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Coalizão Negra por Direitos

A maior e mais importante articulação de movimento negro da geração atual, que se apresenta com o ineditismo de um projeto dos negros para o Brasil a partir do aquilombamento nos parlamentos.

Faixa da Coalizão Negra por Direitos em manifestação na Avenida Paulista (Imagem: Reprodução)
Faixa da Coalizão Negra por Direitos em manifestação na Avenida Paulista (Imagem: Reprodução)

A Coalizão Negra por Direitos – rede inédita na nossa história, que reúne mais de 250 organizações do movimento negro de várias partes do Brasil – assume a linha de frente contra o racismo institucional com  pré-candidaturas de afrodescendentes nas Eleições 2022.

A ideia de aumentar a representação na política institucional de pessoas negras comprometidas com uma agenda antirracista de desenvolvimento está na gênese, na origem da Coalizão.

Não por acaso, em junho de 2022, quatro meses antes do pleito, foi lançada a iniciativa Quilombo nos Parlamentos, para apoiar e fortalecer pré-candidaturas de pessoas negras na disputa por vagas no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas.

Compromisso

A Coalizão axulia no trabalho de divulgação dos candidatos e candidatas negros e negras e assume a frente da campanha Voto Antirracista, a partir de um site com orientações para a organização de Comitês com este propósito que podem se instalar em casa, na escola, no trabalho, na universidade, no bairro, por todas as cidades.

A ideia é reunir  familiares, colegas, amigos e vizinhos na ação, chamando para pequenas reuniões, presenciais ou virtuais, ou montando grupos de WhatsApp, Telegram…  O importante é juntar o povo, conversar, convencer! 

Na retaguarda, os comitês contarão com o apoio da Uneafro Brasil – Movimento de Educação Popular e Combate ao Racismo, do cofundador Douglas Belchior, que está no coração da Coalizão, ao lado de Hélio Santos, ativista histórico das questões raciais no País e que esteve à frente da articulação pela Lei de Cotas

1º Encontro Internacional da Coalizão Negra por Direitos (Imagem: Reprodução)
1º Encontro Internacional da Coalizão Negra por Direitos (Imagem: Reprodução)

No site Comitês Antirracistas, ainda, estão os 14 princípios do movimento, na promoção de ações conjuntas de incidência política e a agenda política, com a qual os quilombolas do século XXI estão comprometidos.

A iniciativa de formação do Quilombo nos Parlamentos é suprapartidária e reúne militantes de PT, PSOL, PCdoB, PSB, PDT e Rede dos estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e do Distrito Federal..

Ponto de partida

Tudo começa no início de 2019 quando um grupo de ativistas se organiza para visitar parlamentares negros em Brasília.  “A partir desse encontro, cria-se a possibilidade não só de articulação com e entre esses parlamentares”, conta a jornalista e escritora Bianca Santana, integrante da Coalizão.

E o resultado, no final do mesmo 2019, é a construção da agenda de 25 pontos – o norte de todos os candidatos –, que vai do direito à educação pública, gratuita, laica e de qualidade até a demanda por uma nova política de drogas, passando por temas como demarcação de terras, violência contra a mulher, encarceramento em massa e racismo ambiental.

A Coalizão é uma organização social, que reúne mais de 250 entidades do movimento negro na  luta antirracista em território nacional, criada oficialmente em 2019 e vista, atualmente, como o maior coletivo negro em atividade. Representa a continuidade de um processo longo, histórico, político do movimento negro no Brasil.

Logo da Coalizão Negra por Direitos
Logo da Coalizão Negra por Direitos

A trajetória política da organização teve como marco inicial o lançamento do manifesto “Enquanto Houver Racismo Não Haverá Democracia”, publicado em 2020. 

Desde então, a Coalizão tem promovido atividades de formação, de capacitação técnica e de busca por recursos financeiros para dar suporte a diversas iniciativas, além de criar plataformas que ajudam a ampliar relações entre os diferentes grupos e movimentos sociais.

Ativistas, à direita e à esquerda,  já se candidataram, pertenceram e criaram partidos políticos. A potência do movimento negro na atualidade, entretanto, está na esquerda.

 “Nós construímos essa esquerda, nós mulheres negras, como bem diz Vilma Reis e várias outras lideranças como Sueli Carneiro, empurramos a esquerda para a esquerda”, afirma Mônica Oliveira, integrante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e uma das lideranças da Coalizão Negra por Direitos.

