Pular para o conteúdo
InícioPelé: o nº 1, o rei do futebol, um homem negro!

Pelé: o nº 1, o rei do futebol, um homem negro!

O maior de todos marcou 1.283 gols, enquanto os 39 artilheiros dos 40 clubes brasileiros de seu tempo marcaram 899. Ele é o “Atleta do Século 20”, o brasileiro mais conhecido no mundo inteiro, o melhor de todos os tempos do planeta Terra!

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. (Imagem: Peter Jones/Corbis via Getty Images)
Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. (Imagem: Peter Jones/Corbis via Getty Images)

Tricordiano – sim, é assim que a gente se refere a quem nasce na cidade mineira de Três Corações, em Minas Gerais -, Pelé, desde os 3 anos de idade, traz na sua certidão o nome de Edson Arantes do Nascimento, filho de João Ramos do Nascimento, mais conhecido como Dondinho, tambem jogdor de futebol, e Celeste Arantes.

Pelé recebe seu primeiro nome em homenagem ao inventor estadunidense Thomas Edison, de quem seu pai era fã – a ausência da letra ‘i’ no nome do craque foi um erro de cartório. Em família, ele era chamado de “Dico“. Foi na escola que recebeu o apelido de “Pelé“, por conta do jeito que pronunciava o nome de seu jogador favorito – o goleiro “Bilé“. E o mais interessante, o garoto não gostava do apelido pelo qual é conhecido mundialmente.

Ele escreve em sua autobiografia: 

“Meu nome verdadeiro é Edson. Eu não inventei Pelé. Eu não queria esse nome. Pelé soa infantil em português. Edson é mais como Thomas Edison, o homem que inventou a lâmpada.” 

Quer dizer, não por acaso, Edson Arantes sempre se referiu a Pelé na terceira pessoa. Pelé que, mais que um apelido, um substantivo, transformou-se em sinônimo de excelência, do que é único!

A data de seu aniversário é 23 de outubro de 1940. E – pasmem – na mesma década começa a jogar em times infanto-juvenis e tem seu próprio time de futebol, o Sete de Setembro, até ser convidado, aos 11 anos, a jogar no Bauru Atlético Clube, no interior de São Paulo.

Não que a vida fosse fácil. Sua história se compara à da maioria dos jogadores pretos do Brasil: pobreza, trabalho na infância, falta de dinheiro até para comprar uma bola de futebol bacana – geralmente, ele jogava com uma meia recheada com jornal e amarrada com uma corda ou ainda jogava com uma toranja.

Do interior para o litoral

De Bauru para Santos, não demora muito. O mesmo Waldemar Brito que apresenta Pelé ao time de Bauru, o leva para a Vila Belmiro, para o Santos Futebol Clube, no dia 8 de agosto de 1956, dizendo:

“Esse menino vai ser o melhor jogador de futebol do mundo”.

Na partida de estreia, Pelé, então com 15 anos, marca um dos sete gols do jogo Santos 7 x 1 Corinthians de Santo André.

Ele é o maior artilheiro da história do Santos e leva o clube a várias conquistas, com destaque para duas Copas Libertadores da América e dois Mundiais Interclubes, vencidos em 1962 e 1963.

“Brasiiiiiiiillll!!!”

Sua consagração vem na Copa do Mundo da Suécia em 1958, quando o Brasil é campeão mundial pela primeira vez – ele marca seis gols.

E Pelé é presença na seleção canarinho nas Copas do Mundo de 1966 e 1970.

Ao todo, participa de 115 partidas, marca 103 gols ao som de “Brasiiiillll!!!!”.

Assim surge seu segundo apelido –” Rei”, em 1961, dado pela imprensa francesa. E não por acaso…

Pelé é coroado como rei, com coroa e cetro, em jogo de despedida da Seleção Brasileira, no amistoso com a Áustria, que terminou em 1 a 1, no Morumbi, em São Paulo (Imagem: Reprodução | Arquivo / Agência O Globo - 10/07/1971 – Agência O Globo)
Pelé é coroado como rei, com coroa e cetro, em jogo de despedida da Seleção Brasileira, no amistoso com a Áustria, que terminou em 1 a 1, no Morumbi, em São Paulo (Imagem: Reprodução | Arquivo / Agência O Globo – 10/07/1971 – Agência O Globo)

Seu milésimo gol acontece em 19 de novembro de 1969, às 23h11, em sua 909ª partida: Vasco da Gama 1 x 2 Santos.

