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Edward Enninful, primeiro editor-chefe negro da Vogue britânica

A revista de moda, de 1916, passado um século, entrega nas mãos de um homem negro, pela primeira vez na história, o comando da publicação. E o africano, nascido em Gana, muda a história “enegrecendo” as edições…

Vogue britânica sempre teve mulheres brancas no comando: Elspeth Champcommunal (1916-1922), Dorothy Todd (1922-1926), Alison Settle (1926-1934), Elizabeth Penrose (1935-1939), Audrey Withers (1940-1960), Alisa Garland (1960-1964), Beatrix Miller (1964-1984), Anna Wintour (1985-1987), Elizabeth Tilberis (1988-1992) e Alexandra Shulman (1992-2017). E a Vogue americana, original entre as revistas da marca, nunca teve um homem como editor.

O estilista Edward Enninful, de 45 anos, quebra estas barreiras. Até a mudança, o pioneiro era diretor criativo e de moda na revista W, outra publicação sobre moda e estilo que pertence ao mesmo grupo.

A confirmação de Enninful como novo editor-chefe da Vogue britânica acontece em 10 de abril de 2017. Na oportunidade, o presidente-executivo da Condé Nast International, Jonathan Newhouse, chama Enninful de “figura influente nas comunidades de moda, Hollywood e música que moldam” e que “em virtude de seu talento e experiência”, o estilista está “supremamente preparado para assumir a responsabilidade”.

O jornal inglês The Guardian escreve: “A nomeação de Edward Enninful como o novo editor da Vogue britânica marca uma grande mudança na moda – um homem negro ao leme da revista de moda mais estabelecida na Grã-Bretanha é excitante, mas não apenas por causa da raça e sexo de Enninful. O estilista tem uma história de fazer imagens bonitas, oportunas – e às vezes controversas. Ele tem a reputação de sacudir os principais títulos de moda (…) é um marco histórico na história cultural recente”.  

Pequena história

Edward Kobina Enninful OBE é de 22 de fevereiro de 1972 em Gana, no continente africano. Em 1985, após um golpe de estado que depôs o presidente Ignatius Kutu Acheampong, a família de Enninful – os pais, mais cinco irmãos – emigra para a Inglaterra. Sua mãe trabalha como costureira e o inspira com as cores e os tecidos com padrões vívidos que usava ao criar roupas para seus amigos britânicos-ganenses.

Aos 16 anos, Enninful é visto no trem pelo editor e estilista britânico Simon Foxton, que o aborda e diz que ele deveria virar modelo. E assim acontece.

“Eu não fazia ideia de quem era Simon Foxton”, declara em entrevista à revista Telegraph. “Cerca de duas semanas depois, eu fui parado novamente, desta vez por uma escoteira modelo. Quando disse que já tinha sido abordado por Simon Foxton, ela falou que ele era incrível e, semanas depois, eu constatava isso.”

Sua carreira de modelo é rápida. Aos 17 anos de idade, apresentado a Trish e Terry Jones, da revista i-D, logo começa a ajudar a diretora de moda Beth Summers. E, aos 18 anos, torna-se o mais jovem diretor de moda de uma publicação internacional, a i-D – Ele foi nomeado diretor de moda da revista de moda britânica i-D[2] aos 18 anos, cargo que ocupa por mais de duas décadas.

Em 1998, Enninful passa a colaborar com a Vogue italiana; em 2005, com a Vogue americana, e, em 2017, é nomeado editor-chefe da Vogue britânica em 2017, trabalho que realiza até 2023.

Um tempinho depois, em 2024, Edward Enninful assume um cargo consultivo na editora da Vogue, a Condé Nast, o que lhe permite “ter liberdade para assumir projetos criativos mais amplos”.

All Black

Como editor de moda da Vogue italiana, Enninful supervisiona a edição “all-black” (edição negra) em 2008, que se transforma em best-seller da revista, com 40.000 cópias. No Reino Unido e nos EUA, a edição se esgota em 72 horas.

A edição exibe apenas modelos negros, celebra negros de destaque nas artes, na política e no entretenimento e tem quatro capas diferentes: com as modelos Naomi Campbell e Jourdan Dunn, ambas do Reino Unido; Liya Kebede, da Etiópia, e Sessilee Lopez, dos Estados Unidos.

Vida pessoal

Em 22 de fevereiro de 2022, seu 50º aniversário, Enninful se casa com seu parceiro de longa data Alec Maxwell. E, em setembro do mesmo ano, publica seu livro de memórias, A Visible Man (Um homem visível).

Com 288 páginas, A Visible Man revela a jornada de um refugiado negro, gay e da classe trabalhadora em uma das indústrias mais exclusivas do mundo, onde poucos queriam confrontar a sua desconexão com a sociedade – uma história que ele muda rapidamente.

Defensor da inclusão, abre espaço para que socorristas, octogenários e ativistas dos direitos civis “invadam” as capas da revista, na mesma medida em que designers e fotógrafos negro ocupem a redação.

Visionário, muda a indústria e como entendemos a beleza…

E que venham muitos outros.

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Fontes: BBC, Terra, Wikipédia

Escrito em 15 de maio de 2017. Atualizado em 18 de janeiro de 2025

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