Negros de Ganho, primeiros grevistas da história

• Uma história vivida em Salvador, capital da Bahia

O que este artigo responde:
Quem são os primeiros grevistas da história do Brasil?
Quem eram os “negros de ganho”?
Quando aconteceu a primeira greve do Brasil?
Quais foram os principais motivos que levaram os “Negros de Ganho” a fazer greve? 
Qual foi o desfecho da greve dos “Negros de Ganho”? 
Qual o impacto das ações dos “Negros de Ganho” na história do Brasil? 

A primeira greve geral da economia urbana no Brasil acontece no ano de 1857 e é protagonizada por “negros de ganho”, também chamados ganhadores. Eles trabalhavam como carregadores, eram fundamentais na engrenagem da cidade e paralisaram o transporte na capital baiana por dez dias.

Esses trabalhadores libertos, livres e escravizados (os últimos trabalhavam para seus senhores), todos africanos ou seus descendentes, se organizavam em grupos e percorriam a cidade fazendo todo tipo de serviço. Ora transportando pessoas em cadeiras de arruar, ora carregando objetos e outros tipos de mercadoria, ora vendendo quitutes e comida na movimentada Salvador da época.

Arrocho fiscal e controle policial.

A Câmara Municipal de Salvador queria impor a todos os carregadores o uso de uma placa de identificação ostensiva pendurada no pescoço, e o pagamento de impostos.

Mas os negros, que já viviam dia e noite sob a vigilância e a violência das autoridades, não queriam pagar impostos e, muito menos, macular o corpo sagrado, onde ostentavam suas guias, com as bênçãos dos orixás, com uma plaquinha.

Vale destacar que, nesta época, o regime escravocrata ainda era lei no Brasil!!! E mesmo assim são os negros, naturalmente libertos e livres, assinam, o primeiro movimento de caráter social da história do Brasil.

No livro Ganhadores: A greve negra de 1857 na Bahia, do historiador João José Reis, os detalhes desta história que instalou o caos, apavorando a elite e os governantes.

Baseado em ampla investigação em documentos escritos, impressos e iconográficos, o livro de João José Reis revela muito da intrincada rede de relações sociais, econômicas e culturais que estruturava a sociedade baiana do século XIX.

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Publicado em 15 de junho de 2020