Filha de imigrantes nigerianos assume a presidência do Harvard Law Review, uma das revistas jurídicas mais prestigiadas dos Estados Unidos e de maior circulação no mundo, feita integralmente por estudantes. E o registro deste pioneirismo só acontece após 130 anos de história da publicação!!!
Eleita em 29 de janeiro de 2017, entre 12 candidatos, pelos 92 editores do periódico, ao contrário da maioria dos graduados das escolas de direito, a primeira presidenta negra da Harvard Law Review não deseja fazer parte de uma corporação e receber altos salários. Seus planos também não passam pela Casa Branca – por agora – nem pela Suprema Corte.
O sonho de Imelme Umana é a defensoria pública, que presta assistência jurídica gratuita a quem não pode pagar pelo serviço de um advogado. Sonho que ganhou força durante estágio que fez, no 2º ano do curso de Direito, no escritório de um defensor público no bairro negro do Bronx, em Nova York.
Em entrevista ao New York Times, ImeIme salientou o fato de os clientes que atendeu durante o estágio se parecerem muito com ela e estarem “desproporcionalmente representados no malogrado fim do sistema legal”.
Sobre sua conquista, de mulher negra, ela lembrou:
“Nós fomos sistematicamente excluídos do panorama legal e apenas agora estamos fazendo algumas incursões importantes”.
Como estímulo para nossa jornada, vale a leitura do artigo sobre Kamala Harris, primeira mulher negra vice-presidente da República dos Estados Unidos e primeira mulher negra candidata à Presidência dos Estados Unidos em 2024.
Reconhecimento
A sua empatia pelos marginalizados é bem conhecida, disseram professores e colegas de classe. Quando se formou no Harvard College em 2014, Umana recebeu o Prêmio Rev. Peter J. Gomes, que o Departamento de Estudos Africano e Afro-americano confere ao aluno “que melhor personifica a responsabilidade social através do serviço público e potencial para contribuições diferenciadas para o público”.
“Umana é uma jovem brilhante e de alta energia, com um forte senso de justiça social e compromisso com o serviço”, declarou Lawrence D. Bobo, presidente do Departamento. Para ele, “barreiras de raça e de gênero e os lugares onde se cruzam continuam a desmoronar” e “ImeIme Umana está abrindo um caminho para as futuras gerações de mulheres afro-americanas, como líderes, não apenas de base, mas na profissão legal de amanhã”.
ImeIme Umana também ganhou honras na Graduação, com sua tese “Carga Racial vs Integridade Eleitoral: um estudo empírico da lei de identificação do eleitor do Texas”.
A estudante trabalhou no Instituto de Pesquisa e Arquivo Hip Hop no Centro Hutchins e foi presidente do Instituto de Política liderado por estudantes.
O trabalho
ImeIme Umana é de 1993 e aos 24 anos conquistou seu pioneirismo como a 131ª líder da organização, com a responsabilidade de supervisionar mais de 90 editores – de estudantes a funcionários.
Desde 2016, a Harvard Law Review tem optado por diversificar mais e mais o corpo de editores e, em 2013, expandiu sua política de ação afirmativa para o desenvolvimento de processos de admissão.
Alexa Kissinger, editor-chefe da Law Review, elogiou a eleição de Umana:
“ImeIme tem uma mente jurídica feroz, compaixão por outros membros da equipe e dedicação sem precedentes a esta instituição. Nossa classe de editores é a mais diversificada da história da Harvard Law Review, e não poderíamos estar mais orgulhosos de ter ImeIme no leme”.“
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A presidência da publicação Law Review é considerada chave para algumas das portas mais cobiçadas na profissão jurídica, como os supremos tribunais. Há 27 anos, um estudante da Faculdade de Direito de Harvard, chamado Barack Obama, foi eleito o primeiro presidente negro da publicação.
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Fontes: The Crimson, Boston Globe
escrito em fevereiro de 2017