Sua última partida pelo Santos acontece em 3 de outubro de 1974.

Além de gols

Pelé cria e aperfeiçoa jogadas como o chute a gol do meio do campo, a tabela nas pernas do adversário, o drible sem bola no goleiro, a paradinha na cobrança do pênalti.

Artilheiro, se torna conhecido por sua capacidade de antecipar adversários na área e acabar com chances com um tiro preciso e poderoso com o pé. Jogador de muito treino e atacante completo, com visão e inteligência excepcionais, é reconhecido, também, por seu passe preciso, liderança e genrosidade com os colegas de equipe.

No começo da carreira, jogou em várias posições de ataque. Sua habilidades lhe permitiam ainda jogar como segundo atacante ou fora de campo.

O estilo de jogo único de Pelé é um misto de velocidade, criatividade e habilidade técnica com força física, resistência e capacidade atlética. Técnica, equilíbrio, talento, agilidade e habilidades de drible permitiram a ele vencer muitos adversários.

Os especialistas em analisar seu talento, comentam que apesar de sua estatura relativamente pequena (1,73 m), Pelé sempre se destacou no ar e como cobrador de faltas e pênaltis.

Ele construiu uma “obra futebolística“, afirmam os especialistas.

No estrangeiro

Sua carreira internacional começa em 1975, quando o atleta se transfere para o New York Cosmos, onde atua por dois anos.

A venda de seu passe, na época, é considerada a maior transação do futebol até o fim dos anos 1970: sete milhões do dólares.

Sua despedida oficial dos gramados se dá aos 37 anos de idade.

De acordo com a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebo – lIFFHS, Pelé é o segundo maior goleador da história do futebol em jogos oficiais, marcando 765 gols em 812 partidas, e no total 1283 gols em 1363 jogos que incluem amistosos não oficiais, um recorde mundial do Guinness, o livro dos recordes.

Durante sua carreira, chegou a ser durante um período o atleta mais bem pago do mundo. E é o brasileiro mais conhecido no mundo inteiro.

Fora dos gramados

Pelé é embaixador para Ecologia e Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas – ONU, em 1992, e embaixador da Boa Vontade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura -UNESCO, em 1993 e 1994.

Ministro dos Esportes do Brasil, de 1995 a 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, propôs uma legislação para reduzir a corrupção no futebol brasileiro, que ficou conhecida como Lei Pelé.

Ele deixou o cargo em 2001, após acusação de envolvimento em um escândalo de corrupção, envolvendo a UNICEF e uma de suas empresas. 

Em 1997, recebe o título de Sir-Cavaleiro Honorário do Império Britânico das mãos da Rainha Elizabeth 2ª.

Rainha Elizabeth II entrega troféu para Pelé (Imagem: Reprodução)
Rainha Elizabeth II entrega troféu para Pelé (Imagem: Reprodução)

Os títulos de maior futebolista do século e de Atleta do Século 20 vieram, respectivamente, do Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF e de eleição promovida pelo jornal francês L’ Equipe.

Em 2000, é eleito Jogador do Século pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol e é um dos dois vencedores conjuntos do prêmio Melhor Jogador do Século da Federação Internacional de Futebol – FIFA. No mesmo ano, é eleito Atleta do Século pelo Comitê Olímpico Internacionales e aclamado “o melhor de todos os tempos”.

Em 2012, recebe um título honoris causa da Universidade de Edimburgo por sua “contribuição significativa para causas humanitárias e ambientais, bem como por suas realizações esportivas”.

Livros, filmes e TV

Pelé publica várias autobiografias, estrela documentários e compõe peças musicais, incluindo a trilha sonora do filme Pelé, em 1977.

Ele aparece no filme Fuga parta a Vitória, de 1981, sobre uma partida de futebol durante a Segunda Guerrra Mundial, entre prisioneiros de guerra aliados e um time alemão, ao lado de outros jogadores das décadas de 1960 e 1970.

Em 1969, atua na telenovela Os Estranhos, da extinta TV Excelsior, sobre o primeiro contato com alienígenas.

Pelé em cena ao lado de Regina Duarte e Rosamaria Murtinho, na novela "Os Estranhos" (Imagem: Reprodução)
Pelé em cena ao lado de Regina Duarte e Rosamaria Murtinho, na novela “Os Estranhos” (Imagem: Reprodução)

Na conquista do tetra, fora dos gramados, Pelé vive seu auge como comentarista da Rede Globo de Televisão, aos 75 anos de idade. Ele acompanha todos os jogos do Brasil nos Estados Unidos, se emociona e comemora, ao vivo, o título conquistado nos pênaltis sobre a Itália.

