Duas vezes presidente dos Estados Unidos da América, por oito anos, junto com sua família preta, transforma em lar a principal casa política do planeta.
Barack Hussein Obama II, o presidente negro dos Estados Unidos da América, o presidente da América. América do amor e do ódio. América que imitamos e condenamos. América da globalização.
O que significa Barack Hussein Obama no poder?
A resposta está no coração de cada americano, seja ele do norte ou do sul, branco, negro, amarelo, vermelho ou combinado de raças.
Barack Hussein Obama faz ressurgir das cinzas os Estados Unidos da América. Faz ressurgir no coração do mundo a esperança. Por ele, redescobre-se a importância do voto.
Político, Barack Hussein Obama é o mestre de cerimônias da festa de cidadania vivida pelos norte-americanos e multiplicada no coração do mundo.
Uma luta de sempre
Com os olhos voltados aos meus tempos de militância, lembro da reedição do símbolo americano do poder negro, do cabelo black Power, de Martin Luther King Jr., Malcom-X. Quantos lutaram… Quantos morreram lutando…
Para nós, negros do Brasil, exemplos de luta a serem seguidos.
Mas não sei se em algum tempo, longe dos romances, poderíamos imaginar um negro na Casa Branca. Não.
Barack Obama representa mais que um negro na Casa Branca. É a família Obama que assume o poder. É a família Obama que exemplifica na sua formação, na sua garra, na sua elegância, na sua inteligência, na sua história.
Meu coração está em festa. E sei que muitos corações militantes e não-militantes, do passado e do presente, estão em festa. Os americanos do norte chegaram lá. E nós, que sempre imitamos os americanos do norte, nos permitimos, agora, imaginar que chegaremos lá, também.
Poder negro
Obama não é unanimidade nacional, é unanimidade mundial. O planeta está feliz com sua vitória. É um novo olhar sobre o Universo que habitamos. Ele se propõe arrumar a casa, de mãos dadas com todos que o elegeram. A tarefa não é pequena nem simples.
Como lembra em seu discurso são duas guerras, uma crise financeira e desmandos sem-fim de seu antecessor, que encontrou a América rica e a deixa quase na miséria, que encontrou a ordem e a deixa no caos.
Que bênção um homem negro ter sido escolhido para colocar a América em ordem. Que a boa vontade que Barack Obama conseguiu inspirar no coração de muitos dirigentes das Américas do Sul e Central e da Europa, que a alegria queniana da África contamine as próximas decisões que terão de ser tomadas para que possamos viver em um mundo mais solidário, mais humano, mais feliz.
Pioneirismo eleitoral
Tanto nas primárias como na eleição geral, a campanha de Obama estabelece vários recordes de captação de recursos, principalmente na quantidade de pequenas doações.
Em 19 de junho de 2008, na primeira eleição, se torna o primeiro candidato presidencial de um partido principal a recusar o financiamento público de campanha desde que o sistema foi criado em 1976.
No colégio eleitoral, em 6 de novembro de 2012, ganha 332 votos, superando os 270 votos necessários para que fosse reeleito. E, com 51,1% dos votos populares, torna-se o primeiro presidente democrata desde Franklin Delano Roosevelt a ganhar duas vezes a maioria dos votos populares.
Um político premiado
Obama ganha, por duas vezes, o Grammy Awards de Melhor Álbum Falado por sua versão em audiolivro das obras de sua autoria: Dreams from May Father (A Origem dos Meus Sonhos) e The Audacity of Hope (A Audácia da Esperança), em 2006 e 2008.
Também por duas vezes, em 2008 e 2012, a revista Time nomeia Obama a Pessoa do Ano, por suas candidaturas e eleições históricas, descrevendo-o como “a marcha constante de realizações aparentemente impossíveis”.
Em 2005 e 2007, a mesma revista Time o inclui na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo. Na lista da revista Forbes, das pessoas mais poderosas do mundo, Obama ocupa a primeira colocação por três vezes – 2009, 2011 e 2012 -, ficando em segundo em 2010, quando é superado pelo presidente chinês Hu Jintao, em 2013, e em 2014, superado por Vladimir Putin, da Rússia, e em terceiro lugar em 2015, quando a premiê alemã Angela Merkel conquista o segundo lugar, com Putin permanecendo em primeiro. Nada a reclamar.
Obama é o quarto presidente dos Estados Unidos a ser agraciado com o Prêmio Nobel da Paz de 2009 pelos “extraordinários esforços para reforçar o papel da diplomacia internacional e a cooperação entre os povos”.
