Robson Donato Conceição chegou aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro para escrever uma nova história sobre sua carreira. Depois de ser eliminado duas vezes consecutivas em estreias – Pequim 2008 e Londres 2012 -, sua meta era conquistar uma medalha. Ouro, prata, bronze? Não importava. No final, ele conseguiu a mais brilhante.
Recebido com gritos de “o campeão chegou” pela torcida no Pavilhão 6 no Riocentro, o pugilista venceu o francês Sofine Oumiha na terça-feira, 16 de agosto de 2016, na final da categoria pesos-leves (até 60kg) e tornou-se o primeiro brasileiro campeão olímpico no boxe.
Os dois começaram o primeiro round com uma luta franca. Robson dominou o centro e foi bastante agressivo. No segundo assalto, o francês demonstrou boa velocidade, mas Robson impôs seu jogo, com reflexo apurado e superioridade inquestionável, investindo em golpes mais potentes. No último round, administrou a vitória já garantida por pontos.
Os confrontos
Foram três lutas até Robson Conceição chegar à final da competição. Na estreia, enfrentou Anvar Yunusov, do Tadjiquistão, e o venceu por nocaute técnico. Na sequência, nas quartas-de-final, superou Hurshid Tojibaev, do Uzbequistão, com vitória por decisão unânime dos jurados (30-27/30-27/29-28), avançando para a semifinal com o terceiro lugar garantido – no boxe não existe disputa pelos terceiro e quarto lugares, o terceiro lugar é compartilhado.
Mas Robson Conceição acalentava sonhos mais ambiciosos, além de uma medalha de bronze olímpica: ele, quinto colocado no ranking da Associação Internacional de Boxe Amador, queria enfrentar o líder e tricampeão mundial na divisão, Jorge Lázaro Alves, de Cuba.
No confronto, Robson ganhou de Lázaro no último assalto, depois de dois rounds equilibrados – com vitória do cubano no primeiro e do brasileiro no segundo. Mesmo com o supercílio aberto e tendo que parar duas vezes durante o combate para estancar o sangramento, Robson cresceu no minuto final do terceiro round e encaixou uma sequência de golpes que lhe garantiu a vitória:
Garantida sua participação na final, o pugilista escolheu “manter o pé no chão, a humildade, o foco, descansar e se concentrar para a próxima luta”, o que deu muito certo: com seus 27 anos, venceu o jovem francês de 21 anos, estreante em Olimpíadas, por decisão unânime dos jurados (30-27, 29-28 e 29-28).
Preparação para a vitória
Na noite anterior às suas lutas, Robson Conceição costuma ficar sozinho, mentalizando os golpes que irá desferir. Tudo para manter o foco.
Outro hábito é ouvir música evangélica nos dias que precedem o combate e minutos antes de subir no ringue. Ele não é evangélico, acredita em Deus, no poder motivador do gospel para lhe dar inspiração e em São Lázaro.
Robson descobriu também na judoca Rafaela Silva, medalha de ouro na categoria leve nas Olimpíadas do Rio, sua principal inspiração.
“Ela também veio de baixo, da favela, como eu, e nada melhor que tê-la como referência e seguir seu exemplo” – o pugilista foi criado em São Caetano, bairro pobre de Salvador (BA).
História
Robson Donato Conceição nasceu em 25 de outubro de 1988, é sargento na Marinha e, desde os 14 anos, viaja para disputar campeonatos de boxe, enfrentando dificuldades e barreiras que não gosta de lembrar.
Criado por sua mãe, Robson vibrou com a presença da família no Pavilhão 6 – incluindo esposa Érica e a pequena Sofia, sua filha de dois anos – e dedicou a elas o ouro olímpico.
E, assim, o garoto, que chegou ao boxe pensando em ganhar brigas de rua no carnaval de Salvador, evoluiu e, hoje, se destaca no hall de pugilistas nacionais e se prepara para buscar o cinturão mundial como pugilista profissional.
Robson Conceição é voluntário em um projeto que ensina boxe para jovens e adultos da comunidade de Boa Vista de São Caetano, na periferia de Salvador, onde nasceu.
Fontes: Uol, ESPN, Wikipedia, Folha de S. Paulo, Super Esportes
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