Ela nasceu com genes de inventora. Na sua casa todo mundo tinha a imaginação fértil e fazia acontecer.
O que este artigo responde: Quem foi Mary Beatrice Davidson Kenner? Quem inventou o absorvente íntimo? Quem é a inventora americana conhecida por registrar mais patentes do que qualquer outra mulher negra na história? Qual as invenções de Mary Beatrice? Quantas patentes Mary Beatrice registrou ao longo de sua vida? Quais desafios Mary Beatrice enfrentou em sua carreira de inventora? Com que Mary Beatrice trabalhava?
Mary Beatrice Davidson Kenner inventou o absorvente íntimo externo – um cinto sanitário com bolso para guardanapos sanitários à prova de umidade – e registrou cinco patentes – mais do que qualquer outra mulher americana e negra na história. Ele nasceu com genes de inventora.
Seu avô materno inventou o sinal luminoso tricolor para guiar comboio de trens – e teve a invenção roubada dele por um homem branco.
Sua irmã, Mildred Davidson Austin Smith, inventou, patenteou e vendeu comercialmente jogos de tabuleiro.
O pai, Sidney Nathaniel Davidson, em 1914, criou um lavador de janelas para comboios, uma maca com rodas para ambulância e uma prensa de roupas para fazê-las caber em malas. Pela última invenção, recebeu oferta de uma empresa de Nova York de comprar a ideia por 20 mil dólares. Ele não vendeu a ideia, mas vendeu a prensa por 14 dólares. Antes de voltar à vida de pastor, porém, fez a patente.
Questão de DNA
Mary Beatrice cresceu sabendo que ideias devem ser registradas e o que não lhe faltava eram ideias. Ela acordava de madrugada com invenções na cabeça e ocupava seu tempo desenhando modelos e os construindo.
Quando viu água escorrendo de um guarda-chuva, por exemplo, inventou uma esponja que sugava a água da chuva e mantinha o chão da casa de seus pais seco e o amarrou na ponta de todos os guarda-chuvas da casa.
Com esse perfil pragmático e “faça-você-mesmo”, Mary Beatrice conseguiu uma vaga na prestigiada Universidade de Howard assim que se formou no ensino médio, em 1931. Mas precisou largar os estudos um ano depois por causa de problemas financeiros.
Entre trabalhos de babá e em órgãos públicos, continuou anotando suas ideias para quando voltasse a estudar.
O absorvente e o racismo
Mary sabia que assinar suas invenções era o caminho para não ser apagada da história como muitas mulheres já haviam sido. Mas só em 1956 conseguiu registrar o seu absorvente – uma ideia que reduzia muito as chances de a menstruação vazar -, um sucesso comprovado e que tinha tudo para torná-la rica e até uma empresária de sucesso do setor de higiene pessoal.
Só que não. A primeira empresa a se interessar pelo produto, a Sonn-Nap-Pack Company mudou de ideia ao descobrir que Mary era negra.
Resumindo a história: Mary não ganhou nem um tostão com a ideia genial do absorvente nem conseguiu voltar à faculdade. A patente expirou e passou a ser de domínio público, permitindo a livre fabricação.
Mas nada matava a sua criatividade. Entre 1956 e 1987, ela registrou cinco patentes pela criação de itens domésticos e pessoais: um novo e melhorado porta-papel higiênico, que prendia a ponta solta do rolo para facilitar o uso; uma escova para as costas que ficava presa à parede do chuveiro para uma higiene perfeita, conhecida como backwash; uma bandeja ajustável e um acessório de bolso para andadores, que tornava a viagem mais conveniente para os usuários.
Sem invenções
Profissionalmente, Mary trabalhou como arranjadora floral. Teve quatro floriculturas espalhadas em Washington e dirigiu seu negócio por 23 anos.
Durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhou para o governo federal, acompanhando mulheres mais jovens para assistir aos bailes da base militar. Numa dessas noites, conheceu e se apaixonou por um soldado, com quem se casou em 1945. O casamento durou cinco anos.
Em 1951, ela casou-se com o boxeador peso-pesado James “Jabbo” Kenner. Juntos, eles adotaram cinco crianças.
Mary Beatrice Davidson Kenner atravessou o século XX, viveu de 17 de maio de 1912 a 13 de janeiro de 2006. Seus primeiros passos foram em Charlotte, Carolina do Norte.
Durante sua longa pesquisa para a série de livros ‘Forgotten Women‘ (Mulheres Esquecidas), a escritora Zing Tsjeng descobriu muitas inexatidões históricas sobre invenções que mudaram a sociedade – segundo ela, a maioria foi atribuída a homens. Homens brancos.
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Mary Beatrice Kenner, tem seu registro de nascimento de 17/05/1912, e segundo o texto aqui e em outros que li sobre ela, registra que sua invenção do Cinto Sanitário Ajustável com a mesma data, no mesmo ano. Temos aqui um erro de cronologia que deve ser corrigido, pois não tem como a invenção datar a mesma data de seu nascimento.
Fato. Ela viveu entre 17 de maio de 1912 e morreu em 13 de janeiro de 2006. O cinto foi inventado em 1956.