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Oscar Micheaux, pioneiro do cinema afroamericano

Prepare-se para mergulhar na vida e nas realizações de um verdadeiro visionário do cinema: Oscar Micheaux. Neste artigo, vamos explorar a jornada inspiradora deste pioneiro do cinema afroamericano, conhecendo suas lutas, triunfos e o legado duradouro que deixou para trás.

Seus filmes, completamente à margem de Hollywood, abordam temas que mobilizam tanto o norte urbano e industrial do país quanto a região rural do sul: jazz, blues, casamentos inter-raciais…

Oscar Micheaux
Foto: Reprodução/Domínio público

Durante a segregação racial nos Estados Unidos, um movimento chamado ‘race pictures’voz aos negros e combate os estereótipos de Hollywood. O grande destaque desse período é Oscar Devereaux Micheaux, o primeiro e o mais bem-sucedido cineasta afroamericano da primeira metade do século XX e o primeiro diretor independente do mundo.

Entre as décadas de 1910 e 1950, seus filmes, completamente à margem de Hollywood, abordam temas que mobilizam tanto o norte urbano e industrial do país quanto a região rural do sul: jazz, blues, cinebiografias de afroamericanos importantes, casamentos inter-raciais…

Nessa época, não havia diretores, roteiristas e produtores negros e os atores e atrizes só atuavam em papéis secundários. Com os ‘race pictures’, astros como Paul Robeson, Clarence Brooks, Noble Johnson e Stepin Fetchit ganham destaque nas telas do cinema.

Em família

Oscar Devereaux Micheaux nasce em Metropolis, Illinois, em 2 de janeiro de 1884. É o quinto, dos 13 filhos de Calvin S. e Belle Michaux. Em seus últimos anos, Micheaux acrescentou um “e” ao seu sobrenome.

Seu pai nasceu escravo em Kentucky e, por conta de seu sobrenome, acredita-se que a família dele tenha sido escravizada por colonos descendentes de franceses.

Quando menino, Oscar engraxa sapatos e trabalha como carregador na ferrovia em Great Bend, Kansas, onde passa a maior parte de sua juventude.

Aos 17 anos, muda para Chicago.

Empreendedor

Mas é aos 22 anos, quando chega em South Dakota que sua história muda pra valer – ele herda uma fazenda em uma área totalmente branca da região e começa sua carreira de escritor.

Seu primeiro romance, The Homesteader, conta sua experiência como proprietário de terras – a expressão se refere ao direito de propriedade por usucapião – em uma região com segregação racial – explícita e legal.

Sua primeira estratégia de sobrevivência é criar sua própria editora e vender seus livros de porta em porta. Mas, não demora, se intriga com o cinema como veículo para contar suas histórias. Uma empresa de cinema se interessa em transformar seu primeiro romance em filme, mas o negócio não dá certo: Micheaux queria ser o diretor e impor o orçamento.

Assim, ele transforma sua editora em produtora de filmes também, tornando-se, em 1919, o primeiro afro-americano cineasta.

De preto para preto

Na época, os filmes de Micheaux, como de outros cineastas afroamericanos, eram conhecidos como “filmes feitos por cineastas negros, com um elenco de negro, para o público negro” – uma reação, uma necessidade, para o que era então uma indústria segregada, e uma sociedade segregada.

Micheaux escreveu, dirigiu e produziu o filme mudo The Homesteader, em preto-e-branco, estrelado pela pioneira atriz afro-americana Evelyn Preer.

The Homesteader 1919 newspaperad.jpg

E ele segue se inspirando em suas histórias de vida. Em The Exile (O Exílio), de 1931, primeiro filme sonoro de longa-metragem feito por um afro-americano, o personagem central sai de Chicago para comprar e administrar um rancho em Dakota do Sul.

Corpo e Alma

Em 1925, ele apresenta o mundo do cinema ao lendário Paul Robeson, ator, cantor, advogado e ativista político, interpretando, ao mesmo tempo, um condenado fugitivo, que se apresenta como religioso, e seu irmão honesto, no drama mudo Body and Soul (Corpo e Alma).

