O baiano de Salvador Orlando Silva de Jesus Júnior é o primeiro presidente negro da UNE – União Nacional dos Estudantes. Sua eleição, em junho de 1995, marca o início da hegemonia do PCdoB no movimento estudantil. No mesmo ano, e lembra o tricentenário da morte de um dos primeiros heróis brasileiros, Zumbi dos Palmares.
Mais de oito mil estudantes (dos quais 5.346 eram delegados) estavam na Academia de Tênis, em Brasília, para o 44º Congresso da UNE, na eleição da chapa “Saudações a quem tem coragem”, nome extraído de música do grupo Barão Vermelho.
No dia seguinte à eleição, sob forte repressão policial, a UNE e seu presidente negro participaram de concentração contra a quebra do monopólio estatal do petróleo, que violaria o artigo 177 da Constituição.
E esta seria uma das tônicas da sua gestão, que se destacou na luta contra as privatizações da companhia Vale do Rio Doce e de empresas estatais consideradas estratégicas para o desenvolvimento nacional, como as de telefonia.
O caráter, considerado conservador, das reformas propostas pelo governo FHC, especialmente para o ensino superior foi outra bandeira de Orlando Silva, ao lado da campanha contra o exame nacional de cursos, uma avaliação do Ministério da Educação que os estudantes apelidaram de “Provão”. A UNE desencadeou uma polêmica nacional em torno do assunto e muitos boicotaram a prova, entregando-a em branco.
De seu período na UNE, vale o registro das manifestações dos cara-pintada pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo.
Antes de conquistar a presidência, Orlando Silva foi eleito, tesoureiro e diretor de comunicação da entidade.
Seu envolvimento com o movimento estudantil, entretanto, começa quando ainda era estudante secundarista do Colégio Estadual João Florêncio Gomes, em Salvador e segue firme quando, em 1989, entra na faculdade de Direito da Universidade Católica de Salvador, sedimentando a estrada para a UNE, onde ficou de 1995 a 1997.
Juventude Socialista
Ainda envolvido com o movimento estudantil, Orlando Silva assume a frente da União da Juventude Socialista (UJS) para, com o manifesto “Socialismo com a nossa cara”, mais uma vez, defender a soberania nacional contra as privatizações. Luta inglória, sabemos hoje.
Com o slogan “Sem emprego não dá”, a UJS apoia a candidatura Lula para a Presidência da República. E perde.
Em 1999, com a bandeira “Fora FHC!”, a UJS de Orlando Silva lança, junto com o Fórum Nacional em Defesa de Trabalho, Terra e Cidadania, um abaixo-assinado pedindo CPI para o presidente no caso Telebrás, quando a estatal ganha sócio privado e repassa 51% de seu capital para a americana AES.
Além de presidente da UNE, de 1995 a 1997 e da UJS, de 1998 a 2001, Orlando Silva atua, entre 1999 e 2001 como representante da Federação Mundial das Juventudes Democráticas, entidade que reúne organizações juvenis de todos os continentes. Depois, torna-se membro do Conselho Nacional de Juventude.
Nas urnas
Orlando Silva elegeu-se vereador por São Paulo pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), ao qual é filiado desde 1988.
É deputado federal desde 2015, está em seu segundo mandato e em 2020 é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, pelo PC do B, o que simboliza a ruptura na tradição do partido de se coligar com o Partido dos Trabalhadores nas eleições da capital paulista. Sua bandeira é a luta racial e pelo povo das periferias.
Atualmente, Orlando Silva é membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, do Conselho Ibero-Americano do Esporte, do Conselho Sul-Americano do Esporte e presidente do Conselho Americano do Esporte.
Ministro dos Esportes dos governos Lula e Dilma, deixa o Ministério após denúncias, não confirmadas, de que teria participado de um suposto esquema de corrupção na pasta.
Nascido em 27 de maio de 1971, está com 49 anos.
Fontes: Folha de São Paulo, Wikipedia, Bandnews, UNE
Pingback: Pioneirismo na Esplanada dos Ministérios do Brasil