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Lewis Hamilton, primeiro, único e o maior na Fórmula 1

Imagine alguém que não apenas quebra recordes na pista, mas também barreiras fora dela. Esse é Lewis Hamilton, um verdadeiro pioneiro na Fórmula 1. Nascido em 7 de janeiro de 1985, em Stevenage, Reino Unido, Hamilton não é apenas conhecido por suas habilidades incomparáveis como piloto, mas também por ser o primeiro e único piloto negro a dominar a categoria, tornando-se uma referência do século XXI. Vamos mergulhar na história desse campeão que, com cada vitória, não apenas faz história na F1, mas também luta incansavelmente por igualdade e justiça social.

Lewis Carl Davidson Hamilton, nascido em 7 de janeiro de 1985, em Stevenage, Reino Unido, é um dos desbravadores, pioneiros, o maior vencedor de todos os tempos de Fórmula 1. O primeiro piloto a conquistar cem vitórias na modalidade, ativista,  referência do século XXI.

25 de outubro de 2020 – A data marca o dia que o único piloto negro da Fórmula 1 entra para a história com sua 92ª vitória ao vencer o Grande Prêmio de Portugal e ultrapassar o alemão Michael Schumacher em número de vitórias na categoria, no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão.

26 de setembro de 2021 – O negro Lewis Hamilton, piloto inglês da Mercedes, conquista a centésima vitória da carreira em Sochi, no GP da Rússia. É o primeiro piloto a chegar a essa marca na modalidade.

E estes dois parágrafos são apenas uma sombra das manchetes que trazem o nome de Lewis Hamilton como sujeito da história.

E contando….

Em 11 de outubro de 2020, ao vencer o 91º Grande prémio de Fórmula 1, à frente da equipe alemã Mercedes, e igualar seu recorde às vitórias de Michael Schumacher, no GP de Eifel, em Nürburgring, na Alemanha, Lewis Hamilton começa a contagem regressiva.

Presente no circuito de Nürburgring, Mick, filho de Michael Schumacher ,viu a vitória de Hamilton e o presenteou com um capacete vermelho após a corrida. O jovem de 21 anos é membro da academia de pilotos da Ferrari e está cotado a um lugar no grid em 2021, para correr na Alfa Romeo.

Já seu pai, de quem pouco se sabe a respeito do estado de saúde, continua em recuperação de um gravíssimo acidente sofrido enquanto esquiava nos Alpes Franceses, em 2013.

No Grande Prêmio da Turquia de 2020, Lewis Hamilton ultrapassa o recorde de 72 vitórias por uma mesma equipe, de Schumacher pela Ferrari, com seu 73.º triunfo pela Mercedes. Nesse mesmo Grande Prêmio, Hamilton sagra-se heptacampeão vencendo a temporada de Fórmula 1 e iguala seus títulos aos sete títulos de Schumacher.

Sempre na elite

Um dos raros casos de piloto que conseguiu estrear na Fórmula 1 em uma equipe de ponta, começou na elite do automobilismo pela McLaren, e que aos 35 anos de idade é considerado um dos maiores pilotos de todos os tempos, um dos mais bem sucedidos da história do esporte, o mais novo campeão de todos os tempos – 23 anos -, além de ser o primeiro piloto negro e primeiro campeão negro na Fórmula 1.

Em números,  Lewis Hamilton tem o maior número de vitórias em corridas de Fórmula 1, com 3 triunfos, e também é o primeiro em número de títulos mundiais de Fórmula 1, juntamente com Michael Schumacher.

São cerca de 300 GPs na carreira, sete vezes em primeiro lugar – 2008, 2014, 2015, 2017, 2018, 2019, 2020.

Detém, ainda, recordes absolutos, como o de maior número de pontos na carreira (4.165,5), o maior número de pole positions (103), maior número de voltas lideradas (5.396), o maior número de pódios (191) e o maior número de corridas perfeitas  (Grande Chelem) em uma temporada (3).

Isso em 30 de janeiro de 2023, data de atualização deste texto.

Sem zona de conforto

Lewis Hamilton é o esportista mais rico do Reino Unido, mas ele é negro e sabe que não existe zona de conforto possível em um mundo tão desigual. E, assim, vai além das pistas… podendo tornar-se o atleta dos recordes nas pistas e dos mais influentes em causas sociais da história!

