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Nelson Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul

Principal representante do movimento antiapartheid, considerado pelo povo um guerreiro em luta pela liberdade e, pelo governo sul-africano, um terrorista, passa quase três décadas na cadeia e, de lá, é alçado ao cargo máximo do seu país.

África do Sul

De etnia Xhosa, Nelson Rolihlahla Mandela nasce em uma família de nobreza tribal no pequeno vilarejo de Qunu, distrito de Umtata, na região do Transkei, em 18 de julho de 1918. Aos sete anos, torna-se o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe é dado o nome inglês “Nelson”.

Seu pai morre logo depois.

Na militância

Ao final do primeiro ano no curso de Direito da Universidade de Fort Hare, se envolve na oposição ao regime do apartheid, que nega à maioria negra da população, mestiços e indianos direitos políticos, sociais e econômicos. Expulso, termina sua graduação na Universidade da África do Sul, por correspondência.

Com pouco mais de 20 anos, começa sua vida política, diante da vitória do Partido Nacional, dos afrikaners, que apoia a política de segregação racial.  Ele ingressa no Congresso Nacional Africano (CNA), movimento contra o apartheid, oficializado em 1948. Até então Mandela defende a não-violência.

Mas o massacre de Shaperville, em 21 de marco de 1960, o faz mudar de opinião – neste dia, policiais sul-africanos atiram contra manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180. Um ano depois, Mandela é comandante do braço armado do CNA. Passa a buscar ajuda financeira internacional para financiar a luta e acaba preso em 1962, condenado a cinco anos de prisão, por incentivar greves e viajar ao exterior sem autorização. Julgado novamente em 1964, é condenado à prisão perpétua por planejar ações armadas.

Na prisão

Mesmo da prisão, onde permanece de 1964 a 1990, Mandela, por carta, organiza e incentiva a luta pelo fim da segregação racial no país. E, com o aumento das pressões internacionais, em 11 de fevereiro de 1990, o então presidente da África do Sul, Frederik de Klerk, determina a sua libertação.

Mas nada é simples para o presidente branco. Além da pressão internacional e do CNA, Mandela quer a liberdade tão incondicional como foi a sua prisão. Prefere manter-se preso a ceder a acordos.

Ao longo dos anos 1970, por exemplo, ele recusa uma revisão da pena e, em 1985, não aceita a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada.

E assim se passam 27 anos em que se mantém atrás das grades.

Na Presidência

Livre, aos 72 anos de idade, não lhe falta trabalho. Aliás, mesmo na prisão, Mandela mantém o status de presidente do CNA – cargo que ocupa de  julho de 1991 a dezembro de 1997. Detalhe: nos últimos três anos já ocupava o posto de primeiro presidente negro da África do Sul, no qual ficou de maio de 1994 a junho de 1999.

Mandela comanda a transição do regime de apartheid, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa.

Como marcas de seu trabalho, muitas distinções no exterior, incluindo o Prêmio Nobel da Paz de 1993, que dividiu com Frederik Willem de Klerk; a Ordem de St. John, da rainha Elizabeth 2ª.; a medalha presidencial da Liberdade, de George W. Bush; o Bharat Ratna (a distinção mais alta da Índia) e a Ordem do Canadá.

Em sua homenagem a Organização das Nações Unidas institui o Dia Internacional Nelson Mandela na data de seu nascimento, 18 de julho, como forma de valorizar em todo o mundo a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia.

Ele também é o grande homenageado da Copa 2010, na África do Sul.

Na vida

Com o fim do mandato de presidente, o líder sul-africano afasta-se da política, mas segue atuante junto a diversas organizações sociais e de direitos humanos.

Em 2003, Mandela anuncia seu apoio à campanha de arrecadação de fundos contra a AIDS chamada “46664” – seu número na época em que esteve na prisão.

Nelson Rolihlahla Mandela é o Pai da Pátria da nação sul-africana.

No amor

Sua vida amorosa, apesar dos 27 anos de prisão, inclui três casamentos e seis filhos: Zinzi, Zenani, Thembekile, Makaziwe, Makgatho e Pumla.

A primeira esposa é Evelyn Ntoko Mase, da qual se divorcia em 1957 após 13 anos de união. Com Winie Madikizela, sua segunda esposa, fica 38 anos – a maior parte do tempo, preso. No seu 80º aniversário, casa-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo presidente moçambicano, com quem vive de 1998 a 2013.

Em sua autobiografia Longo Caminho de Volta, ele escreve melancolicamente sobre sua incapacidade de cumprir seu papel como marido de Winnie Mandela durante seu período na prisão:

“Quando sua vida é a luta, como a minha, há pouco espaço para a família. Esse sempre foi o meu maior arrependimento e o aspecto mais doloroso da escolha que fiz”.

Mesmo assim, sua história é inspiradora. O último momento se registra em 5 de dezembro de 2013, em Houghton, Johanesburgo: Madiba, como era tratado pelo povo sul-africano, dá o último suspiro.

No cinema

Nelson Mandela, sua história, está em pelo menos dez filmes e documentários.

Para entender a sua lógica: Nelson Mandela: A Righteous Man com eventos que modelaram a forma de pensar do líder, e Speeches of Nelson Mandela dá uma atenção especial para seus discursos anti-apartheid. 

Para entender o seu olhar para a luta: Apartheid’s Last Stand que explica a decisão de Mandela de transformar a prisão de Robben Island em ícone do apartheid em símbolo multirracial de paz; Mandela, a luta pela liberdade, baseado na experiência de Mandela na prisão, a partir de relatos de um guarda do presídio, e Viva Mandela, documentário, tem como foco a luta de Mandela contra o apartheid.

Para entender um pouco da sua política:  Invictus traz sua vida de recém-eleito presidente da África do Sul, ainda dividida em decorrência do apartheid, e Countdown To Freedom: Ten Days that Changed South Africa com os dias que antecederam a vitória nas primeiras eleições livres da África do Sul.

Para entender o homem: Mandela: Son of Africa, Father of a Nation é um documentário que inclui sua adolescência, carreira e primeiro casamento – indicado ao Oscar, tem entrevistas com o líder.  

Para entender a família Mandela: Winnie mostra a vida da segunda esposa, Winnie Mandela, desde sua infância até seu casamento e a prisão do líder;  Winnie Mandela The Apartheid Years, com o período em que o marido esteve preso, e Shall Never Lose Hope, que traz os sentimentos de sua família.

Fonte: A Semana

atualizado em julho de 2024

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