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Nuala Costa, referência do surfe negro no Brasil

A primeira a representar Pernambuco no circuito brasileiro. Mãe, feminista, ativista social, LGBTQIAP+, idealizadora do coletivo antrirracista Todas Para o Mar.

Nuala Costa (Foto: Paloma Rita | Estadão)
Nuala Costa (Foto: Paloma Rita | Estadão)

Nuala viveu os anos dourados do surfe nordestino. Ela nasce no Rio de Janeiro em 6 de junho de 1981 – na certidão de nascimento consta 17 de junho de 1981 – e chega, aos 7 anos de idade, na primeira comunidade de Maracaípe, uma praia do município de Ipojuca, no estado de Pernambuco, extensão do litoral de Porto de Galinhas e uma das principais rotas de competição de surfe e longboard da região, considerada a capital do esporte.

E ela fala sobre deslizar sobre uma prancha nas ondas do mar e dentro delas:

“O surfe, como esporte, pra mim, é prazer e frustração. Frustração por eu ser mulher negra, pelo preconceito, discriminação. Demorou para eu perceber que era racismo. Demorou para eu admitir isso. E quando eu percebi, eu desisti do surfe. É desafiador hoje. Foi desafiador no passado. Eu competia, era muito boa e o que me impediu de ser uma grande surfista foi a falta de apoio, a invisibilidade.
Até o meu nome escreviam errado!” 

Nuala, em tradução livre do idioma angolano, quer dizer A Noite de Lua Cheia. E Nuala Costa é pioneira dentro e fora d’água.

Ela é a primeira surfista negra de seu estado no circuito brasileiro ainda na década de 1990 – e, desde maio de 2016, está à frente do coletivo feminista e antirracista TPM: Todas Para o Mar, com a meta de construir uma história diferente, sem tanta dor, sobre mulheres negras no surfe.

Nuala Costa (Imagem: Divulgação)
Nuala Costa (Imagem: Divulgação)

A frustração de sua jornada como surfista – Nuala foi competidora durante 4 anos – se transforma em força na condução da TPM, à qual se dedica integralmente.

O coletivo faz a diferença na vida da comunidade de Maracaípe, de maioria negra. Atualmente, atende 80 crianças, 120 mulheres e 250 famílias:

 “A TPM é como um polvo, com uma grande cabeça e vários braços.

A diretoria é formada por cinco pessoas e os voluntários e voluntárias chegam a 20.

Nuala lembra que as crianças estavam muito ociosas – porque as pessoas da comunidade foram levadas para locais distantes do mar – e a TPM vem “devolver” o surfe ao mundo infantil, do brincar no mar. Além disso, a associação estimula a geração de renda das mulheres; o resgate da auto estima

Nuala Costa (Imagem: Divulgação)
Nuala Costa (Imagem: Divulgação)

Mãe, feminista, LGBTQIAP+, como ativista social lançou, como primeira ação da TPM, um evento para a inclusão de 50 adolescentes e crianças das comunidades locais no surfe feminino, com oito modalidades, de modo a garantir a democratização do esporte e a visibilidade para o surfe feminino, especialmente para negras e nordestinas:

“Percebi que todos os projetos eram encabeçados por homens e para homens. As surfistas, as meninas, estavam sem qualquer apoio. Aí, eu decidi focar no feminino e criar um evento com oito modalidades do surfe feminino, para que todas as mulheres nordestinas que gostam de competição pudessem participar”.

Mas falta apoio financeiro das grandes marcas, ainda, inclusive e em especial, para a organização de eventos de surfe feminino, reclama e denuncia Nuala da Costa:

 “As mulheres continuam sem oportunidade e sem patrocínio para competir, para se organizar. Temos de fazer vaquinhas até para pagar os juízes. Eu não consegui seguir na minha carreira por causa da falta de apoio. Quero que seja diferente para as meninas que estão começando”.


Nuala é filha de Maria Helena da Silva, a Leninha, e Landurval da Silva Costa, o Makuna. Ela registra a ausência do pai em sua vida.

Atualmente, ela se dedica integralmente à TPM e, para sobreviver, dá aulas de surfe e palestras.


Fontes: Terra, Canais Globo, Mundo Negro, Mana Surf, Estadão, Blog Redley, Instagram – Nuala Costa, TPM Todas para o mar e entrevista com Nuala Costa em maio de 2023.

2 comentários em “Nuala Costa, referência do surfe negro no Brasil”

  1. Pingback: Surfistas negras, pioneiras do Brasil

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