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Rene Silva, liderança negra

Ele é a voz das comunidades desde os 11 anos de idade.

Rene Silva (Crédito: Pedro imitrow/Revista GOL
Rene Silva (Crédito: Pedro Dimitrow/Revista GOL).

“Eu vejo a favela como potência, como capacidade de sonhar. Eu criei uma jornal para a comunidade para mostrar que a favela é potência.”

Palavra do jornalista Rene Silva dos Santos, mais conhecido como Rene Silva, ativista e empresário, fundador da plataforma @vozdascomunidades, quando ainda era um garoto.

Integrante, em 2023, da lista mundial dos líderes da nova geração – “Next Generation Leaders” – da revista norte-americana Time, ´é visto como “um dos mais proeminentes ativistas e jornalistas negros do Brasil” em 2023. Seu poder de influência teve efeitos até sobre as eleições presidenciais. “Ele ajudou Lula a vencer”, afirma-se.

Acho que me tornei uma liderança porque acabei inspirando e motivando outras pessoas. E também pelo olhar. O meu trabalho é fazer com que as pessoas de fora da favela saibam que a nossa realidade vai muito além do tráfico de drogas, mortes, violência e tudo de ruim que sempre é mostrado”, disse o jornalista em entrevista ao F5.

Prodígio

Sua trajetória começa em 2005, aos 11 anos de idade, quando cria a Voz das Comunidades. No início, ele relatava problemas e propunha soluções para o seu bairro e para o colégio onde estudava, no Morro do Adeus, uma das 13 comunidades que compõem o Complexo do Alemão.

Em 15 de agosto daquele ano, saiu a primeira edição da história do Voz, em mais de 100 cópias feitas em folhas de papel A4, com cerca de quatro páginas, buscando, como o próprio nome diz, dar voz àqueles que não tem voz.

“Virada de chave”

Após uma série de ataques realizados por criminosos ligados ao tráfico de drogas durante os dias 20 e 27 de novembro de 2010, teve início uma série de operações de ocupação em algumas favelas do Rio de Janeiro, com o objetivo de combater a criminalidade. Rene fez uma cobertura da cinematográfica intervenção militar no Alemão via rede social e, como diz, aconteceu uma “virada de chave” na sua carreira como jornalista.

Ele estava com 17 anos e começou a responder mensagens pelo aplicativo Twitter, contando para as pessoas os fatos em tempo real… Seus tweets começaram a viralizar, atraindo a atenção de pessoas famosas e da grande mídia, muito além de seus 200/300 seguidores.

Os noticiários das emissoras Globo, SBT e Record falavam o seu nome e mostravam os tweets enquanto transmitiam ao vivo a ocupação das favelas cariocas.

“Eu nunca tinha viajado, nunca tinha saído do Rio de Janeiro, e dois meses depois eu estava viajando pra São Paulo; um ano depois, eu estava na Inglaterra, viajando o Brasil inteiro, fazendo palestras em escolas, faculdades, empresas, em tudo quanto é lugar, porque todo mundo queria saber desse case de sucesso do Twitter, o que aconteceu, como aconteceu”.

Prêmios e influência

Além de participação em programas de TV, palestras no TEDx, para executivos de multinacionais e gigantes da tecnologia, congressos no Brasil e no exterior, Rene começou a acumular prêmios, entre eles da Revista Forbes e do britânico The Guardian. Em 2018, foi incluído na lista de afrodescendentes mais influentes do mundo numa seleção chancelada pela ONU – Organização das Nações Unidas.

Quanto ao Voz, tomou proporções muito maiores do que o esperado no início de sua trajetória. O jornal se espalhou por outras 10 favelas do Rio. E Rene tornou-se um jornalista e influenciador de grande popularidade – chegou a 240 mil seguidores no Twitter.

A palavra e +

Rene Silva já se encontrou com o piloto britânico Lewis Hamilton e o presenteou com um boné com a sigla CPX – ComPleXo – com as cores da bandeira do Brasil. Acessório, aliás, utilizado pelo presidente Lula durante sua visita ao Complexo do Alemão e alvo de diversas fake news, que poderiam comprometer todo o trabalho.

O que não se esperava é que o boné caísse no gosto do público das redes sociais a ponto de impulsionar uma campanha de arrecadação de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade: a cada cesta básica doada gerava, como brinde, um boné CPX.

O Voz também promoveu a “Invasão de Livros” no Alemão, com a arrecadação de milhares de livros para as crianças e a publicação do primeiro livro de Rene, chamado “A Voz do Alemão”.

19 anos

Passados 19 anos, o Voz das Comunidades atua com um Portal, é um site, tem 312 mil seguidores só no Instagram – dado de 9 de setembro de 2024.

Mais que uma mídia – as reportagens impressas foram distribuídas até junho de 2022 -, oVoz das Comunidades se reconhece como “organização não governamental que desenvolve trabalhos por meio das áreas de impacto social e jornalismo comunitário“.

O aplicativo do Voz das Comunidades conta não só com pesquisas, como também concursos, atalhos para aqueles que desejam entrar em contato com o jornal e saber as notícias que fazem parte do cotidiano dos favelados.

Outro diferencial do Voz é o foco na perspectiva do morador da favela, além de mostrar um lado das comunidades que a grande mídia não aborda e promover eventos voltados à arte e mostrar quem forma a comunidade onde se vive.

O Voz das Comunidades tinha um nome em 2005 e tornou-se uma rede de pessoas pensantes, de dentro para fora, uma rede de 35 pessoas da área de comunicação, como contou René no Negritudes Globo – São Paulo 2024, às vésperas de celebrar seus 30 anos. Ele é de 25 de outubro.

Vale entrar na plataforma para conhecer o trabalho em detalhes. Inspirar-se

Fontes: Correio Braziliense, Folha de S.Paulo, BBC, Voz das Comunidades, Wikipédia

Setembro de 2023. Atualizado em 9 de setembro de 2024

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