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Sidney Poitier, um tapa na cara do racismo

O primeiro homem negro a levar uma estatueta do Oscar para casa fugiu do script e desferiu um tapa na cara de um homem branco na tela do cinema nos anos 1960.

Sidney Poitier
Sidney Poitier (Imagem: Reprodução/AZ Big Media)

Sidney Poitier nasceu com 1,4 kg em 20 de fevereiro de 1927 em Bahamas, Miami. Aos 10 anos, se viu no espelho pela primeira vez. Tirou a primeira foto aos 16 e, aos 20, leu seu primeiro livro. Ingressou no Exército para fugir do frio e da fome. Depois, trabalhou como lavador de pratos. Aos 23 anos, deu início a sua carreira de ator e fez o primeiro de seus mais de 50 filmes, O Ódio é Cego, em 1950, faturando três mil dólares.

O ator comenta sobre o primeiro filme no livro autobiográfico Uma Vida Muito Além das Expectativas:

“Foi o máximo. Filmes com negros não eram feitos. Mas havia quem visse a humanidade como uma família e não como senhores e escravos. Fui escolhido para o papel de um médico negro. Com isso, Joseph P. Mankiewicz inspirou pessoas pelo mundo. Tínhamos uma democracia segregacionista que não permitia que os negros participassem da sociedade. Era um resíduo da escravidão.”

Conquistas

Sidney Poitier é o primeiro ator negro a ganhar um Oscar: ano de 1963, por seu performance no drama Uma Voz nas Sombras ( Lilies of the Field).

Em 2002, conquista outro pioneirismo, o de primeiro artista negro a receber um Oscar honorário pelo conjunto da obra.

Sidney Poitier recebendo o oscar (Imagem: divulgação)
Sidney Poitier recebendo o oscar (Imagem: divulgação)

A cena mais marcante de sua carreira, entretanto, acontece no filme No Calor da noite, em 1967, do diretor Norman Jewison. 

Interpretando um policial chamado Virgil Tibbs, Poitier interroga um poderoso senhor de terras do Mississipi, Eric Endicott, sobre um assassinato. O racista Endicott sentindo-se humilhado, dá um tapa na cara de Tibbs. A reação é imediata: Tibbs devolve o tabefe mais forte ainda.

“Aquele tapa valeu por mil marchas contra o racismo”, disse, quase 30 anos mais tarde, Rod Steiger, que levou o Oscar de melhor ator pelo filme. “Foi um choque. Ninguém havia visto uma cena daquelas no cinema.”

Vale destacar que o revide não estava no roteiro e só foi incluído por exigência de Poitier.

Inspiração

No meio do caos social e dos conflitos raciais que sacudiam a América do Norte no fim dos anos 1960, o tapa de Tibbs ecoou forte e fez de Poitier um ícone do movimento negro, mas não uma unanimidade.

Mas ele abriu portas de Holywood para um sem número de atores negros, foi referência para Denzel Washington, que passados mais de 30 anos, foi o segundo ator negro a levar para casa uma estatueta de Oscar, de Melhor Ator Coadjuvante.

Denzel Washington
Denzel Washington (Imagem: Reprodução/TCM)

Além de ator, diretor e autor, Sidney Poitier é diplomata bahamense estadunidense -foi embaixador das Bahamas no Japão entre os anos de 1997 e 2007. 

Casado duas vezes, com Juanita Hardy, de 1950 e 1965, e com Joanna Shimkus, por 45 anos, com quem teve seis filhos, incluindo a também atriz Sydney Tamila Poitier.

Na morte

Sidney Poitier – um dos últimos astros vivos da Era de Ouro de Hollywood, homenageado pela Academia em 2002, recebendo o Oscar pelo Conjunto da Obra, por sua contribuição ao cinema – morreu em 6 de janeiro de 2022, aos 94 anos de idade, em Los Angeles.

Sua última aparição no Oscar foi em 2014, quando apresentou o prêmio de Melhor Diretor ao lado de Angelina Jolie. Na ocasião, o ator foi ovacionado de pé pelos presentes.

A indústria cinematográfica ainda não estava pronta para elevar mais de uma personalidade das minorias à categoria de estrela”, escreveu em sua autobiografia This Life. “Na época, eu encarnava as esperanças de todo um povo. Não tinha controle sobre o conteúdo dos filmes, mas podia recusar um papel, o que fiz muitas vezes.”

Além de seu trabalho nos cinemas, Poitier foi ativista pelos direitos civis, recebendo por sua constante atuação na causa a Medalha Presidencial da Liberdade pelo presidente Barack Obama, em 2009.

Em seu obtuário, na mídia, Sidney Poitier foi descrito como um ícone, a primeira estrela de cinema afro-americana de Hollywood, fundamental para a diversidade na indústria cinematográfica, influente, desbravador de caminhos , ao retratar o homem negro de forma não estereotipada…

“Antes de Sidney, os atores afro-americanos tinham que assumir papéis coadjuvantes em grandes filmes de estúdio que eram fáceis de cortar em certas partes do país. Mas você não podia cortar Sidney Poitier de um filme de Sidney Poitier.”

(Palavras de Denzel Washington)

Fonte: Folha de S. Paulo 14/02/2010, Wikipedia, G1

Atualizado 14 de fevereiro de 2021

2 comentários em “Sidney Poitier, um tapa na cara do racismo”

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