Santificada pela religiosidade popular no século I, sobreviveu a uma fogueira, em formato de trono, onde seria queimada viva.
O que este artigo responde: Quem foi Ifigênia da Etiópia? Como Ifigênia se converteu ao Cristianismo? Qual milagre é associado a Ifigênia? De qual categoria profissional Santa Ifigênia é considerada padroeira? O que se pode pedir a Santa Ifigênia? Quando é celebrado o dia de Santa Ifigênia? Como Ifigênia tornou-se santa? Quando Santa Ifigênia tornou-se santa? Foi o Vaticano quem canonizou Santa Ifigênia no século I?
Ifigênia – também conhecida como Ifigênia da Etiópia, Ifigênia da Abissínia e Efigênia – era filha de Eggipus e Eufenisa, reis de Núbia, um pequeno reino da Etiópia, mergulhado no paganismo, no nordeste da África.
Sabe-se pouco da sua vida. A origem de seu nome, do grego, significa “nascida forte”.
A conversão
As informações dão conta que, oito anos depois da ascensão de Jesus, quando o apóstolo Mateus e mais dois discípulos foram evangelizar na região de Núbia. Suas palavras só foram bem acolhidas pela princesa Ifigênia que aceitou a ideia de um só Deus e passou a rejeitar paganismo.
Dois sacerdotes pagãos que ditavam as regras locais e eram muito influentes, sabendo das pregações, acusaram Mateus de insultar seus deuses e convenceram o rei Eggipus a oferecer a princesa, sua filha, em sacrifício, por meio de um “incêndio sagrado”, para conter a ira dos deuses.
Milagre!
Os sacerdotes prepararam e acenderam a fogueira em formato de um trono. Quando as chamas subiram, Ifigênia ergueu a voz, invocando o nome Jesus. Um anjo veio do céu, arrancou-a das mãos inimigas e tornou-a invisível, aparecendo em outro lugar.
Depois desta cena, o rei, a rainha, o palácio e grande parte do povo se converteram.
Ifigênia multiplicou seus esforços e zelo para divulgar os ensinamentos de Jesus para o seu povo. E muitas virgens de Núbia tornaram-se suas seguidoras.
O pretendente cruel
Logo após a morte de seus pais, seu tio, príncipe Hírtaco, apossou-se do reino, por herança de Eufrônio, irmão de Ifigênia, e prometeu que daria a metade do reino a Mateus, caso ele convencesse Ifigênia a se casar com ele.
Mateus rejeitou a proposta e Hírtaco ordenou a sua morte, fazendo dele um mártir da fé cristã – de acordo com o livro Lenda Dourada, de Jacobo de Vorágine, que trata de biografias de santos, Ifigênia foi dedicada a Deus por Mateus, o Evangelista.
Em seguida, Hírtaco mandou incendiar a casa da sobrinha, que havia se transformado em convento. Mas o fogo nas paredes, ateado pelos soldados, desaparecerem e se acenderam em seu palácio, reduzindo tudo a cinzas em poucos minutos.
Hírtaco fugiu e o povo proclamou Eufrônio rei. Ele governou durante setenta anos e seu filho, quando o sucedeu, mandou construir várias igrejas na Etiópia. Mas é Santa Ifigênia a proclamada como “Libertadora da Núbia” e uma das responsáveis pela disseminação do Cristianismo na Etiópia.
Ao chegar o momento de sua morte, Ifigênia recebeu um aviso de Deus. Doou tudo o que ainda tinha de seu e assistiu seu corpo ser tomado por uma doença.
Transformada em santa pela religiosidade popular, Ifigênia é invocada como protetora contra incêndios, como padroeira dos militares e ajuda quem precisa de casa própria.
Em quase todas as representações iconográficas, ela aparece segurando uma casa ou uma igreja em chamas.
Seu dia é 21 de setembro.
Entre o povo e o papa
Ifigênia e Bakhita são santas pioneiras, nascidas na África, uma na Etiópia, outra no Sudão. Entre a santificação das duas, no entanto, vinte séculos se passaram.
Isso porque, no começo, o sangue dos mártires – após a crucificação de Jesus – e a intolerância religiosa faziam surgir os santos, antes mesmo de a Igreja Católica existir.
Os mártires, mortos nas arenas pelos leões, eram venerados, com leituras, salmos e orações, bem como os eremitas que, por penitência, viviam isolados, experimentando martírios diários.
Pode-se dizer que a ‘santificação’ deles era ‘natural’. Vivia-se o tempo de Jesus e dos orixás . A compreensão da existência de um deus único criou a necessidade de santos que fizessem a “ponte” com o divino.
Quando o Cristianismo se torna a religião nº1 do Império Romano, no século IV, as preces e as liturgias junto aos túmulos dos mártires e eremitas eram uma realidade. Já se pedia o auxílio desses mortos, considerados “super cristãos”.
E é neste cenário que Ifigênia da Etiópia ocupa o lugar de primeira santa africana, no século I depois de Cristo, um tempo em que não existia a canonização – ato solene de, após cumpridos regras e rituais prescritos pela Igreja, o papa declarar uma pessoa morta inscrita no catálogo dos santos, concedendo-lhe culto irrestrito.
Só no ano de 1170 – século XII -, se cria a prática da canonização na Igreja Católica. Até então, a religiosidade popular era livre para eleger os que “santificava”.
A canonização de Bakhita, a Santa Josephina, acontece em 1 de outubro de 2000 – século XX.
Os que vieram antes foram apropriados pela Igreja Católica. Quer dizer, os primeiros santos tinham ligação com o Evangelho de Jesus, não com a fé católica.
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Fontes: Wikipedia, Cruz Terra Santa, Vatican News, Superinteressante
escrito em agosto de 2021
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Oxi… Foram “apropriados” um ova. E o povo não era Igreja Católica? Ou vocês são daqueles que repetem, sem base nenhuma, que quem fundou a Igreja Católica foi Constantino? KKKKKKKK. Muito desinformados, e pior, repetindo falácias. Basta olhar as páginas do Evangelho, e os escritos dos primeiros cristãos, que é evidente que foi Cristo quem fundou a Igreja Católica. Já leram Mt 16, Lc 22 ou Jo 21? Já leram Santo Inácio de Antioquia e alguns outros? Sobre o processo de canonização, o que aconteceu é que depois apenas de deu um aspecto mais formal para o processo, a fim de se evitar abusos e erros… Abraços
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