•EDIÇÃO•
Personagens de mentira
Os primeiros com a cor da nossa pele...
Shuri, Tempestade, Monica Rambeau e Ngozi (Imagem: Reprodução)
Representatividade importa. Na vida real e na ficção, representatividade importa. E durante muito tempo, para nós, não havia opção a não ser os herois, heroínas, fadas e príncipes da branquitude.
Ainda não estamos 100% lá, mas já conseguimos montar uma edição toda escurinha, melaninada, com a cor da nossa pele, na medida dos nossos sonhos e devaneios.
Os primeiros com a cor da nossa pele…
Super herois, super heroínas, personagens das telas e das arenas circenses, criados melaninados ou “pintados” de preto, como Miles Morales, de 17 anos, o Homem Aranha no Aranhaverso, que só escureceu, mas tem a mesma história de Peter Parker, o garoto branco, de 15 anos, que em 1962 foi picado por uma aranha irradiada e se tornou espetacular.
Sim, Miles Morales é pioneiro, como a primeira versão latina e negra do Aranha oficial, filho de pai afro-americano e mãe porto-riquenha, ele nasce no Brooklyn, em Nova York, de pele escura e cabelo crespo. Mas é só isso. Mordido por uma aranha geneticamente modificada, passa a ter habilidades, como regeneração acelerada, camuflagem, rajada de veneno capaz de paralisar os oponentes, superforça, reflexos aguçados, capacidade de escalar paredes e, claro, o sentido aranha.
Sereia preta?!
Em 2019, também, foi anunciado que Halle Bailey seria escalada para interpretar a Pequena Sereia no live-action da Disney. E a notícia de que uma atriz negra representaria a personagem conhecida no imaginário popular pela pele branca e cabelos ruivos incomodou muita gente. Mas passados quatro anos, quando a pequena sereia ficou melaninada aconteceu um movimento de ressignificação de papéis constantemente representados como brancos. Inclua-se na lista a fada Sininho, da história de Peter Pan.
Mas antes da Pequena Sereia preta teve a princesa preta pioneira da Disney, a Tiana, do longa A Princesa e o Sapo, que apareceu em 2009 – 72 anos depois (!!!) de ser lançada a animação da Branca de Neve, que deu início ao legado de princesas do produtor cinematográfico.
Estereótipos
Uma colega made in Brazil do cineasta, Rosa Miranda, primeira mulher negra no Brasil a se formar em licenciatura e mestre em Cinema e Audiovisual, pela Universidade Federal Fluminense, entretanto, considera que ainda estamos longe do ideal em termos de representatividade negra no mundo das princesas e dos herois.
“O filme A Princesa e o Sapo – exemplifica – tem vários personagens negros, mas também vários estereótipos, tanto sobre a religião vudu quanto sobre os personagens com traços mais negroides, que são os vilões.”
Quanto à Pequena Sereia, ela salienta o fato de a personagem Ariel ficar sem voz a maior parte do filme… e o fato de a história ser um conto europeu. Quer dizer, “continua tendo uma visão eurocêntrica, mesmo tendo um corpo negro ali”.
É nóis!
A cena muda quando se trata de personagens racializados colocados dentro de suas próprias realidades, como é o caso de Pantera Negra, filme que se passa em uma cidade fictícia na África, Wakanda.
Destaque-se que muitos super homens “vieram ao mundo” com a cor da nossa pele – mais de dez, incluindo Kalel da Terra 23 – inspirado no 44º presidente norte-americano Barack Obama!!!
É sobre isso a edição Personagens Cor da Pele, da nossa pele, com um apanhado de artigos que contam de nós a partir da ficção e de seu papel na história, pioneirismos que afetam – e muito – a nossa vida real.
E, na linha a vida imita a arte, a representatividade das nascidas no sexo feminino, em se tratando de personagens, deixa muito a desejar. Por isso, começamos com . elas o nosso roteiro de artigos.
Wakanda Forever!
É tempo de resgate de poder para além do sonho.