Zeferina, chefe desse quilombo marcado por sua forte ligação com o candomblé que era, por isso, alvo constante de perseguição religiosa.

Abril de 1827

Insurreição de escravizados, em grande parte muçulmanos, do engenho da Vitória, no Recôncavo, provoca um levante que só pode ser reprimido após uma luta de dois dias.

1828

Escravizados atacam as armações em Itapuã e se revoltam nos engenhos de Iguape, deixando mais de 40 rebeldes mortos.

1830

Nagôs atacam armazéns de escravizados novos no Taboão e matam cerca de 50 rebeldes.

1831 -1840

O movimento conhecido como Mata-Maroto é a expressão máxima do antilusitanismo que se difundiu na Bahia no contexto pós-independência e ganhou força em Salvador e em algumas vilas do Recôncavo e do sertão da Bahia durante o período regencial. Mata-Maroto exprime o desejo de matar os portugueses interessados na restauração da colônia.

1832

Federação do Guanais, revolução nativista, de cunho separatista republicano, iniciada nas vilas de São Felix e Cachoeira. Liderada por Bernardo Miguel Guanais Mineiro, que chegou a estabelecer um governo provisório.

Janeiro de 1835

Na madrugada do dia 25, cerca de 600 escravizados e libertos, em sua maioria muçulmanos, são mobilizados e marcham pelas ruas da cidade de Salvador convocando outros escravizados a se rebelarem. Os malês, como eram chamados, organizam a revolta para o final do mês sagrado do Ramadã, durante a festa do Lailat al-Qadr, a Noite da Glória. O levante fracassa e os rebeldes são severamente punidos. Cerca de 70 deles morrem e mais de 500 vão para prisão, sofrem açoites ou são deportados para a África. A Revolta dos Malês é o levante urbano mais importante das Américas no século XIX. Naquela época, a capital possuía apenas 22% de sua população formada por brancos livres.

Revolta dos Malês (Imagem: Strike Games)
Revolta dos Malês (Imagem: Strike Games)

1837-1838

Revolta da Sabinada, levante armado que reivindicava maior autonomia política e administrativa da Província da Bahia à época do Brasil Imperial e o não recrutamento obrigatório dos baianos para a guerra dos farrapos no Rio Grande do Sul. Aconteceu de 6 de novembro de 1837 a 16 de março de 1838. Seus líderes foram o médico e jornalista republicano Francisco Sabino e o advogado João Carneiro da Silva.

A Sabinada não tinha entre seus objetivos a abolição da escravidão, mas os revoltosos prometeram a liberdade aos escravizados que pegassem em armas – os que não aderissem continuariam cativos.

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Fontes: Exposição “Um Defeito de Cor”, janeiro de 2024 – Salvador (Ba); Mundo Educação, Wikipédia

Escrito em maio de 2024

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