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Tóquio 2020, balanço final

Nunca mais as Olimpíadas serão como antes.

Naomi Osaka carrega tocha olímpica em Tóquio (Foto: REUTERS – Lucy Nicholson)

Além do fato histórico de os Jogos Olímpicos de 2020 terem acontecido em 2021 por causa da maior crise sanitária vivida por esta geração – a pandemia do coronavírus decretada pela Organização Mundial da Saúde, em março de 2020 -, o evento foi marcado pela ausência de público, por representatividade, diversidade, protestos antirracistas e contra a opressão.

Desde a cerimônia de abertura com Naomi Osaka, que acendeu a pira olímpica – símbolo maior da disputa, os Jogos impuseram um tom diferente. A atleta representa a quebra de paradigmas nos esportes. Em 2018, foi a primeira asiática a conquistar o grand slam. Tenista negra, integra o time de atletas ativistas que lutam contra o racismo e pela igualdade de gênero.

Naomi, também, ao lado da ginasta negra Simone Biles colocaram na pauta dos Jogos a importância da saúde menta l de atletas de alto rendimento. As duas se permitiram desistir.

Cotada para ser a grande estrela dos Jogos pelas medalhas que tinha potencial para conquistar – todas -, Simone Biles acabou brilhando ao trazer à luz a questão dos limites, do autorrespeito e de o atleta não colocar a busca de medalhas como o principal da sua vida, chamando atenção para a humanidade mesmo de um super atleta.

Feminino e plural

Do ponto de vista esportivo, a Olimpíadas foram as que tiveram um maior número de países conquistando subindo ao pódio pela primeira vez, bem como com maior representatividade feminina e LGBTQIAP+.

A imprensa conta que a diversidade se fez presente com o maior número de atletas LGBTQIAP+ da história das Olimpíadas jogando e ampliando o debate, a conversa sobre orientação sexual.

Rebeca Andrade em sua performance que, além de trazer medalha de ouro para o Brasil, fez as emissoras baterem recordes de audiência (Foto: Jonne Roriz/COB)

O Brasil, por exemplo, pela primeira vez, teve o número de atletas mulheres nos Jogos quase igualado ao de homens. E esse recorde não ficou só na delegação, foi determinante na conquista do 12º lugar na classificação geral. As brasileiras subiram ao pódio 9 vezes, 3 com medalha de ouro. 

Tóquio 2021 foi a melhor campanha do Brasil nas Olimpíadas. Superou as 19 medalhas conquistadas no Jogos do Rio 2016 – 7 de ouro, 6 de prata e 6 de bronze, valendo o 13º lugar, conquistando mais duas – 7 de ouros, 6 de prata e 8 de bronze, com destaque para a performance nas novas modalidades olímpicas – skate e surfe – que garantiram quatro medalhas (3 no skate e 1 surfe). Vale destacar que, até então, as olimpíadas do Rio ocupavam o posto de mais LGBTQIAP+ da história.

Na raça 

Na ginástica artística, ainda, a grande história de Rebeca Andrade, com a conquista das primeiras medalhas da ginástica feminina – uma de ouro e uma de prata -, e o papel de porta-bandeira do Brasil no encerramento dos Jogos.

Apesar de as Olimpíadas seguirem tentando conter as manifestações para além dos esportes nas arenas, quadras, piscinas e pistas, não foram poucas as seleções de futebol que se ajoelharam em campo, em referência ao assassinato de George Floyd por um policial que o impediu de respirar, em maio de 2020. O destaque fica para a americana Raven Saunders que, no pódio, ergueu os braços e cruzou os punhos em apoio às minorias e contra a opressão.

Raven Saunders, dos Estados Unidos, protesta em pódio dos Jogos de Tóquio (Foto: Hannah Mckay/Reuters)
Raven Saunders, dos Estados Unidos, protesta em pódio dos Jogos de Tóquio (Foto: Hannah Mckay/Reuters)

A medalhista de prata no arremesso de peso nos Jogos Olímpicos de Tóquio chegou a ser investigada por sua atitude ser um ato não recomendado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), mas a ação contra ela acabou suspensa.

Com a marca do Brasil, Ketleyn, a primeira mulher negra a carregar a bandeira brasileira na abertura dos Jogos. E a comemoração do quarto gol da seleção masculina de futebol, marcado por Paulinho, atacante do Bayer Leverkusen (ALE), considerado um importante ato pela tolerância religiosa.

Depois de sacramentar a goleada brasileira de 4 a 2 contra a Alemanha, o atleta simulou atirar uma flecha em homenagem ao orixá Oxóssi, do candomblé. Depois, em uma rede social, Paulinho escreveu:

“Okê Arô! Saravá meu Pai”.

Por fim, no alto do pódio pela seleção brasileira, Paulinho, com o cordão de Oxossi no peito, recebeu sua medalha de ouro.

Que venha Paris 2024.

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