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Bakhita, a primeira africana canonizada

Também conhecida como Santa Josephina, ela foi a primeira “transformada” em santa pela Igreja Católica, mas não a primeira santa africana, eleita pela religiosidade popular.

Sudão

Bakhita,  religiosa africana da Congregação das Filhas da Caridade, viveu e exerceu seu ministério na Itália durante 45 anos. Canonizada em 1 de outubro de 2000,  torna-se Santa Josephina Bakhita. Bakhita, a primeira santa africana moderna, é a padroeira do Sudão.

E, também, a primeira santa africana da era moderna porque a Igreja Católica só se torna responsável por santificar pessoas, declarar oficialmente “novos” santos, no ano 1170, em documento do papa Alexandre 3º.

Antes da existência oficial do Catolicismo, século IV – época dos deuses africanos, gregos e romanos -, era o povo que, naturalmente, “santificava” os seus mártires, venerando-os, construindo templos, fazendo orações… Ifigênia da Etiópia, que viveu no século I, é a primeira santa africana por decisão popular – mas este é outro pioneirismo!

A história de Josephina

Nasce por volta de 1869 numa pequena aldeia no Sudão Ocidental. Ainda criança, é sequestrada por mercadores árabes e revendida cinco vezes nos mercados de El Obeid e Khartoum. Traumatizada, esquece seu nome de batismo. O nome pelo qual a conhecemos é composto pelo nome a ela dado, ironicamente, pelos traficantes de escravos (bakhita, termo árabe, significa afortunada) e o nome cristão que adota na vida adulta.

Josephina Bakhita sofre muitas brutalidades durante o cativeiro. Em suas memórias, escritas em italiano muito anos mais tarde, ela evoca o momento em que um prato com farinha, outro de sal e uma navalha foram trazidos por uma mulher, que desenhou cortes profundos em sua pele, aplicando nas feridas sal e farinha para garantir cicatrizes permanentes. Mais de sessenta padrões foram cortados em seu peito, barriga e braços. Em seu corpo todo,  144 cicatrizes!

Este período faz parte dos três anos em que foi mantida escravizada por um oficial turco – classificado por ela como os piores da sua vida, dos quais não se lembra de passar um dia sem feridas abertas, em função também as chicotadas diárias.

Em 1882, o oficial é obrigado a retornar para a Turquia e é obrigado a vender seus escravizados, encerrando, mesmo sem querer, o suplício de Bakhita.

Afortunada

É assim que seu nome deixa de fazer parte da sua vida como triste ironia.  Comprada pelo diplomata italiano Callisto Legnani, é levada para a Itália e cedida aos Michieli para  trabalhar como babá da única filha do casal,  de quem passa a cuidar no convento das Irmãs de Canossa, em Veneza, enquanto a família se muda, a negócios, para o Mar Vermelho.

Quando os Michieli voltam ao convento para buscar a filha, Bakhita manifesta a intenção de permanecer com as freiras, continua seus estudos e torna-se religiosa na Congregação das Filhas da Caridade em 8 de dezembro de 1896.

O fim da condição de escravizada, entretanto, só chega em 29 de novembro de 1889, quando um tribunal italiano a torna  legalmente livre.

De hábito

Por mais de 50 anos, Bakhita dedica-se à Congregação e assume diversas funções até destacar-se em 1922, no serviço de portaria do convento, última de suas tarefas.

Bakhita começa a chamar atenção pela  cor da sua pele, incomum no lugar,  por sua gentileza,  voz calma e sorriso constante nos lábios.

Josephina Bathika como freira

Seu carisma  e  reputação de santidade são notados também por sua ordem religiosa e ela é instruída a publicar suas memórias  e a fazer palestras sobre suas experiências de vida, tornando-se famosa em toda a Itália.

Josephina Bakhita, a primeira santa africana, morre em 8 de fevereiro de 1947 –  de fevereiro é também seu dia litúrgico.

O Milagre

A canonização da, considerada por muitos, “padroeira dos escravizados” acontece a partir de um milagre no Brasil, mais especificamente na cidade de Santos, no litoral paulista, quando Eva Tobias da Costa, diabética, estava com feridas incuráveis nas pernas e já estava condenada à amputação de uma delas.

Nesse momento de sua vida – maio de 1992 -, Eva conheceu a história da beata africana. Ela rezou e esfregou em suas feridas uma imagem da santa pedindo a sua intercessão. As feridas foram curadas e o milagre reconhecido pelo Vaticano – o papa João Paulo II fez a canonização.

O corpo de Santa Josephina Bakhita está exposto para visitação de peregrinos no Instituto Canossa, em Isquia, Veneza, Itália.

Sua história – marcada pela doença nos últimos anos – está registrada também no filme História de Santa Josephina Bakhita – Padroeira dos Escravizados.

Leia também a história de Nhá Chica, a primeira beata negra brasileira.

Fontes: Wikipédia; Grupo de Oração Universitário São Miguel Arcanjo; Basílica São Miguel Arcanjo

escrito em maio de 2021

2 comentários em “Bakhita, a primeira africana canonizada”

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