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Cannabis, mudanças climáticas e economia

Silvio Humberto, do ativismo ao poder político (Imagem: Primeiros Negros)

Uma reforma da política de drogas no Brasil pode ser a oportunidade de o Brasil fazer uma grande revolução. Será?

O que este artigo responde:
A planta da maconha pode deter as mudanças climáticas?
A maconha pode salvar o mundo?
O que a maconha tem a ver com efeito estufa?
Plantar maconha pode ser um bom negócio para o Brasil?
Qual o papel ecológico da maconha?
Qual planta é considerada “purificadora da natureza”?

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Cannabis, mudanças climáticas e economia | Primeiros Negros

“A liberação da maconha pode salvar o mundo.”

A assertiva, dita em alto e bom som no podcast Mano a Mano, em programa de quase três horas de duração sobre cannabis, é de Emílio Figueiredo, advogado e membro da Comissão do Direito do Setor da Cannabis Medicinal do Conselho Federal da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil. 

“A maconha pode servir para fixar o carbono que está solto na atmosfera. É possível deter as mudanças climáticas a partir do seu uso ecológico. Só não dá para fazer isso enquanto tem menino levando tiro de fuzil na favela”, avisa Emílio.“ É preciso uma política antidrogas coerente, de uma mínima inteligência institucional para transformar o que é ônus em bônus, reparação histórica, justiça de transição”.

De acordo com o advogado, muito se tem debatido o uso da cannabis. Vários coletivos, entidades, têm se debruçado em busca de caminhos para transformar a política de drogas – classificada como “algo nefasto, infame, que dá asco” – em algo revolucionário, que signifique comida no prato do brasileiro, emprego, saúde

De olho na economia

Emílio Figueiredo condena a possibilidade de uma indústria da cannabis, baseada em resíduos que vão ficar durante anos no solo. Em se tratando de mudanças climáticas, ele entende que o primeiro papel da cannabis é não comprometer ainda mais o meio ambiente: 

“A cannabis é uma planta que tem capacidade muito boa de captura, de sequestro de carbono da atmosfera, na própria fotossíntese, desde que plantada em grande quantidade e em ambiente”. 

Essa plantação em solos degradados é inadequada ao consumo humano, mas pode substituir o insumo em grandes indústrias que são poluentes, como bioquímica, plástico, papel e construção civil.

Plantio legal de cannabis na fazenda da Apepi, em Paty do Alferes (RJ) (Imagem: Leo Lemos | Veja)

Plantio legal de cannabis na fazenda da Apepi, em Paty do Alferes (RJ) (Imagem: Leo Lemos | Veja)

Na prática, para esses setores, a cannabis serviria como matriz produtiva ecológica, substituindo hidrocarbonetos e outros vegetais que causam problemas ao meio ambiente. Um exemplo é a indústria do cimento, que faz extrativismo mineral muito forte.

“A cannabis tem potencial para promover uma mudança positiva no clima, mas pouco se coloca em prática no Brasil. Fala-se do uso medicinal, recreativo, mas tem também o uso industrial.”

E o advogado da OAB indica ainda a erva ancestral como ferramenta para gerar riqueza para o país, fixar o homem na terra e gerar empregos, dada a sua função ecológica gigante.

Juliana Borges, autora do livro Encarceramento em Massa, é outra que utiliza do argumento econômico a favor da liberação da maconha, mas alerta para o risco de monopólio no plantio:

Capa do livro com o rosto da autora, parcialmente coberto pelos textos do título

Encarceramento em Massa, livro de Juliana Borges (Imagem: Divulgação)

“A legalização avançando, não pode ficar só na mão do agronegócio. Deve-se garantir a participação da agricultura familiar nessa produção, numa relação que gere reparação a territórios afetados pela guerra às drogas. É preciso pensar um processo a partir da nossa realidade “.

Captura de gases

Estudiosos do centro de pesquisas Hudson Carbon, em Nova York, detectaram que as plantas de cannabis podem ser grandes aliadas no enfrentamento à crise climática, em especial o cânhamo, que pode absorver dióxido de carbono (CO2) do ar, com duas vezes mais eficiência que as árvores.

Bob Dobson, em entrevista ao jornal britânico Daily Mail, explica que o cânhamo captura até 16 toneladas de gases de efeito estufa anualmente, enquanto as árvores absorvem cerca de 6 toneladas:

“Se os Estados Unidos fizessem 50 milhões de acres de cânhamo, estaríamos sequestrando algumas centenas de milhões de toneladas de carbono por ano nessa área”, exemplifica.

“Purificadora da natureza”

Um dos diferenciais do cânhamo é que ele contém níveis deficientes do composto psicoativo tetrahidrocanabinol (THC), em comparação com a maconha, que é de outra variedade da cannabis. Na prática, ele retira as toxinas do ar, prendendo-as permanentemente em suas fibras. 

Considerada “purificadora da natureza”, a planta absorve CO2 do ar à medida que cresce, tornando-se uma cultura negativa em carbono. Além disso, cresce muito rápido, alcança a maturidade em apenas 4 meses.

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Fontes: The Daily Mail, Revista Exame, Revista Época, podcast mano a mano -cannabis – entrevista com o advogado Emílio Figueiredo, da OAB, e Juliana Borges, autora do livro “Encarceramento em Massa”, The Guardian, CBS

Escrito em abril de 2023

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