A primeira, substituta interina e sucessora do Príncipe T’Challa, quando em ação. A segunda sua irmã mais nova, que sempre cobiçou o posto.
O que este artigo responde: A história do Pantera Negra nos quadrinhos é igual à dos filmes? Shuri existia nos quadrinhos do Pantera Negra? Quem é a primeira heroína nigeriana dos quadrinhos? Quem escreveu a história do Pantera Negra? Quais os poderes das mulheres africanas super-heroínas? Super-heroínas são inspiradas em pessoas da vida real? Quais os poderes de Ngozi? Quais os poderes de Shuri?
2017 está chegando ao fim e a Marvel Comics anuncia a sua primeira heroína nigeriana: a cadeirante Ngozi.
Melhor! 2017 chega ao fim e entra em cena o primeiro personagem africano de uma grande editora americana a ser escrito por uma roteirista africana, Nnedi Okorafor, especializada em ficção científica, e ambientada no continente.
O título da história é Blessing in Disguise – algo como “há males que vêm para o bem” – e a ação se passa em Lagos, antiga capital e maior cidade da Nigéria, com a história de uma atleta que fica paraplégica depois de um acidente de ônibus.
Resumindo a condição pioneira: Blessing in Disguise é a primeira história da Marvel ambientada numa cidade africana real, e Ngozi, o primeiro personagem africano da editora.
“Minha protagonista sofre um acidente e a vida dela muda radicalmente de uma hora pra outra”, conta Nnedi Okorafor em entrevista ao jornal britânico The Independent.
Ideia
A inspiração para a criação da personagem – visual e personalidade – foram as 276 estudantes da cidade de Chibok, raptadas pelo grupo terrorista Boko Haram em 2014. Fato que causou comoção e indignação internacional e foi responsável pela criação da campanha #bringbackourgirls – tragam nossas meninas de volta e mostrou ao mundo o terror da guerra civil na Nigéria.
“Elas eram meninas como quaisquer outras e, de repente, tiveram suas vidas viradas do avesso, devido o terror pelo qual passaram. Quis usar a fé, a esperança e a perseverança delas em Ngozi”, reflete Nnedi Okorafor.
A nova super-heroína estreia no quadrinho “Venomverse”, como uma jovem moradora da capital financeira da Nigéria. Seu nome, Ngozi, significa “bênção” em um dos idiomas locais.
Paraplégica, Ngozi, um dia, ela tenta capturar um gafanhoto para sua coleção de insetos e ganha superpoderes, após entrar em contato com o simbionte, uma criatura hospedeira alienígena que ingressou no Universo Marvel com Venom, o anti-herói do Homem Aranha.
Pantera
Quando ela convence a criatura a ajudá-la a derrotar o Rinoceronte e proteger o povo de Lagos, Dora Milaje, uma das mulheres guerreiras de Wakanda, a recruta para suas fileiras. Assim, ela acaba sendo nomeada sucessora de T’Challa, a Pantera Negra interina.
Depois de passar pouco mais de um ano estudando na Universidade de Wakanda – perdendo a comemoração de seu aniversário de 18 anos devido às suas obrigações –, Ngozi retorna a Lagos para celebrar o casamento de sua tia.
Seu ex-namorado, Olu – mutante que manipula luz e eletricidade – invade o casamento com seus companheiros para roubar comida e distribuí-la aos pobres. E, ainda, repreende Ngozi por virar as costas para a sua cidade.
Depois tudo fica bem entre o ex-casal de namorados e todos participam de uma marcha de protesto contra a corrupção no Esquadrão Especial Anti-Roubo da Nigéria.
Quando a polícia abre fogo contra os manifestantes, Ngozi se transforma em Venom e ajuda seus amigos a proteger os outros manifestantes.
A geografia
Okorafor trabalhou em estreita colaboração com a artista Tana Ford para recriar uma representação precisa da Nigéria e sua antiga capital, Lagos – a atual se chama Abuja:
“Eu queria capturar a ação e a vibração da cidade. É uma cidade incrível com ótimas pessoas, com muito potencial para aventura e história de fundo. A cidade ajuda a história quase a se escrever sozinha.”
E ela usa figuras de linguagem tanto do Universo Marvel – a jornada do herói, o bem contra o mal e a redenção –, quanto elementos do afrofuturismo, que misturam mitologia africana antiga com tecnologia.