Leia também Os que vieram antes na política.

Protagonismo feminismo

Outra marca que a Coalização evidencia é o protagonismo das mulheres negras na política – chega de trabalhar nos bastidores, no disfarce! Além de disputar as narrativas impostas pelo racismo, as integrantes do movimento negro querem disputar os mandatos, como defende Robeyoncé Lima: 

“É preciso que a gente aquilombe a política com lideranças negras dentro de espaços de poder e de tomada de decisão, a gente não vai mais admitir uma política feita sem os nossos corpos e sem o nosso protagonismo. […] Travestis negras no comando da nação”. 

“A gente precisa ter a caneta na mão e não só a caneta que cria as leis no parlamento, mas a caneta no executivo. Eu quero que esse Quilombo nos Parlamentos chegue no Congresso Nacional, mas também que o Brasil seja governado por uma mãe, mulher, preta”, reforça Dani Portela, vereadora do Recife e pré-candidata a deputada estadual pelo PSOL, mulher negra e mãe feminista, advogada popular e professora.

Violência no Parlamento

Até lá, no hoje, as parlamentares negras têm de enfrentar a violência da branquitude machista, sexista, homofóbica e intolerante do ponto de vista religioso. 

A vereadora Dani Portela, do Recife (PE), é mais uma das que, como Benny Briolli, do Niterói (RJ), tem  a vida ameaçada: 

 “Quantos e quantas dos nossos e das nossas estão neste momento ameaçados por ousarem ocupar o lugar que é nosso por direito?”

Quem mandou matar Marielle Franco?, passados quatro anos, ainda é pergunta sem resposta. Apesar disso, ela é semente, inspiração para a consolidação do movimento negro na política e para a ascensão de mulheres negras nos parlamentos

Anielle Franco – irmã da vereadora assassinada no Rio de Janeiro em 14 de março de 2018 -, presidenta do Instituto Marielle Franco, inclusive, reforça a importância de cuidar e garantir a segurança das mulheres negras envolvidas na política:

“Quem cuida das mulheres negras eleitas? Eu vi minha irmã com cinco tiros na cabeça. Não desejo isso a ninguém. […] Eu quero celebrar as mulheres negras enquanto elas estão vivas!” 

Política x pandemia

A estratégia de ampliar a presença de ativistas do movimento nos espaços da política institucional, seja no Legislativo ou Executivo, pela Coalizão, começa em 2020. As ações envolvem formações diversas, como comunicação e apoio para busca de recursos.

As ações, entretanto, acabaram atropeladas pela pandemia de covid-19, que impactou a todos – mas atingiu com mais força as populações negras.

Manifestantes com faixa da Coalizão Negra por Direitos em manifestação na Avenida Paulista (Imagem: Reprodução)
Manifestantes com faixa da Coalizão Negra por Direitos em manifestação na Avenida Paulista (Imagem: Reprodução)

Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, pretos e pardos representam 57% dos mortos pela doença, enquanto brancos são 41% dos mortos. 

E o número de mortes poderia ter sido maior não fosse a ação da Coalizão Negra por Direitos que, durante o momento mais crítico da pandemia da covid-19, nos anos de 2020 e 2021, em parceria com a Oxfam Brasil, realizou a campanha “Tem Gente Com Fome”, e doou toneladas de alimentos e mais de 54 mil cartões de alimentação para pessoas em situação de vulnerabilidade social no Brasil. 

Racismo x Democracia

O manifesto “Enquanto houver racismo, não haverá democracia“, aprovado em 2020, marca o retorno da Coalizão ao foco original: ocupar espaços de poder com uma bancada preta, combatendo o racismo institucional e participando da formulação de políticas públicas.

Além de questões eleitorais, é central e urgente para o movimento o combate ao racismo e ao genocídio da juventude negra , o fim da guerra às drogas e a efetivação do ensino de história africana. 

Acompanhe nossas propostas no PN Educação.

É necessária prontidão, também, para reverter os retrocessos do governo Bolsonaro em questões de emprego, renda e políticas de segurança alimentar para a população mais pobre – majoritariamente negra. 

#VotePreto
#VotePreta
#EleiçõesNegras2022

Acesse as candidaturas do Quilombo nos Parlamentos em quilombonosparlamentos.com.br


Fontes: Coalizão Negra por Direitos, Yahoo, Revista Cenarium, Brasil de Fato, Marco Zero

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