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Grazzi Brasil, voz preta feminina pioneira no Carnaval do Bexiga

Você já ouviu falar de Grazzi Brasil? Essa mulher incrível é a definição de pioneirismo e talento no mundo do samba. Nascida em 12 de agosto de 1987, Grazzi não só conquistou o título de primeira mulher negra intérprete de samba enredo da tradicional escola de samba Vai-Vai em São Paulo, mas também levou sua voz poderosa para os desfiles cariocas, marcando presença e história. Com uma carreira que começou aos 13 anos, inspirada por ícones como Elis Regina e Clara Nunes, Grazzi Brasil é uma verdadeira força da natureza no Carnaval brasileiro. Vamos mergulhar na história dessa mulher extraordinária que transformou o samba com seu “Simbora”!

“Simbora” – seu grito de guerra –  já colocou a postos integrantes de escolas de samba do Rio e de São Paulo.

Na imagem posa Grazzi Brasil, pioneira do samba-enredo
Foto: Ana Branco / Agência O Globo

Graziele Raquel da Silva Santos, conhecida como Grazzi Brasil, nasceu em 12 de agosto de 1987, é cantora, sambista e intérprete de samba-enredo.

Atualmente, sua voz ecoa nos desfiles das escolas de samba cariocas, mas foi em São Paulo que ela conquistou o título de primeira mulher negra intérprete de samba enredo de uma das mais tradicionais escolas de samba da maior cidade do país, onde nasceu.

Esta história de  pioneirismo começa no bairro da Saracura, o Bexiga, a Bela Vista, na região central da capital paulista, no Grêmio Recreativo Escola de Samba Vai-Vai no ano de 2018.

Música na veia

Cantora desde os 13 anos, inspirada em Elis Regina e Clara Nunes, Grazzi  Brasil participou de programas de calouros na televisão, nas redes SBT e Record. 

Nos palcos, integrou o elenco do musicalCartola – O Mundo é Um Moinho” e foi backing vocal do grupo Pixote, da cantora Quelynah e da banda Sambasonics.

Leia também: Samba, da potência ao ato

Versátil, Grazzi interpreta obras de compositores consagrados da música popular brasileira e de jovens compositores.

No meio carnavalesco, ela ganha os holofotes em  2016, quando defende o samba enredo vencedor da Vai-Vai para o carnaval de 2017 nas eliminatórias da escola, “No Xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu… Menininha, mãe da Bahia, Ialorixá do Brasil”, sobre Mãe Menininha do Gantois.

Após a disputa vitoriosa, o convite para gravar uma participação na faixa da Vai-Vai no CD oficial das escolas do Grupo Especial de São Paulo, dividindo o microfone com Wander Pires, e para integrar o carro de som no desfile da escola. Assim, ela foi eleita pela crítica especializada a revelação do carnaval paulistano.

Nos sambódromos

A partir daí, o sucesso de Grazzi Brasil ultrapassou a divisa São Paulo-Rio e a  cantora foi chamada para defender diversos sambas nas disputas do carnaval carioca, encantando a escola de samba Paraíso do Tuiuti, do Grupo Especial, que a contratou para integrar o carro de som ao lado de Celsinho Mody e Nino do Milênio e defender o samba “Meu Deus, Meu Deus, está extinta a escravidão?”, para o carnaval de 2018.

Ela defendeu a obra em formato acústico durante o esquenta do consagrador desfile vice-campeão da Tuiuti, arrebatando o público.

E, além do vice-campeonato carioca, Grazzi foi promovida a intérprete oficial da Vai-Vai, tornando-se a primeira mulher e negra, na história da escola, fundada em 1930, cantando o samba-enredo “Vai-Vai, o quilombo do futuro”.

Cheia de garra, voltou aos programas de calouros. Só que desta vez escolheu a edição de 2017 do The Voice Brasil, da Rede Globo, com os quatro técnicos virando a cadeira para ela.

Após o carnaval de 2019, anunciou sua saída das Paraíso e da Vai-Vai e foi contratada pela São Clemente para o carnaval de 2020, que não aconteceu devido à pandemia da covid-19.

Mulher no samba

Grazzi está na pegada do derrubar barreiras. Mulher de São Paulo ganhando espaço no Rio de Janeiro, onde pioneiras como Elza Soares, Leci Brandão e Dona Ivone Lara já combateram o bom combate para criar um espaço feminino para além da ala das baianas e das rainhas de bateria.

Muita gente ainda torce o nariz pelo fato de eu ser mulher e cantar samba-enredo. Existem outras mulheres cantando no coro, mas eu sou a única intérprete oficial. Isso chateia. Tem gente que ainda não entendeu que música não tem gênero.”

Apesar de a maior parte dos componentes das escolas de samba hoje serem mulheres, Grazzi acredita que ainda estamos longe de ter um carro de som totalmente formado por mulheres. O samba ainda é cantado da forma mais confortável para o homem.

Em São Paulo, já tivemos Eliana de Lima, da Leandro de Itaquera; Bernadete,  cantando no Peruche, quinze anos depois. E, depois, ela, na Vai-Vai.