A pioneira Okorafor está familiarizada com esses conceitos, tendo escrito mais de 20 romances e contos no gênero de ficção científica para jovens adultos, incluindo o aclamado pela crítica Binti – vencedor dos prêmios Nebula e Hugo de novela de ficção científica – e o Wole Soyinka Prize for Literature in Africa por seu romance de estreia, Zahrah The WIndseeker.
Shuri
Okorafor também se faz presente na história de Shuri, a princesa do reino fictício de Wakanda, irmã do príncipe T’Challa, que se torna Pantera Negra nos quadrinhos americanos da Marvel Comics bem antes da morte do ator Chadwick Boseman, que viveu o personagem nas telas dos cinemas.
Shuri não tem nenhum tipo de poder super-humano. No entanto, sua inteligência – no nível dos principais gênios da Terra -, e talento científico são incomparáveis. Ela desenvolve equipamentos utilizando tecnologia de ponta associada ao vibranium. Assim, consegue criar armamentos de defesa, manoplas e implementar melhorias constantes no traje do Pantera Negra.
Além de ser treinada em artes marciais e na arte da necromancia – adivinhação do futuro a partir do contato com os mortos -, Shuri é dotada de grande rapidez, destreza e autoconfiança.
Submetida ao ritual da Erva Coração, restrito aos líderes de Wakanda, ganha habilidades aprimoradas do Pantera Negra. Entre eles, super velocidade, maior agilidade, durabilidade, reflexos, sentidos, resistência e força. Isso, no filme.
Nos quadrinhos
A personagem nas HQs foi criada pelo roteirista Reginald Hudlin e pelo desenhista John Romita Jr., aparecendo pela primeira vez em Black Panther vol. 4 #2, em maio de 2005.
Na trama original, Shuri já cobiçava o posto de Pantera Negra, afinal, ela e T’Challa tiveram o mesmo treinamento. No entanto, a ela foram dados outros papéis, mais adequados às mulheres da família real. Sob o reinado de T’Challa, Shuri se dedicou à pesquisa e à ciência.
Extremamente corajosa e com personalidade forte, Shuri governou diversas vezes Wakanda, quando T’Challa estava supostamente morto ou impossibilitado de lutar e governar.
Na Saga Infinito – X-Men vs Vingadores – , ordenou um ataque a Atlântida, deixando a nação submarina em ruínas.
História solo
Em 2018 – ano do lançamento do filme -, a Marvel publicou a primeira série solo de Shuri, escrita por Nnedi Okorafor – uma história de amadurecimento da personagem, que explora sua liderança e interesses, a partir da ausência do irmão.
Shuri também se tornou diretora da Escola de Wakanda, lidando com os jovens que, assim como ela, faziam parte do seleto clube dos mais inteligentes do planeta.
No filme Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, Shuri assume o manto do Pantera Negra. Mas, nos quadrinhos, isso ocorre de uma forma bem diferente.
T’Challa fica gravemente ferido em uma luta contra um grupo de super vilões, e cabe a Shuri assumir o trono e comandar Wakanda. A princesa, então, vai em busca da erva-coração, responsável por dar ao Pantera suas incríveis habilidades de força e sobrevivência.
Questão de gênero
Essa jornada, por si só, já foi um grande desafio superado ao longo dos séculos apenas por alguns dos homens mais fortes de Wakanda.
Mas ela simplesmente arrasou diante de cada desafio que surgiu no seu caminho e conseguiu encontrar a erva coração. Aí, não poupou os ancestrais de sua arrogância e exigiu que o manto do Pantera passasse para ela, sem sucesso.
Seu pedido foi negado e ela teve de voltar para casa de mãos vazias e, mesmo assim, enfrentar o grupo de super vilões que deixaram T’Challa a beira da morte.
Disposta a se sacrificar pelo povo de Wakanda, Shuri foi à batalha. E, com a ajuda das guerreiras, saiu vitoriosa. E, assim, os ancestrais voltaram atrás em sua decisão e deram à jovem os poderes do Pantera Negra, fazendo de Shuri, oficialmente, rainha e protetora de Wakanda.
Fontes: Wikipédia, Disney-Shuri, Disney-Mulheres, Marvel, O Globo, Brand South Africa
Escrito em 27 de setembro de 2025