Paul Robeson Body and Soul
Paul Robeson em cena de “Body and Soul” (Foto: Reprodução/MoMA)

O filme conta a história de um fugitivo que se faz passar por pregador na zona rural da Geórgia sob o pseudônimo de “Reverendo Jenkins ” e que bebe, joga, chantageia os residentes locais e ilude as famílias da cidade. O filme só foi liberado para exibição pela Motion Picture Commission do Estado de Nova York, depois de duas edições, que reduziram o filme de nove para cinco rolos. A aprovação foi negada sob o fundamento de que “tenderia a incitar ao crime” e era “imoral” e “sacrílego”.

O que Micheaux gravou originalmente está perdido. A cópia remanescente é a baseada na versão editada.

Body and Soul é um dos seus três filmes mudos sobreviventes, de um total de 26 produções sem som.

Originalmente lançado para cinemas voltados exclusivamente para o público afro-americano, Body and Soul, por muitos anos foi desconhecido dos cinéfilos brancos e, às portas do século XXI, ganha vida nova.

No ano 2000, é apresentado no New York Film Festival com uma nova trilha sonora composta pelo trombonista Wycliffe Gordon e tocada ao vivo pela Lincoln Center Jazz Orchestra. Em 2016, é lançado em vídeo caseiro como parte do set de cinco discos Pioneers of African American Cinema.

E, quase 100 anos depois, em 2019, é selecionado pela Biblioteca do Congresso para inclusão no Registro Nacional de Filmes por ser “culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo”.

Militância no papel e nas telas

As realizações no mercado editorial e no cinema são consideradas extraordinárias. Micheaux se afastou dos estereótipos negros retratados no cinema, muito comuns no passado. E foi além: em seu segundo filme, Within Our Gates, de 1920, atacou o racismo retratado em The Birth of a Nation, de 1915, que glorificava o Ku Klux Klan com os personagens negros sendo interpretados por atores brancos maquiados.

Within Our Gates Oscar Micheaux
Cena de “Within Our Gates”, com Evelyn Preer e Charles Lucas (Foto: Reprodução/Letterboxd)

The Betrayal, de 1948, o último filme de Micheaux, é o primeiro filme americano produzido por um afro-americano para estrear nos cinemas para a população branca.

Ao longo da carreira, entre 1919 e 1948, o cineasta escreveu, produziu e dirigiu quarenta e quatro longas-metragens, mudos e sonoros, e escreveu sete romances, um dos quais foi um best-seller nacional.

A Lincoln Motion Picture Company foi a primeira empresa de cinema pertencente e controlada por cineastas negros.

À frente de seu tempo

Micheaux morreu em Charlotte, Carolina do Norte, durante uma viagem de negócios, em 25 de março de 1951.

Em sua lápide, no Cemitério de Great Bend em Great Bend, Kansas, se lê: “Um homem à frente do seu tempo.”

Oscar Micheaux, desde 1987,  tem uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood Boulevard.

Leia também as histórias de Viola Davis, Will Smith e Lena Horne, figuras importantes do cinema norte americano.

Fontes:  

 En.Wikipedia,

Britannica

Oscar Micheaux e sua Contribuição Revolucionária para o Cinema Afroamericano

Resumo em Tom Informativo (Baseado no Conteúdo): Este artigo destaca a vida e o trabalho de Oscar Micheaux, um pioneiro do cinema afroamericano. Exploraremos como Micheaux desafiou as normas raciais de sua época, produzindo filmes independentes que retratavam com autenticidade a experiência afroamericana nos Estados Unidos.

Quem foi Oscar Micheaux? Oscar Micheaux foi um cineasta afroamericano pioneiro, conhecido por desafiar as normas raciais de sua época e produzir filmes independentes.

Qual foi a contribuição de Oscar Micheaux para o cinema afroamericano? Micheaux foi um dos primeiros cineastas afroamericanos a produzir filmes independentes que retratavam a experiência negra de forma autêntica e realista.

Quantos filmes Oscar Micheaux dirigiu? Micheaux dirigiu mais de 40 filmes ao longo de sua carreira.

Por que Oscar Micheaux é considerado um visionário do cinema? Micheaux é considerado um visionário do cinema por sua habilidade de contar histórias que capturavam as complexidades da experiência afroamericana e por seu pioneirismo na produção de filmes independentes.

Qual foi o legado de Oscar Micheaux? O legado de Oscar Micheaux inclui sua contribuição para a representação positiva dos afroamericanos no cinema e sua inspiração para futuros cineastas negros.

1 comentário em “Oscar Micheaux, pioneiro do cinema afroamericano”

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