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InícioPioneirismo NegroAntônio Alberto Lopes, primeiro diretor negro da Faculdade de Medicina da UFBa

Antônio Alberto Lopes, primeiro diretor negro da Faculdade de Medicina da UFBa

E se passaram mais de 200 anos para que uma pessoa negra ocupasse a cadeira de diretor na instituição de ensino superior mais antiga da história do Brasil.

Antônio Alberto em frente a UFBa
Antônio Alberto em frente a UFBa (Foto: Marina Silva/CORREIO).

Ele é o primeiro professor negro a concorrer ao cargo de diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (FMB/Ufba) e o primeiro a chegar lá, em 215 anos de história!!! Eleito em 25 de maio de 2023, Antônio Alberto da Silva Lopes obteve a maioria dos votos dos alunos, docentes e servidores da universidade.

“Foi a coisa mais bonita e histórica. É o primeiro diretor negro da Faculdade de Medicina. Nunca houve essa possibilidade antes. Enfrentamos questões difíceis ao longo dessa campanha, como racismo, homofobia e intolerância. Foi muito difícil, mas a democracia e o combate ao racismo venceram”, declarou emocionado o diretor eleito durante a festa de comemoração.

A primeira faculdade de medicina do Brasil foi fundada em 1808, com o nome de Escola de Cirúrgica da Bahia. 

Currículo impecável

Sua história na instituição começa em 1980, onde, atualmente, é Professor Titular e Livre Docente de Medicina Interna/Nefrologia. Na sua carreira acadêmica, ainda,  PhD em Ciência Epidemiológica e dois Mestrados, um em Saúde Pública, pela Universidade de Michigan, e outro Medicina Interna pela UFBa, onde já autou como Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação e chefe do Núcleo de Epidemiologia Clínica e Medicina Baseada em Evidências do Hospital Universitário.

Como pesquisador, o diretor eleito tem-se dedicado ao desenvolvimento de trabalhos na área de doença renal crônica, com cerca de 130 artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais e numerosos trabalhos em anais de congressos internacionais. 

Antonio Alberto é também co-investigador e membro de forças-tarefa para o desenvolvimento de protocolos do Dialysis Outcomes and Practice Pattern Study,  o maior estudo prospectivo internacional  desenvolvido na área de hemodiálise, que envolve mais de 20 países.

No âmbito internacional, o acadêmico atua, ainda, como membro do Steering Committee internacional do Chronic Kidney Disease Outcomes and Practice Pattern Study.

No Brasil, é membro da Academia de Medicina da Bahia e das sociedades, brasileira e internacional, de Nefrologia e pesquisador principal do Estudo Prospectivo do Prognóstico de Pacientes em Hemodiálise de Manutenção.

Antônio Alberto

Saúde negra

Entre os principais  desafios que Antonio Alberto se propõe enfrentar à frente da Faculdade de Medicina está a criação de um centro de pesquisa internacional voltado para saúde das populações negra e indígena. E um dos resultados esperados do centro é o intercâmbio estudantil de mão dupla.

Na lista das enfermidades, objeto de pesquisa, estarão: anemia falciforme, hipertensão arterial, doença renal crônica e acidente vascular cerebral. 

A meta do diretor é fazer uma faculdade de medicina moderna, que valorize aspectos humanísticos.

Pregação no deserto

Durante a campanha, que começou no dia 28 de abril, o professor Antônio Lopes foi alvo de ataques racistas, o que gerou denúncias à ouvidoria da universidade. 

O Jornal Correio, da Bahia,  teve acesso a prints de grupos de mensagens em que era colocada em dúvida a sanidade mental do então candidato.

Em dois e-mails,  enviados às turmas de Medicina, pela “Voz do Deserto”, uma ilustração de cunho racista criticava a presença de pessoas negras na instituição e se referia ao professor Antônio Lopes como “Dr. Caramujo” que, no Sítio do Pica-pau Amarelo, cura todos os males com pílulas milagrosas.

A melhor resposta.


Fontes:  Africanize Oficial, Correio 24h

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