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Império do Mali, o maior de todos

Você já imaginou um império tão rico que o ouro era praticamente o pó da terra? Bem-vindo ao Império do Mali, uma superpotência da Idade Média que não só dominou quase metade do ouro mundial no século XIV, mas também se estabeleceu como uma das maiores potências da história da humanidade. Vamos mergulhar na história desse império fascinante, onde Mansa Musa, o homem mais rico de todos os tempos, reinou e deixou o mundo em total admiração.

Um dos mais poderosos da história da humanidade, riquíssimo em ouro, uma das maiores potências da Idade Média.

Mali
Grande Mesquita de Djenné, do século XIII, o maior edifício em adobe do mundo.
Grande Mesquita de Djenné, do século XIII, o maior edifício em adobe do mundo. (Imagem: Reprodução | Ensinar História)

O Império do Mali é considerado o maior de toda a história africana e o mais poderoso do Saara Ocidental entre os séculos XIII e XVII (1235-1670). Lá se produzia quase metade do ouro do mundo no século 14. Ouro em pó, aliás, era o ‘dinheiro’ utilizado nas relações comerciais, além de sal, cobre e búzios

Apesar de, atualmente, o território ser o terceiro maior produtor mundial de ouro, 23º maior país do mundo – 1.240.000 km² – e o sétimo maior da África, hoje, oficialmente, chamada República do Mali é um dos países mais pobres do mundo, com população estimada de cerca de 12 milhões de habitantes.

No período áureo – quando sua riqueza surpreendeu tanto a Europa quanto a Arábia -, chegou a cerca de 45 milhões de habitantes, divididos em camadas sociais: nobres (imperador e sua família), homens livres (comerciantes, artesãos e pequenos agricultores) e prisioneiros de guerra.

Entre eles, o homem mais rico do mundo de todos os tempos, Mansa Muça.

Luta por poder

O atual território da República do Mali foi sede de três impérios da África Ocidental – Gana, Mali e Songhai. Sua origem remonta aos séculos XI e XII, quando surge um pequeno reino Mandinga ao norte do Rio Níger. 

Primeiro, nasce o Império de Gana, que desaparece por volta de 1076 quando é imposto um governo de berberes e de muçulmanos, até que em 1240, ocorre o confronto com o rei dos sossos, Sumaoro Kante, e o príncipe mandinga Sundiata Keita (1230-1255), que sai vencedor da decisiva Batalha de Kirina, em 1235, e cria o Império do Mali. 

Sundiata Keita (Imagem: Carlos Antônio)
Sundiata Keita (Imagem: Carlos Antônio)

O governo centralizado de Sundiata Keita, sua diplomacia e exércitos bem treinados abrem caminho para a prosperidade, tornando o Império de Mali o maior já visto na África.

Mas é Mansa Muça I (1312-1337) quem leva o Império a atingir novos níveis de grandiosidade em termos de territórios controlados, efervescência cultural e riqueza.

E é Muça quem conta ao mundo do seu poderio e muda a história do Império quando decide fazer sua peregrinação a Meca – obrigação imposta a todo mulçumano de posses e saúde.

O ano é 1324. Passando pelo Cairo, capital do Egito, ele distribui e gasta tanto ouro, que desencadeia uma onda de rumores de que seu reino – com 7.243 km de fronteiras com sete países – é pavimentado a ouro. Isso sem falar que a cotação do metal do Egito caiu 20% e provocou uma inflação no país que levou 12 anos para ser vencida!

Leia a história de Mansa Muça, o homem mais rico do mundo. 

Fontes de riqueza

O Império de Mali controlava regiões ricas em ouro como Galam, Bambuk e Bure. Ouro, aliás, demandado particularmente por poderes europeus como Castela, na Espanha, e Veneza e Gênova, na Itália, onde a cunhagem passava a ser feita com o metal precioso.

A região do Sudão da África Ocidental onde o Império de Mali se desenvolve, às margens do Rio Níger, era também de terras férteis para a agricultura.

Cereais como o arroz vermelho africano e o painco eram cultivados com sucesso, assim como vagens, tubérculos e outras plantações de raízes, plantas oleaginosas e fibrosas, e frutas. 

Outras duas fontes importantes para alimentação eram a pesca e a criação de gado. 

Localização estratégica

O Império de Mali prosperou graças ao comércio e sua localização privilegiada, situada entre as florestas tropicais do sul da África Ocidental e os poderosos Califados Mulçumanos da África do Norte. 

Muito da fartura vinha do controle sobre as principais rotas comerciais. O Rio Níger cedia acesso fácil ao interior do continente e à costa do Atlântico, enquanto as caravanas de camelos berberes que cruzavam o Deserto do Saara garantiam que mercadorias valiosas viessem do norte. 

Timbuktu, fundada pelos nômades tuaregues, era um porto comercial semi-independente que tinha a vantagem de se situar às margens do Rio Níger e era também o ponto inicial da rota das caravanas transaarianas.

Localização do Império do Mali (Imagem: Reprodução | Infoescola)
Localização do Império do Mali (Imagem: Reprodução | Infoescola)

Por Timbuktu passavam bens lucrativos como marfim, tecidos, cavalos (importantes para uso militar), vidraçaria, armamentos, açúcar, nozes-de-cola (um estimulante suave), cereais, especiarias, contas de pedras, artesanatos e escravos. 

Mercadores muçulmanos foram atraídos por toda essa atividade comercial – que incluía, ainda, produtos como peixe e couro de animais.