Na Casa Branca
Durante o primeiro mandato, Obama sanciona propostas de estímulo econômico e investe na criação da Lei de Proteção e Cuidado ao Paciente, projeto que passa a ser chamado de Obamacare.
Na política externa, determina o fim do envolvimento norte-americano na Guerra do Iraque, aumenta a tropa no Afeganistão, assina tratados de controle de armas na Rússia, autoriza intervenção armada na guerra civil líbia e ordena uma operação militar no Paquistão que resulta na morte de Osama Bin Laden.
Reeleito, promove políticas internas para o controle de armas, em resposta ao tiroteio na escola primária de Sandt Hook e outros massacres, e defende a igualdade LGBTQIAP+.
No âmbito externo, a fim de conter a ameaça do grupo Estado Islâmico no Oriente Médio, ordena a volta de tropas militares ao Iraque e autoriza ataques aéreos e navais na Síria, além de continuar o plano para encerrar operações no Afeganistão, promover discussões sobre mudanças climáticas e iniciar o processo de normalização das relações entre Cuba e Estados Unidos.
Deixar a Presidência com 60% de aprovação – um governo sendo bem avaliado por historiadores e acadêmicos. Mesmo assim, não elege seu sucessor no Colégio Eleitoral, só nas urnas – o que não é suficiente nos Estados Unidos.
Pós presidência
A presidência de Obama se encerra formalmente ao meio-dia de 20 de janeiro de 2017, com a posse do seu sucessor, o empresário republicano Donald Trump.
Os Obama continuaram residindo na capital do país, Washington, para que a filha caçula do casal, Sasha concluísse o ensino médio na mesma escola.
Aí, outro pioneirismo: Obama é o primeiro presidente em quase 100 anos a continuar morando em Washington após terminar a presidência. Mas, na cidade, a família mantem uma rotina discreta.
Em março de 2017, Barack e Michelle, a primeiríssima dama negra dos Estados Unidos, assinam um contrato editorial com a Random House para publicarem suas memórias, recebendo previamente da editora pelo menos U$ 65 milhões, valor mais alto dado a um casal presidencial pela publicação de suas memórias – a título de comparação, George W. Bush recebeu cerca de U$ 10 milhões por suas memórias e Bill Clinton, U$ 15 milhões.
A obra, intitulada A Promissed Land (A Terra Prometida), publicada em 2020, rapidamente se torna um best seller.
Além disso, o casal firma um acordo com a Netflix em maio de 2018 para a produção de filmes e séries para a plataforma. De acordo com o New York Post, o contrato renderia aos Obama mais de U$ 50 milhões.
Ficha técnica
Barack Hussein Obama II ocupa a Presidência dos Estados Unidos da América de 2009 a 2017, pelo Partido Democrata. É o 44º presidente dos EUA, o primeiro afro-americano a ocupar o cargo.
Graduado em ciência política pela Universidade de Columbia e em direito pela Universidade de Harvard, ocupa a presidência da Harvard Law Review, uma das revistas jurídicas mais prestigiadas e de maior circulação do mundo, feita integralmente por estudantes.
Antes de assumir a carreira política no congresso americano, como senador, Obama milita como organizador comunitário, advogado na defesa de direitos civis e professor de Direito Constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago.
Filho de Ann Dunham, branca de ascendência principalmente inglesa, nascida no Kansas, e de Barack Obama, Sr., economista queniano, nosso pioneiro nasce em 4 de agosto de 1961, em Honolulu, no Havaí (EUA).
O casamento de seus pais dura pouco e Obama é criado por sua mãe, que se muda com o filho recém-nascido para Seattle.
Marido de Michelle, Obama tem duas filhas – Maila e Natasha. Os quatro formam a primeira família negra a viver na Casa Branca, representam a primeira família negra dos Estados Unidos da América.
Pingback: Tiana, a primeira princesa negra da Disney • Primeiros Negros
Pingback: Super-heróis negros • Primeiros Negros
Pingback: Superman negro, somos muitos! • Primeiros Negros
Pingback: ‘Corra!’, melhor roteiro do Século XXI • Primeiros Negros
Pingback: Inteligência negra ‘11.0’!
Pingback: Oprah, primeira negra bilionária da história
Pingback: Ida B. Wells-Barnett, pioneira na luta negra por Justiça nos EUA
Pingback: Sidney Poitier, um tapa na cara do racismo