“Às vezes dá um desespero quando eu vejo que não tem mais ninguém. Onde estão as outras mulheres? Tem muita gente merecendo uma chance. Eu indico, já tentei ajudar, mas é muito difícil.”

Em entrevista à revista Marie Claire, Grazzi lembra que, na adolescência, nunca tinha pensado em carnaval como ambiente profissional de trabalho e percebe, quando olha para trás, que chegar a uma das posições mais concorridas do carnaval da capital paulista e do Rio de Janeiro não foi fácil.

“As críticas não chegam diretamente a mim, mas o machismo existe. E já ouvi que não vou conseguir cantar, que minha voz não tem potência…”  

Compositora

2021 marcaria a estreia da também compositora no samba-enredo da escola de samba Salgueiro, em parceria com Marcelo Lepiane, Leandro Thomaz, Rafael Gonçalves, Washington Rocco, Araken Alegria, Lanza Ouro Benê e Márcia Malandro Maneiro.O enredo aborda os lugares de resistência do povo preto no Rio de Janeiro e a música de Grazzi e seus parceiros foi escolhida entre 24 sambas inscritos para a competição.

 Abaixo, a letra do samba: 

“Salgueiro… é resistência na raiz
Essência da raça
Não nega a cicatriz
Marcas de tantas chibatas
Hoje mordaças…
Mascaradas de igualdade social


Adeus, baobá!  Levo o meu orixá
e a sua justiça
Pra sempre lembrar
que enquanto eu lutar
teu fogo me atiça
Foi no axé de mãe baiana,

saruê, que a herança yorubana vi nascer

Todo dia ela está; na entrada do terreiro
Batucada à luz do candeeiro.

Baixa a guarda, camará (ô camará)
Minha fé não vou negar (nem me curvar)
Desse jogo que é meu, ninguém me tira
Das ruas, sou eu, o rei da gira

Entre acordes de um violão
Ressoam tambores da pedra do sal (meu quintal)
Não sou mais um personagem
Guarde a sua maquiagem
Chegou o artista principal!
Eu sei a lei não me fez livre das mazelas
Cada quilombo, cada favela
Trago a força de zumbi
Salgueiro.. teu charme é ser diferente
Machado que quebra corrente
A ginga que mora em mim
Se nenhum canto de raça foi em vão
Fazer escola é fazer revolução!

Tire a mão da minha história que eu vou passar
Meu herói tem pele preta
Não vão nos calar
Kabecilê Xangô
Não se faz Academia
Sem a voz de quem lutou.”

Conheça mais mulheres negras pioneiras na música clicando aqui!

Grazzi Brasil: A Revolucionária Voz Feminina Negra no Samba

Grazzi Brasil, cujo nome de batismo é Graziele Raquel da Silva Santos, é uma cantora, sambista e intérprete de samba-enredo nascida em 1987. Sua carreira no samba ganhou destaque em 2018, quando se tornou a primeira mulher negra a interpretar samba-enredo na Vai-Vai, uma das escolas de samba mais icônicas de São Paulo. Antes de sua ascensão no Carnaval, Grazzi já havia demonstrado seu talento em programas de calouros e como parte de elencos musicais, incluindo o aclamado “Cartola – O Mundo é Um Moinho”. Sua versatilidade vocal e capacidade de interpretar uma ampla gama de compositores da música popular brasileira a destacaram no cenário musical. Grazzi Brasil não só quebrou barreiras em São Paulo, mas também fez história no Carnaval carioca, especialmente com sua participação no desfile vice-campeão da Paraíso do Tuiuti em 2018. Ela continua a ser uma figura influente no samba, desafiando estereótipos de gênero e promovendo a inclusão de vozes femininas no gênero.

Quem é Grazzi Brasil? Grazzi Brasil é uma cantora, sambista e intérprete de samba-enredo, conhecida por ser a primeira mulher negra a interpretar samba-enredo na escola de samba Vai-Vai em São Paulo.

Qual foi o marco inicial da carreira de Grazzi Brasil no Carnaval? O marco inicial da carreira de Grazzi no Carnaval foi em 2018, quando se tornou a primeira mulher negra intérprete de samba-enredo na Vai-Vai, uma das mais tradicionais escolas de samba de São Paulo.

Quais são as influências musicais de Grazzi Brasil? Grazzi Brasil foi influenciada por grandes nomes da música brasileira, como Elis Regina e Clara Nunes.

Como Grazzi Brasil contribuiu para o Carnaval carioca? Grazzi Brasil contribuiu para o Carnaval carioca ao participar do desfile vice-campeão da Paraíso do Tuiuti em 2018, onde defendeu o samba “Meu Deus, Meu Deus, está extinta a escravidão?”.

Qual é a importância de Grazzi Brasil para o samba e o Carnaval brasileiro? Grazzi Brasil é uma figura pioneira e inspiradora no samba e no Carnaval brasileiro, quebrando barreiras de gênero e raça, e promovendo a inclusão e representatividade de vozes femininas negras no gênero.

2 comentários em “Grazzi Brasil, voz preta feminina pioneira no Carnaval do Bexiga”

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