Primeiro maestro contratado por uma gravadora do país, criou arranjos para os principais sucessos da chamada época de ouro da MPB, de marchas de carnaval a choros. Dominava todos os ritmos.
Pixinguinha é o primeiro maestro-arranjador contratado por uma gravadora no Brasil, a RCA Victor. Eram os anos 1930 e Pixinguinha criou arranjos para os principais sucessos da chamada época de ouro da MPB, celebrizados na voz de cantores como Francisco Alves e Mário Reis. Orquestrou de marchas de carnaval. Contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva.
Excepcional arranjador, compositor e instrumentista, dominava ritmos africanos, estilos europeus e música negra americana. E é considerado, ainda hoje, um dos compositores mais férteis da nossa música.
Autor de cerca de duas mil músicas, com destaque para Carinhoso, de 1916-1917, sua obra mais conhecida.
Nasceu no ritmo
Pixinguinha nasce Alfredo da Rocha Viana Filho, em 23 de abril de 1897, no bairro de Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro.
De família numerosa e amante da música, cedo conheceria vários instrumentos. Aos 11 anos, já tocava cavaquinho com seus parentes e, depois, esmerou-se também na flauta e no saxofone. É como flautista, um dos melhores da música brasileira, que ele é reconhecido até hoje.
Aluno do tradicional Colégio São Bento, fugia, segundo Sérgio Cabral, para tocar naquele que seria o seu primeiro emprego, a casa de chope La Concha.
Depois, sua música invadiu cassinos, cabarés e bares, tornando-o rapidamente muito conhecido nas noites da Lapa, reduto da boemia carioca.
Na tela grande
Em 1919, o gerente do Cinema Palais, Isaac Frankel, contratou Pixinguinha e seu grupo Oito Batutas para tocar na sala de espera do cinema. A banda caiu no gosto do público, apesar de alguma restrição da imprensa que fazia críticas de caráter racista. O repertório era composto de modinhas, choros, canções regionais, desafios sertanejos, maxixes, lundus, corta-jacas, batuques e cateretês.
Com o sucesso, o grupo viajou pelo Brasil até 1921. De volta ao Rio, foram tocar no Cabaré Assírio, no subsolo do Teatro Municipal. Lá, conheceram o milionário Arnaldo Guinle, que patrocinou a turnê europeia dos Oito Batutas. A temporada, que deveria ser de um mês, acabou durando seis meses e o grupo voltou bastante influenciado pelo jazz.
Pixinguinha também se apresentava nos cinemas, com as orquestras que tocavam durante a projeção dos filmes mudos, e em peças do teatro.
Pizindin
O apelido Pixinguinha foi grafado já em sua primeira composição, registrada em 1914. Assim era chamado desde criança, numa derivação da palavra pizindin, originária da língua de sua avó africana.
O apelido podia significar “menino bom”, mas a interpretação mais conhecida, segundo Nei Lopes, quer dizer “comilão”.
Professor Pixinguinha
Funcionário da prefeitura desde 1930, em 1951, passou a ser professor de música e canto orfeônico, nomeado pelo então prefeito João Carlos Vital. Até se aposentar, foi professor em várias escolas, além de maestro da Companhia Negra de Revista, onde conheceu aquela que seria sua companheira por toda a vida.
Pixinguinha participou da festa do Centenário da Independência em 1922 e do Quarto Centenário de São Paulo, em 1954. Sua genialidade musical foi reconhecida em vida – a rua onde morava em Ramos, no Rio de Janeiro, ganhou o seu nome e, a convite de Juscelino Kubitschek, almoçou com Louis Armstrong.
Em 17 de fevereiro de 1973, Pixinguinha teve seu segundo enfarte, durante um batizado no qual era padrinho. Apesar de ter sido socorrido às pressas, faleceu aos 74 anos. Como homenagem por sua genialidade, seu aniversário passou a marcar o Dia Nacional do Choro.
Fonte: antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/pixinguinha
Escrito em 15 de junho de 2017
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