Um boicote às redes sociais, contra a disseminação de discursos de ódio, especialmente contra negros e mulheres, já ganhou força com o seu apoio.

Ele escreveu em seu perfil no Instagram:

“O esporte tem o poder de nos unir. Não vamos aceitar o abuso como parte do esporte, mas, em vez disso, vamos ser aqueles que farão a diferença para as gerações futuras”.

2020 – o ano em que vivemos em perigo por causa da pandemia de Covid-19 – marca mais uma conquista de Lewis Hamilton e para o povo preto: o hexacampeão se tornou uma das principais vozes ativas contra o racismo.

Por que demorou tanto?

Ele afirma ter sido ‘silenciado pelo racismo’ e se arrepende de não ter-se posicionado antes.

A necessidade de se posicionar começou após os protestos do ex-jogador da NFL Colin Kaepernick, em 2016. O então quarterback do San Francisco passou a se ajoelhar durante a execução do hino do hino nacional dos Estados Unidos antes das partidas, em forma de manifestação contra o comportamento racista do país – isso valeu ao atleta uma expulsão silenciosa do futebol americano profissional.

“Ele perdeu o emprego e não o teve de volta. Conversei com ele, usei um capacete vermelho (a cor do 49ers) com o número que ele utilizava, mas depois fui silenciado. Me disseram para não continuar, não apoiá-lo, senão eu iria me arrepender”, conta Lewis Hamilton sem citar nomes.

Mas antes do início da temporada 2020, com o Grande Prêmio da Áustria, o primeiro da nova e curta temporada da F1, Lewis Hamilton, com a sua camiseta “vidas negras importam”, encabeçou um protesto com os 20 pilotos do grid concentrados e com camisetas pedindo o fim do racismo. A ideia era que todos se ajoelhassem, como Colin Kaepernick, mas nem todos quiseram.

“E não quero que as pessoas sintam-se forçadas a nada. Quero pessoas que estejam animadas para fazer parte da mudança e quero encorajá-las a pensar: ‘quero ser parte da mudança para que nossos filhos tenham uma vida melhor no futuro’. É disso que se trata.”

Na Itália, Lewis Hamilton venceu o GP da Toscana e subiu ao pódio com uma camiseta que pedia a prisão dos policiais que mataram Breonna Taylor, em referência ao caso da jovem negra de 26 anos, morta a tiros pela polícia em seu apartamento em Louisville, no Kentucky, em março – os policiais envolvidos foram apenas afastados ou demitidos, sem que nenhuma acusação criminal fosse apresentada.

Com George Floyd

Os protestos gerados a partir do assassinato de George Floyd, em maio de 2020, Black Lives Matter, por duas vezes, pelo menos, contaram com sua presença. O piloto declarou que o movimento foi fundamental para que vencesse o seu sétimo título de Fórmula 1:

“Queria chegar ao fim dessas corridas primeiro para que pudesse dar lugar a essa plataforma, colocá-la o máximo possível sob os holofotes”.

Naquele novembro de 2020, Lewis Hamilton chorou e contou em entrevista ao site Uol:

“Lembro-me de ter visto pilotos chorando antes e eu pensava ‘eu nunca vou fazer isso’. Mas hoje foi demais”.

Ele conta, ainda, que as emoções transbordaram após ele cruzar a linha de chegada depois de voltas em que o filme de toda a carreira e dos sacrifícios feitos por sua família insistiam em passar por sua cabeça mesmo com ele tentando focar em levar seu carro até a bandeirada. E não é por acaso que a primeira frase que lhe veio à mente foi dedicar a conquista às “crianças que sonham o impossível“.

Ser menino preto

O heptacampeão de F1, sete vezes campeão, um dos maiores de todos os tempos, o maior negro dentro do automobilismo, como piloto e como atvista, em entrevista ao podcast On Purpose, em janeiro de 2023, fala de ser menino preto e conta que a escola foi a parte “mais traumatizante e difícil da vida”:

Eu já sofria bullying aos seis anos… Eu era uma de três crianças racializadas. Crianças maiores e mais fortes ficavam me atacando. E os golpes, as coisas que jogavam em você, como bananas, ou pessoas usando a palavra “N” de forma tão tranquila. Pessoas te chamando de mestiço, e sem saber onde você se encaixa. Isso para mim foi difícil”.