Nos impostos, ainda, mais riqueza. Os governantes de Mali tinham rendimento triplo: taxavam o transporte de mercadorias, compravam e revendiam a preços muito mais altos, e tinham acesso a recursos naturais próprios

O aumento de tributos, além de criar novas rotas de comércio e mais exploração dos recursos naturais, garantia a riqueza, cada vez maior, da elite e do imperador de plantão

Assessorado por uma variedade de ministros e outros oficiais, Muça monopolizava mercadorias importantes. Por exemplo, só a ele era permitido possuir pepitas de ouro. Mercadores tinham que se contentar com pó de ouro. 

Tornados mulçumanos

A religião só se tornou oficial no Império do Mali no reinado de Mansa Muça. Antes dele, todos seguiam religiões tradicionais africanas. A maior parte da população era animista – acreditava que os elementos da natureza possuíam alma ou uma espécie de poder espiritual – e era tolerante em relação às crenças e religiões dos povos conquistados.

Com Muça, acontece a islamização da região. Na volta de sua peregrinação a Meca, o imperador traz com ele profissionais liberais e sábios para ajudar na divulgação da religião islâmica e, ainda, determina a construção de escolas islâmicas na capital do Império, já conhecida como grande centro comercial, e transformada em grande centro de estudos religiosos também. 

Assim, cerca de 90% dos malienses se tornam muçulmanos e, a maioria, sunitas. Dos 10% restantes, 5% é cristã – dois terços, católicos, e o restante protestante. O ateísmo e o agnosticismo não são muito comuns.

As leis do rei

Conhecido como o “rei dos reis”, Muça era assessorado por um conselho de anciãos, composto por militares, chefes religiosos e civis.

Ao reorganizar as províncias de seu Império, criou o farba, em espécie de governador, escolhido por ele, responsável pela cobrança de impostos, resolução de disputas tribais e questões simples de justiça.

Mulheres caminhando em frente a construção característica do Mali (Imagem: Raul Frare)
Mulheres caminhando em frente a construção característica do Mali (Imagem: Raul Frare)

Isso porque o rei representava “a fonte suprema da justiça”, com qualidades místicas atribuídas a si e único com direito à lealdade dos escravos.

Em um culto à liderança – prova da extrema centralização do governo na sua figura -, todos os visitantes precisavam estar descalços diante dele, se curvar e jogar poeira sobre suas cabeças.

Colonização europeia

O Império de Mali sucumbe nos anos 1460. Após guerras civis e abertura de novas rotas de comércio em outras localidades. Um outro Império, de Shongai, ascende em seu lugar e se mantém até 1591, quando acontece outra invasão berbere.

A partir daí se estabelecem rotas marítimas pelas potências europeias e as rotas comerciais transaarianas perdem sua importância. O Mali fica sob o controle francês, fazendo parte do Sudão até o fim do século XIX.

Em 1959, o Mali e o Senegal se unem e conquistam a independência em 20 de agosto de 1960. A democracia, em construção, é golpeada de todas as formas, a economia não resiste e, em 1968, se instala um regime militar para reformas econômicas.

Mas a sociedade exige o retorno à democracia, o que leva a mais um golpe de estado, em 1991, seguido de um governo de transição e a elaboração de uma nova constituição.

Em 2012, outro golpe militar derruba o governo e vem seguido de uma intervenção militar francesa contra os combatentes islâmicos.

Não bastando o permanente estado de conflitos e golpes de Estado, secas severas, nas últimas décadas, têm fragilizado o Mali que, agora, está entre os 25 países mais pobres do mundo, altamente dependente da mineração de ouro e da exportação de artigos agrícolas como o algodão. Quase a metade da população vive abaixo da linha de pobreza, com menos de 1 dólar por dia.


Fontes: G1, Infoescola, Wikipedia, SuaPesquisa, WorldHistory, EnsinarHistória, Educação Uol, Super Interessante

Império do Mali: A Lendária Potência de Ouro da África Medieval

O Império do Mali, florescendo entre os séculos XIII e XVII, é celebrado como o maior império da história africana e uma das maiores potências da Idade Média. Com uma produção de ouro que representava quase metade do suprimento mundial no século XIV, o Mali não apenas enriqueceu além da imaginação, mas também se tornou um centro de cultura, religião e educação. Mansa Musa, o imperador mais famoso do Mali, é conhecido por sua peregrinação a Meca, durante a qual sua generosidade e riqueza deixaram uma marca indelével no Cairo e em outras cidades por onde passou. Apesar de sua atual pobreza, a história do Mali como uma potência econômica e cultural continua a inspirar admiração em todo o mundo.

O que tornou o Império do Mali tão poderoso? O Império do Mali tornou-se poderoso devido ao seu controle sobre as ricas minas de ouro, sua posição estratégica nas rotas comerciais transaarianas e a liderança eficaz de governantes como Mansa Musa.

Quem foi Mansa Musa? Mansa Musa foi o imperador do Mali no século XIV, conhecido como o homem mais rico de todos os tempos, famoso por sua peregrinação a Meca e por distribuir ouro, o que afetou a economia de várias regiões.

Qual era a base da economia do Império do Mali? A base da economia do Mali era a produção e o comércio de ouro, além de sal, cobre e búzios, com o ouro em pó sendo utilizado como ‘dinheiro’ nas relações comerciais.

Como o Império do Mali influenciou a cultura e a educação? O Mali influenciou a cultura e a educação através da construção de escolas islâmicas, promoção das artes e arquitetura, como a Grande Mesquita de Djenné, e a transformação de Timbuktu em um centro de estudos religiosos e erudição.

Qual é o legado do Império do Mali hoje? O legado do Império do Mali hoje inclui sua história como uma das maiores potências econômicas e culturais da Idade Média, a memória de Mansa Musa como o homem mais rico que já viveu, e sua contribuição para a cultura islâmica e africana.

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