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Isaquias Queiroz: três medalhas em uma só edição olímpica + um ouro

Isaquias Queiroz dos Santos, o primeiro brasileiro a ganhar três medalhas em uma só edição dos Jogos Olímpicos.

O baiano Isaquias Queiroz dos Santos deu à canoagem brasileira na terça-feira, 16 de agosto de 2016, a primeira medalha em Jogos Olímpicos, ao cruzar a linha de chegada em 3min58s529, na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. E mais: na continuidade das Olimpíadas do Rio, a conquista de mais uma medalha de prata e outra de bronze, tornou-o o primeiro brasileiro a ganhar três medalhas em uma só edição dos Jogos.

Ao conquistar a primeira prata, o baiano de Ubaitaba, lembrou seus 22 anos, e falou de seu sentimento: “Eu sou novo ainda. É minha primeira Olimpíada e estou muito feliz com o resultado. Estou satisfeito pela prata, que tem um gosto de ouro porque eu estou em casa e treinei com afinco para conquistá-la”.

No mínimo, nosso pioneiro, participará dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020, onde buscará outras medalhas que o credenciarão a ser um dos maiores atletas da história do nosso país.

O canoísta já era esperança de medalhas para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Realizou bons campeonatos mundiais, quase sempre subindo no pódio. Mas, ainda assim, surpreendeu até quem convive com ele na modalidade.

— Quem acompanhou o Isaquias, com três medalhas, viu que a canoagem brasileira atingiu um nível muito alto. Até quem está dentro do esporte não esperava acontecer isso agora — relata Jonatan Maia, ex-atleta e supervisor do programa Remadas Solidárias.

Medalha a medalha

Isaquias conquistou medalhas em todas as modalidades das quais participou: prata na Canoa Individual (C1) 1.000m; bronze na Canoa Individual (C1) 200m e prata na Canoa de Dupla (C2) 1.000m, com Erlon de Sousa Silva.

O brasileiro disputou a liderança da prova C1, 1.000m, durante todo o percurso, com o alemão Sebastian Brendel, que abriu distância nos metros finais e ficou com ouro, com o tempo de 3min56s926.

“O alemão é um cara muito bom, todos os jornalistas e o pessoal do Brasil sabiam disso. Ele não é imbatível, nenhum atleta é imbatível. Mas ele teve mérito, ganhou pela dedicação. Na próxima, eu vou treinar muito mais, estarei muito melhor em Tóquio”, afirmou Isaquias ao término da competição.

“Do começo ao fim, foi a melhor corrida da minha vida. O brasileiro foi muito duro, foi intensa a competição”, devolveu o bicampeão olímpico.

Trajetória

Fora da água, a “Lenda da Canoagem” ou “Centauro das Águas” – como escreveu a imprensa -, também traz uma história de vida de superação.

Além da pobreza extrema, Isaquias sobreviveu ao derramamento de uma panela de água escaldante sobre seu corpo, o que o deixou quase um mês internado, e a uma hemorragia interna que, desde os 10 anos, o faz viver com apenas um rim.

O canoísta baiano aprendeu a remar aos 11 anos nas águas do Rio das Contas em Ubaitaba (BA), que em tupi-guarani significa “Cidade das Canoas”.

Descoberto em um projeto social em sua cidade natal, conquistou sua primeira vitória como campeão mundial júnior do C1 200 m.

O pódio olímpico coroa um ciclo excepcional de Isaquias, no qual foi laureado em todos os Campeonatos Mundiais dos quais participou, em 2013, 2014 e 2015, incluindo os dois ouros nos Jogos Pan-Americanos de Toronto.

Aprendendo com os erros

No Mundial de Canoagem de Moscou, em 2014, ele liderou boa parte da prova do C1 1.000 mas a 50 metros da linha de chegada perdeu o equilíbrio e deixou a canoa virar perdendo o ouro para o mesmo Sebastian Brendel. Ano passado, no Mundial na Itália, errou feio na saída, mas conquistou o bronze.

Mais experiente, dessa vez Isaquias garante estar pronto para chegar ao topo do esporte e parar de nadar contra a corrente da vida: “O pessoal achava que eu não ia muito longe pelo fato de só ter um rim, mas mostrei que não tenho problema nenhum e sou campeão mundial. Vai muito da vontade do atleta querer e sempre tive essa vontade. Quero sair daqui com três medalhas no peito”.

E esta é uma possibilidade real: Isaquias, nestas Olimpíadas, vai disputar ainda duas modalidades na canoagem de velocidade: a canoa individual de 200m e a canoa dupla de 1.000m. De qualquer modo, ele já integra a galeria de pioneiros negros com a conquista da prata para o Brasil na canoagem de velocidade na categoria canoa individual 1.000m, a mais longa disputa individual que consta do programa olímpico.

Em Tóquio 2021

Medalha de Ouro na final do C1100m!!! E assim ele dá sequência a um projeto que estabeleceu depois dos três pódios que colecionou na Rio 2016.

Com  quatro conquistas em Jogos, empatou com Serginho, do vôlei, e Gustavo Borges, da natação.  É o primeiro negro.

Apenas dois atletas chegaram a cinco medalhas pelo país no megaevento: os velejadores Robert Scheidt, ainda na ativa, e Torben Grael, já aposentado de competições olímpicas. 

Em agosto de 2022, Isaquias conquistou, pela 7ª vez, o título de campeão mundial adulto na canoagem velocidade, com mais de um barco de distância, no Campeonato Mundial disputado em Halifax, no Canadá. Detalhe: é a  quarta vez que ele vence a prova de 500 metros, que não é disputada em Jogos Olímpicos.

Ele é vencedor do troféu de Melhor Atleta de Canoagem no Prêmio Brasil Olímpico 2022.


Fontes: Globo Esporte. jornais Folha de S. Paulo, O Globo e O Dia; RBS, Uol, Surto Olímpico, Lance

Atualizado em maio de 2023

1 comentário em “Isaquias Queiroz: três medalhas em uma só edição olímpica + um ouro”

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