Rio e São Paulo disputam o pioneirismo da democracia racial no futebol, mas quando o esporte chegou no país, era proibido ter negros em campos e, mesmo se tivessem pele clara, alisavam o cabelo para disfarçar.
O primeiro negro a jogar futebol por um clube brasileiro foi Miguel do Carmo, um dos fundadores da Ponte Preta, time de Campinas, no interior de São Paulo. Essa história de pioneirismo começa em 11 de agosto de 1900.
- Miguel do Carmo nasceu em 10 de abril de 1885 em Jundiaí, também no interior paulista, três anos antes da abolição oficial da escravatura no Brasil, com a Lei Áurea, em 1888;
- Aos 15 anos de idade, junto com outros garotos e rapazes do bairro da Ponte Preta, fundou o clube com o mesmo nome.
Miguel era ferroviário, trabalhava como segundo fiscal de linha da Companhia Paulista de Estradas de Ferro em Campinas, e seria só mais um dos que se empolgaram com o futebol, esporte que havia chegado recentemente ao país, não fosse pela cor da sua pele.
A situação era impensável naquele fim de século. Os times que jogavam futebol no Brasil eram de clubes da elite branca.
Alguns deles, inclusive, tinham regras que proibiam explicitamente a presença de negros em seus quadros – Arthur Friedenreich, um dos maiores atletas da era amadora do futebol, filho de pai alemão e mãe negra, alisava os cabelos crespos antes de entrar em campo.
Miguel do Carmo se casou, teve dez filhos, mas morreu jovem, aos 47 anos, em 1932, depois de passar por uma cirurgia no estômago. Além disso, pouco se sabe a respeito dele.
Ajuste histórico
Até hoje, o Vasco da Gama e o Bangu, times do Rio de Janeiro, disputam o pioneirismo da democracia racial no futebol que, de fato, é da Ponte Preta.
De acordo com o livro “O Negro no Futebol Brasileiro“, do jornalista Mário Filho, publicado em 1947, em 1923, o Vasco chocou o Rio ao vencer Flamengo, Botafogo e Fluminense, clubes da elite carioca, e conquistar o campeonato local com um time formado, principalmente, por negros e mulatos. Mas, antes disso, em 1905, o Bangu foi o primeiro clube a aceitar um jogador negro, o apoiador Francisco Carregal.
Leia o artigo sobre o Francisco Gomes Carregal, a quem não bastava vestir o uniforme do time e calçar chuteiras para entrar em campo. Antes, ele – e outros boleiros negros contratados depois – tinha de usar touca para esconder o cabelo crespo e se maquiar com pó-de-arroz para clarear a pele e conseguir entrar no clube!
Miguel do Carmo, entretanto, jogou pela Ponte Preta até 1904, quando foi transferido pela Companhia Paulista para Jundiaí, como conta o historiador José Moraes dos Santos Neto, responsável pela pesquisa que pretende realinhar a cronologia da participação de negros no futebol.
Fontes: Folha de S. Paulo, Yahoo, livro “O Negro no Futebol”
Escrito em 5 de julho de 2014
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Um beijo no coração ❤️ Associação Atlética Ponte Preta 🚂🐵🇧🇷⚽ e nação alvinegra campineira!! Fiquem com Deus 🙏 e forte abraço!!
Parabéns jornalista Tania Regina Pinto pelo belíssimo artigo e/ou matéria!!
Forte abraço!
Os filhos de Nicolau 🐵🇧🇷🇦🇹!!
Parabéns jornalista Tania Regina Pinto pelo belíssimo artigo e/ou matéria!!
Forte abraço!
Os filhos de Nicolau 🐵🇧🇷🇦🇹!!
O negro Rei da bola reinou pelos gramados da terra a partir de 1957 (em jogos oficiais).
Hoje, no limiar de 2023, Ele luta pela vida.
Miguel do Carmo, esteja você onde estiver, receba teu patrício com alegria, pois, você e ele foram Reis, posto ter ele trilhado o caminho por você desbravado nós primórdios do futebol.
Viva Migué, viva Pelé, viva Jundiaí e Campinas, viva 3 💓❤️❤️ corações e viva Brasil.
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