Em particular

Pelé se casa três vezes: primeiro com Rosemeri dos Reis Cholbi, com quem teve três filhos – Kelly Cristina, Jennifer e Edinho; depois com a cantora Assíria, com quem teve gêmeos, e, por último, com Marcia Aoki, empresária.

Fora dos casamentos, teve, ainda, duas filhas, que conseguiram o reconhecimento paterno nos tribunais: Flávia Kurtz e Sandra Regina Machado.

O caso de Sandra é nota destoante na vida do pioneiro. Mesmo legalmente reconhecida, através de teste de DNA em 1996, Pelé não quis conhecê-la e viveu para saber de sua morte, em 2006, vitima de câncer.

Ao mesmo tempo, essa mesma pessoa, em plena ditadura militar, no ano de 1969, pede pelas crianças do país, levantando bandeiras pelo cuidado da infância e contra o uso de drogas, a ponto de se recusar a fazer publicidade de bebida alcoólica e cigarro.

Ele é o grande rosto do planeta abrindo portas para o Brasil com sua existência incontestavelmente preta, por mais que não fosse empoderado nem levantasse questões pertinentes e fundamentais do movimento negro.

Saúde

Em 2020, o mundo celebra os 80 anos do Rei do Futebol que, desde 2012, enfrenta problemas de saúde.

Em novembro de 2012, passa por uma cirurgia no quadril, mas um erro médico compromete sua mobilidade. No mês de agosto de 2021, é diagnosticado com câncer no cólon, se submete a tratamento de quimioterapia que, em dezembro de 2022, é substituído por tratamento paliativo.

Morre o Rei do Futebol em 29 de dezembro de 2022.

“A vida é oportunidade. O que fazemos com ela cabe a cada um de nós. Acertamos e erramos.”


Ancestral

A morte física de Edson Arantes do Nascimento acontece em 29 de dezembro de 2022 no Hospital Sírio Libanês, na capital paulista. Só em 2 de janeiro de 2023, o corpo sai do hospital e desceu, em cortejo, rumo à cidade de Santos, no litoral paulista, para que se cumpra um pedido do Rei: ser velado no Urbano Caldeira, estádio do Santos Futebol Clube, único time brasileiro em que o jogador atuou por quase duas décadas.

Um velório de 24 horas – até às 10 horas do dia 3 de janeiro -, seguido de cortejo pela cidade litorânea até a residência de sua mãe, dona Celeste, de 100 anos, no bairro do Embaré e posterior enterro no 1º andar do Memorial Necrópole Ecumênica, maior cemitério vertical do mundo.

Na ocasião, a FIFA, na pessoa de seu presidente, Gianni Infantino, propôs que todos os países do mundo tenham, pelo menos, um estádio com o nome de Pelé, para que as crianças saibam de sua importância.

Dona Celeste, a mãe

Em 20 de novembro de 2022, Celeste Arantes do Nascimento, a dona Celeste, mãe do Rei, tornou-se centenária. Desde 1956, ela mora em Santos.Mudou-se para o litoral com toda a família para acompanhar os primeiros passos do filho Santos Futebol Clube.

Pelé também morava por lá e, quando dos 100 anos de sua mãe, escreveu nas redes sociais:

“Hoje, celebramos 100 anos de vida da Dona Celeste. Desde criancinha, ela me ensinou o valor do amor e da paz. Eu tenho muito mais de uma centena de motivos para agradecer por ser o seu filho. Obrigado por todos os dias ao seu lado, mãe.”

Dona Celeste sempre esteve nos bastidores de sua vida e carreira, discretamente.

Fonte: GE, CBF, Santos Futebol Clube, Folha de S. Paulo, Uol Educação, Wikipédia, EsporteMídia, Estadão – Instagram

Atualizado em 02/01/2023

4 comentários em “Pelé: o nº 1, o rei do futebol, um homem negro!”

  1. Pingback: Excelência esportiva • Primeiros Negros

  2. Pingback: Mãe Menininha do Gantois, a ialorixá das ialorixás

  3. Pingback: Esportes e superação negra

  4. Pingback: Pioneirismo na Esplanada dos Ministérios do Brasil

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *