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Ifigênia da Etiópia, primeira santa africana

Santificada pela religiosidade popular no século I, sobreviveu a uma fogueira, em formato de trono, onde seria queimada viva.

Etiópia
Sta. Efigênia, da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos
Imagem de Sta. Efigênia, da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (Salvador-BA).

Ifigênia – também conhecida como Ifigênia da Etiópia, Ifigênia da Abissínia e Efigênia – era filha de Eggipus e Eufenisa, reis de Núbia, um pequeno reino da Etiópia, mergulhado no paganismo, no nordeste da África.

Sabe-se pouco da sua vida. A origem de seu nome, do grego, significa “nascida forte”.

A conversão

As informações dão conta que, oito anos depois da ascensão de Jesus, quando o apóstolo Mateus e mais dois discípulos foram evangelizar na região de Núbia. Suas palavras só foram bem acolhidas pela princesa Ifigênia que aceitou a ideia de um só Deus e passou a rejeitar paganismo.

Imagem de Santa Efigênia.
Imagem de Santa Efigênia. (reprodução).

Dois sacerdotes pagãos que ditavam as regras locais e eram muito influentes, sabendo das pregações, acusaram Mateus de insultar seus deuses e convenceram o rei Eggipus a oferecer a princesa, sua filha, em sacrifício, por meio de um “incêndio sagrado”, para conter a ira dos deuses.

Milagre!

Os sacerdotes prepararam e acenderam a fogueira em formato de um trono. Quando as chamas subiram, Ifigênia ergueu a voz, invocando o nome Jesus. Um anjo veio do céu, arrancou-a das mãos inimigas e tornou-a invisível, aparecendo em outro lugar.

Depois desta cena, o rei, a rainha, o palácio e grande parte do povo se converteram.

Ifigênia multiplicou seus esforços e zelo para divulgar os ensinamentos de Jesus para o seu povo. E muitas virgens de Núbia tornaram-se suas seguidoras.

O pretendente cruel

Logo após a morte de seus pais, seu tio, príncipe Hírtaco, apossou-se do reino, por herança de Eufrônio, irmão de Ifigênia, e prometeu que daria a metade do reino a Mateus, caso ele convencesse Ifigênia a se casar com ele.

Mateus rejeitou a proposta e Hírtaco ordenou a sua morte, fazendo dele um mártir da fé cristã – de acordo com o livro Lenda Dourada, de Jacobo de Vorágine, que trata de biografias de santos, Ifigênia foi dedicada a Deus por Mateus, o Evangelista.

Em seguida, Hírtaco mandou incendiar a casa da sobrinha, que havia se transformado em convento. Mas o fogo nas paredes, ateado pelos soldados, desaparecerem e se acenderam em seu palácio, reduzindo tudo a cinzas em poucos minutos.

Hírtaco fugiu e o povo proclamou Eufrônio rei. Ele governou durante setenta anos e seu filho, quando o sucedeu, mandou construir várias igrejas na Etiópia. Mas é Santa Ifigênia a proclamada como “Libertadora da Núbia” e uma das responsáveis pela disseminação do Cristianismo na Etiópia.

Sta. Efigênia, com uma casa em uma mão
St. Elesbão, rei da Etiopia e Sta. Efigênia, com uma casa em uma mão. (Biblioteca Nacional).

Ao chegar o momento de sua morte, Ifigênia recebeu um aviso de Deus. Doou tudo o que ainda tinha de seu e assistiu seu corpo ser tomado por uma doença.

Transformada em santa pela religiosidade popular, Ifigênia é invocada como protetora contra incêndios, como padroeira dos militares e ajuda quem precisa de casa própria.

Em quase todas as representações iconográficas, ela aparece segurando uma casa ou uma igreja em chamas.

Seu dia é 21 de setembro.

Entre o povo e o papa

Ifigênia e Bakhita são santas pioneiras, nascidas na África, uma na Etiópia, outra no Sudão. Entre a santificação das duas, no entanto, vinte séculos se passaram.

Isso porque, no começo, o sangue dos mártires – após a crucificação de Jesus – e a intolerância religiosa faziam surgir os santos, antes mesmo de a Igreja Católica existir.

Os mártires, mortos nas arenas pelos leões, eram venerados, com leituras, salmos e orações, bem como os eremitas que, por penitência, viviam isolados, experimentando martírios diários.

Pode-se dizer que a ‘santificação’ deles era ‘natural’. Vivia-se o tempo de Jesus e dos orixás . A compreensão da existência de um deus único criou a necessidade de santos que fizessem a “ponte” com o divino.

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Imagem de Santa Ifigênia, Basílica de Nossa Senhora da Conceição e de Santa Ifigênia.

Quando o Cristianismo se torna a religião nº1 do Império Romano, no século IV, as preces e as liturgias junto aos túmulos dos mártires e eremitas eram uma realidade. Já se pedia o auxílio desses mortos, considerados “super cristãos”.

E é neste cenário que Ifigênia da Etiópia ocupa o lugar de primeira santa africana, no século I depois de Cristo, um tempo em que não existia a canonização – ato solene de, após cumpridos regras e rituais prescritos pela Igreja, o papa declarar uma pessoa morta inscrita no catálogo dos santos, concedendo-lhe culto irrestrito.

Só no ano de 1170 – século XII -, se cria a prática da canonização na Igreja Católica. Até então, a religiosidade popular era livre para eleger os que “santificava”.

A canonização de Bakhita, a Santa Josephina, acontece em 1 de outubro de 2000 – século XX.

Os que vieram antes foram apropriados pela Igreja Católica. Quer dizer, os primeiros santos tinham ligação com o Evangelho de Jesus, não com a fé católica.

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Fontes: Wikipedia, Cruz Terra Santa, Vatican News, Superinteressante

escrito em agosto de 2021

5 comentários em “Ifigênia da Etiópia, primeira santa africana”

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  3. Oxi… Foram “apropriados” um ova. E o povo não era Igreja Católica? Ou vocês são daqueles que repetem, sem base nenhuma, que quem fundou a Igreja Católica foi Constantino? KKKKKKKK. Muito desinformados, e pior, repetindo falácias. Basta olhar as páginas do Evangelho, e os escritos dos primeiros cristãos, que é evidente que foi Cristo quem fundou a Igreja Católica. Já leram Mt 16, Lc 22 ou Jo 21? Já leram Santo Inácio de Antioquia e alguns outros? Sobre o processo de canonização, o que aconteceu é que depois apenas de deu um aspecto mais formal para o processo, a fim de se evitar abusos e erros… Abraços

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