Temas Transversais
Propostas de conteúdo para atividades didáticas
Biblioteca para a população surda, em Muyinga, localizada em Burundi, pequeno país situado entre o Congo e a Tanzânia (Imagem: Reprodução BC Architects)
Os temas transversais expressam conceitos e valores básicos à democracia e à cidadania e obedecem a questões importantes e urgentes para a sociedade contemporânea: ética, meio ambiente, saúde, trabalho e consumo, orientação sexual e pluralidade cultural.
Não são disciplinas autônomas, mas temas que permeiam todas as áreas do conhecimento, intensamente vivida pela sociedade, comunidades, famílias, alunos e educadores no dia a dia.
O Ministério da Educação definiu que as instituições de ensino devem incorporar em seus planos pedagógicos e nós indicamos, por exemplo, o musical AmarElo, do rapper Emicida, que é história, sociologia, autobiografia, ancestralidade, educação.
AmarElo mostra como o negro transforma, desde sempre, dor em arte, dor em potência, dor em grandeza, na luta pelo direito de sonhar, de existir. Um trabalho que traz para o hoje a certeza de que não há raça, tom de pele, conta bancária ou diploma capazes de mudar a realidade de vidas e histórias negras e brancas entrelaçadas, para o bem e para o mal.
Nossa edição Excelência Negra pode inspirar a construção de exposição que apresenta o povo negro para além das artes e dos esportes, pois conta a história de nosso viver superlativo, da nossa potência, profissionalismo, garra e inteligência acima da média.
Ética e Cidadania
Artigos que abordam a questão judicial e a violência policial, a partir de um olhar negro, também cabem no ‘guarda-chuva’ da Ética e propomos uma roda de conversa a partir do filme O ódio que você semeia, que traz a filosofia do rapper Tupac, nascida da sua vivência periférica e escancara as mazelas geradas pelo racismo. Os impactos afetam a trajetória dos corpos negros desde a sua infância e o protagonismo no filme é da adolescência negra.
Música com roda de conversa é outro expediente legal e a letra de Olhos Coloridos, inspirada na violência policial, pode ser um momento de fala, de escuta, de acolhimento dos mais empoderadores.
Mais que opinião, Ética e Cidadania implicam conhecimento das leis e acesso à Justiça. Os maiores e mais famosos criminosos do país são brancos e ricos. Nos presídios, a maioria é negra e pobre. Quem usa a toga não faz cumprir a Lei Antirracista 7.716/89 nem a Constituição Federal que, no seu artigo 5º , diz que “todos são iguais perante a lei”.
E muitas outras leis que deveriam proteger o negro não têm sido cumpridas. Daí ser fundamental conhecê-las e fazê-las cumprir a partir de uma atitude cidadã.
Nosso site mantém, também, o Projeto Eleições Negras, com artigos sobre nosso passado, presente e futuro político. Textos com nossa história sobre o direito a votar, ser votado, cumprir o mandato e a importância de nos fazermos representar, de modo a criarmos políticas públicas que restaurem nosso pleno existir.
Infância, saúde e sociedade
Aqui, nossa proposta é o diálogo sobre suicídio – estratégia para matar a dor que se sente -, que trata de autocuidado e atinge o povo negro de todas as idades, homens e mulheres, idosos, adultos, adolescentes.
No Brasil, jovens negros entre 10 e 29 anos têm tirado a própria vida, envolvidos na engrenagem do racismo estrutural – o racismo rouba energia, destrói sonhos, faz a vida sucumbir, a alegria de viver sumir, cega o coração para as potencialidades, impede a real percepção de quem somos.
Nossas crianças também têm desejo de morte, até porque uma criança preta não é só criança – o racismo é apreendido e reproduzido de forma assustadora nos parquinhos, nas escolas, no shopping, nas ruas… Nossas crianças negras ainda são preteridas, rejeitadas, isoladas, humilhadas, achincalhadas e não sabem como suportar tamanha dor!
Tudo nos desumaniza e ao tratar da questão das masculinidades, Franz Fanon propõe descolonizar se o pensamento, deixar de pensar como brancos, como brancas e resgatarmos nossa história preta, de origem africana. Nosso modo de existir, a formação de nossas sociedades, não têm nada a ver com a Europa. Quando reagimos usando a lógica do opressor, nos desconectamos de nossa essência.
Abaixo, a nossa curadoria PN Educação, em artigos: