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Naomi Osaka, primeira japonesa e negra a ganhar um torneio Grand Slam de simples

Você já conhece a Naomi Osaka? Ela não é apenas uma fenomenal tenista, mas também uma poderosa voz contra o racismo e uma inspiração fora das quadras. Nascida de pai haitiano e mãe japonesa, Naomi quebrou barreiras ao se tornar a primeira japonesa e negra a ganhar um Grand Slam de simples. Mas o que realmente a destaca é como ela usa sua plataforma para lutar por justiça social, mostrando que antes de ser uma atleta, ela é uma mulher negra consciente do mundo ao seu redor. Vamos mergulhar na história dessa campeã que está mudando o jogo dentro e fora das quadras.

No Japão, os patrocinadores não estão felizes com a atitude da japonesa negra Naomi Osaka, grande campeã na disputa do US Open, nas mensagens  antirracistas e outros temas para além dos esportes.

Naomi Osaka, filha do haitiano Leonard Francois e da japonesa Tamaki Osaka, nasceu em 16 de outubro de 1997, em Chuo Ward, Osaka, no Japão, e, 21 anos depois, tornou-se a primeira japonesa e negra a ganhar um torneio Grand Slam, de simples – os eventos anuais mais importantes do tênis -, ao derrotar a americana Serena Williams, 23 vezes campeã de singles do Grand Slam e considerada uma das melhores atletas de todos os tempos, na final do US Open 2018.

Em 28 de janeiro de 2019, após vencer o Australian Open, tornou-se a primeira asiática e negra a chegar a número 1 mundial do ranking da WTA, a associação esportiva internacional que organiza  competições tenísticas profissionais femininas no mundo inteiro.

A estrada

Naomi Osaka ganhou visibilidade aos 16 anos quando derrotou a ex-campeã do US Open Samantha Stosur em sua estreia no WTA Tour no Stanford Classic 2014.

Dois anos depois, alcançou sua primeira final WTA no Pan Pacific Open 2016 no Japão e entrou no top 50 do ranking WTA.

A mudança de status para o escalão superior do tênis feminino aconteceu em 2018, com a conquista do seu primeiro título WTA no Indian Wells Open, que a tornou pioneira.

No US Open, este ano, Naomi Osaka bateu Azarenka por 2 sets a 1, com parciais de 1/6, 6/3 e 6/3 e conquistou seu terceiro título de Grand Slam, depois do US Open de 2018 e do Aberto da Austrália de 2019.

Sua ótima fase reforçou a tese de seu treinador, o belga Wim Fissette, de que o ativismo vem melhorando o desempenho da atleta.

“É um tema muito importante para ela. Ela teve uma atitude grande e inacreditável durante o torneio de Cincinnati. Nós a apoiamos”, comentou o treinador, referindo-se ao fato de a atleta ter-se negado a jogar a semifinal do torneio de Cincinnnati em resposta à morte de Jacob Blake, negro baleado pela polícia, em Wisconsin.

Na ocasião, Naomi justificou sua atitude:

“…antes de ser atleta, eu sou uma mulher negra. E como uma mulher negra, sinto que há coisas mais importantes nesse momento que requerem imediata atenção, mais do que me assistirem jogar tênis”, escreveu em suas redes sociais.

Militância

Sua postura política antirracista, entretanto, não deixa seus patrocinadores confortáveis, embora pareça que ela não está muito preocupada com isso.

A tenista vive e estuda nos Estados Unidos desde os três anos de idade, mora em Los Angeles e se juntou a vários protestos do Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) no país.

Naomi Osaka (Imagem: Reprodução)
Naomi Osaka (Imagem: Reprodução)

Em todos os torneios, nas sete partidas em que foi obrigada a usar máscaras antes e depois das partidas, Naomi homenageou sete vítimas negras mortas por conta do racismo e da brutalidade policial nos Estados Unidos – Breonna Taylor, Elijah McClain, Ahmaud Arbery, Trayvon Martin, George Floyd, Philando Castile e Tamir Rice – com o nome de cada uma estampado, e declarou:

“É muito triste que sete máscaras não sejam suficientes para a quantidade de nomes…”

Durante entrevista, após a conquista do bicampeonato do US Open, em setembro de 2020, ainda, perguntaram ‘qual era a mensagem que ela queria passar com as máscaras?’, ao que ela respondeu com outra pergunta:

“Qual foi a mensagem que você entendeu?”

Por sua atuação, a tenista tem sido comparada a grandes ativistas como o pugilista Muhammad Ali, que pôs sua carreira em risco para protestar contra o que considerava injusto ou errado, e o velocista Jesse Owens, o negro americano que bateu a suposta superioridade racial dos alemães ao vencer a corrida de 100 metros, nas olimpíadas de 1936.

Vale milhões

Com seu status de várias vezes campeã de simples do Grand Slam, ser a número 3 no ranking mundial, sua origem multiétnica, sua personalidade e estilo de jogo agressivo, com um saque poderoso que pode chegar a 125 milhas por hora (200 km/h), a tenista é reconhecidamente uma das atletas mais vendáveis do mundo.

De suas conquistas financeiras, o título de atleta feminina com maior ganho de todos os tempos por renda anual em 2020, e ficou em 29º lugar entre todos os atletas. Isso, aos 22 anos de idade.

Mais que olímpica

Nas Olimpíadas de Tóquio 2021, realizada durante a pandemia, sob protesto dos japoneses, mas também com a marca da diversidade, a jovem tenista, com 23 anos, foi a grande estrela do evento, escolhida para o clímax da cerimônia de abertura: o momento em que a pira olímpica é acesa.

Ao ser escolhida para tal função Naomi escreve mais um capítulo da sua potente história, dentro e fora das quadras e, ainda, surpreende a todos tornando públicos os problemas de saúde mental que tem enfrentado.

“Sem dúvida é a maior conquista atlética e a maior honra que eu terei em toda a minha vida. Não tenho palavras para descrever o que sinto agora, mas sei que estou carregada de gratidão e agradecimento. Amo todos vocês, obrigada”, disse a tenista no Instagram após a cerimônia.

Os jornais do mundo estamparam a cena em manchetes e os americanos sublinharam sua condição de “filha de mãe japonesa e pai haitiano” que, embora jogue pelo Japão, “cresceu nos EUA” – palavras do Wall Street Journal – e “representa muitas coisas neste ciclo olímpico”, como questionar “velhas noções sobre raça” mundo afora – na interpretação do New York Times.

Sem medalhas

Ao deixar as Olimpíadas sem medalhas, a atleta falou abertamente sobre o desafio de ser quem é, de depressão, de um quadro de transtorno mental que enfrenta por conta da pressão que sofre e do assédio.

Naomi tem muitas camadas de representatividade. Foi com os cabelos trançados em vermelho que ela subiu as escadas para acender a pira olímpica, o que significa muito por sua origem multirracial, multiétnica, humana, inclusive por se propor ao debate sobre saúde mental, que chega a ser um tabu no mundo dos esportes, principalmente entre os atletas de alto rendimento.

Tenista Naomi Osaka acende pira olímpica na abertura dos Jogos Olímpicos (Imagem: HANNAH MCKAY / POOL / AFP)
Naomi Osaka acende pira olímpica na abertura dos Jogos Olímpicos (Imagem: HANNAH MCKAY / POOL / AFP)

Na Netflix tem uma minissérie em que ela conta a sua história de celebridade, do dia para a noite, sem querer.

Naomi, desde os 3 anos de idade. treina, joga oito horas por dia. Sempre treinou em família e estudou em casa até que , adolescente, foi ‘tirada’ de seu pequeno mundo, seguindo quase na vida, com poucos amigos e tendo um esporte individual como companhia.

Bebê a bordo

Nodia 11 de janeiro de 2023, a  tenista Naomi Osaka, então com 25 anos, em seu Instagram (@naomiosaka), 25, anunciou a gravidez de seu primeiro filho, fruto do relacionamento com o rapper Cordae,

Na ocasião, Naomi compartilhou um carrossel de imagens com uma tela de ultrassom em registro:

“Mal posso esperar para voltar à quadra, mas aqui está uma pequena atualização da vida para 2023.”

E escreveu mais:

“Os últimos anos foram no mínimo interessantes, mas acho que são os momentos mais desafiadores da vida que podem ser os mais divertidos. Esses poucos meses longe do esporte realmente me deram um novo amor e apreço pelo jogo”.

“Eu percebo que a vida é tão curta e considero cada dia como uma nova bênção e uma nova aventura. Eu sei que tenho muito o que esperar no futuro, uma coisa que estou ansiosa é para o meu filho assistir a uma das minhas partidas e dizer a alguém: ‘essa é minha mãe’, haha”.

Leia também Tóquio 2020, balanço final

Atualizado em 16 de janeiro de 2023

Naomi Osaka: A Força da Mudança no Tênis e Além

Naomi Osaka, filha de pai haitiano e mãe japonesa, emergiu no cenário do tênis com uma força inigualável, tornando-se a primeira japonesa e negra a vencer um torneio Grand Slam de simples. Sua vitória no US Open de 2018 contra Serena Williams não apenas a colocou no mapa do tênis mundial, mas também marcou o início de sua jornada como ativista. Além de suas conquistas esportivas, incluindo alcançar o número 1 no ranking mundial da WTA, Osaka é conhecida por seu ativismo antirracista, destacando-se por usar sua visibilidade para chamar atenção para questões sociais importantes. Sua decisão de não jogar em protesto à violência policial e sua homenagem a vítimas negras de brutalidade policial nos EUA reforçam seu compromisso com a justiça social, fazendo dela uma das atletas mais influentes de sua geração.

Quem são os pais de Naomi Osaka? Naomi é filha de Leonard Francois, haitiano, e Tamaki Osaka, japonesa.

Qual foi o primeiro Grand Slam que Naomi Osaka ganhou? Naomi ganhou seu primeiro Grand Slam no US Open de 2018.

Naomi Osaka já foi número 1 do mundo no ranking da WTA? Sim, após vencer o Australian Open em 2019, Naomi tornou-se a primeira asiática e negra a alcançar o número 1 mundial no ranking da WTA.

Como Naomi Osaka demonstrou seu ativismo? Naomi demonstrou seu ativismo ao usar máscaras com os nomes de vítimas negras de violência policial durante torneios e ao se recusar a jogar em protesto à violência policial, além de participar de protestos do Black Lives Matter.

Naomi Osaka já participou das Olimpíadas? Sim, Naomi foi a grande estrela das Olimpíadas de Tóquio 2021, sendo escolhida para acender a pira olímpica na cerimônia de abertura.

2 comentários em “Naomi Osaka, primeira japonesa e negra a ganhar um torneio Grand Slam de simples”

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