(Na língua inglesa, a palavra nigger – o “N” a que se refere o piloto, é um insulto racial, uma ofensa, geralmente direcionado ao povo preto.).

Na escola secundária, onde estudou dos 11 aos 16 anos, a realidade não foi diferente — a rotina de luta contra o abuso, segundo Hamilton, se assemelhava a “nadar contra a corrente”:

“Tinha seis ou sete crianças negras em um total de 1200. Três de nós eram colocados do lado de fora do escritório do diretor o tempo todo. Não sentia que podia ir para casa e contar aos meus pais que as crianças seguiam me chamando da palavra com N, que sofria bullying e apanhava. Não queria que meu pai pensasse que eu não era forte.”

Na passarela

2017 marca o início da mudança no modo de Lewis estar na vida. Entre suas primeiras atitudes ativismo está o assumir-se vegano, ambientalista e forçar mudanças dentro Mercedes, para diminuição de consumo de plástico.

Junto à Fórmula 1, passou a cobrar mais sustentabilidade através da diminuição das emissões de carbono e medidas para diminuir os custos das categorias de base e garantir que os jovens kartistas não deixem a escola de lado, iniciando sua briga pela diversidade em um esporte dominado por homens brancos.

Law Roach, Sha’Carri Richardson, Lewis Hamilton, Kenneth Nicholson e Miles Chamley-Watson. (Foto: David Cranford)

Nas suas coleções de moda, Lewis pesquisa produtos sustentáveis e no 14 de setembro de 2021, ele apareceu no maior evento de moda norte-americano, o MET Gala, em Nova York, acompanhado por jovens designers negros, em início de carreira.

“Esta noite, eu sou anfitrião em uma mesa. Eu trouxe três incríveis e talentosos designers negros. Vamos exaltar a beleza, a excelência e o talento”, declarou à revista  Vogue.

Mas todas estas histórias são apenas exemplo de seu ativismo que inclui, sim, a discriminação positiva de pessoas pretas.


Fontes: Folha; Uol; Veja. Instituto Luiz Gama, Exame

Atualizado em 30 de janeiro de 2023.

Lewis Hamilton: O Ícone que Revolucionou a Fórmula 1 Dentro e Fora das Pistas

Lewis Hamilton é um nome que ressoa não só no mundo da Fórmula 1, mas em toda a esfera esportiva e além. Com uma carreira repleta de conquistas, Hamilton se destacou ao se tornar o primeiro piloto a alcançar cem vitórias na modalidade, um feito histórico alcançado em 26 de setembro de 2021, no GP da Rússia. Além de suas vitórias, Hamilton é conhecido por seu ativismo, sendo uma voz ativa contra o racismo e promovendo a diversidade e inclusão no esporte. Seu legado vai além das pistas, inspirando mudanças significativas na Fórmula 1 e no mundo esportivo em geral.

Quem é Lewis Hamilton? Lewis Hamilton é um piloto britânico de Fórmula 1, conhecido por ser o primeiro e único piloto negro a conquistar recordes históricos na categoria, incluindo ser o primeiro a alcançar cem vitórias.

Quais são os principais recordes de Lewis Hamilton na Fórmula 1? Hamilton detém o recorde de maior número de vitórias em corridas de Fórmula 1, maior número de pole positions, maior número de voltas lideradas, entre outros. Ele também é heptacampeão mundial, igualando o recorde de Michael Schumacher.

Como Lewis Hamilton contribui para o ativismo social? Hamilton é uma voz ativa contra o racismo, promovendo a diversidade e inclusão no esporte. Ele apoiou o movimento Black Lives Matter, protestou contra a violência policial e trabalha para aumentar a representatividade negra na Fórmula 1 e em outras áreas.

Quando Lewis Hamilton conquistou sua centésima vitória? Hamilton conquistou sua centésima vitória na Fórmula 1 em 26 de setembro de 2021, no Grande Prêmio da Rússia.

Qual é o impacto de Lewis Hamilton fora das pistas? Fora das pistas, Hamilton impacta positivamente ao lutar por justiça social, igualdade racial e sustentabilidade ambiental. Ele também incentiva jovens de comunidades subrepresentadas a perseguirem carreiras em STEM e no esporte.

3 comentários em “Lewis Hamilton, primeiro, único e o maior na Fórmula 1”

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