Serena Williams, tenista, pioneira superlativa

Ela mudou o tênis feminino – um esporte de homens brancos. É presente na história preta como sinônimo de igualdade de gênero e raça, importante dentro e fora das quadras.

Serena Jameka Ross Evelyn Williams é a caçula de cinco irmãs. Nasceu em uma pequena cidade do Michigan, nos Estados Unidos, em 26 de setembro de 1981. Aos 3 anos de idade, já jogava tênis. Seus treinadores, de ontem e de hoje, são Oracene e Richard, seus pais. Atualmente, com 40 anos, a “rainha do tênis” se supera, segue conquistando vitórias, marcas, pioneirismos, no requintado e nobre mundo deste esporte ainda visto como da elite branca. E pretende, antes de se aposentar do circuito profissional, igualar o recorde de Margareth Court com 24 títulos do Grand Slam.

O anúncio sobre a decisão de “aposentar-se em breve” aconteceu, em agosto de 2022,por meio de emocionado artigo para a revista americana Vogue. Nele, a tenista explica como o processo de decisão de sua aposentadoria tem sido difícil e doloroso:

“Tenho relutado em admitir para mim mesma ou para qualquer outra pessoa que tenho que deixar de jogar tênis. Alexis (Oharian – marido) e eu mal conversamos sobre isso. É como um assunto tabu. Eu não posso nem ter essa conversa com minha mãe e meu pai. É como se não fosse real até você dizer em voz alta. Surge (o tema), sinto um nó desconfortável na garganta e começo a chorar “.

Esporte x Família

A tenista, fundamental para abertura das quadras para as mulheres, no começo do artigo para a Vogue, conta que escuta a filha Olympia, de 5 anos, dizer que seu maior sonho é ser a irmã mais velha para justificar a escolha de decidir parar de jogar profissionalmente:

“Eu nunca quis ter que escolher entre o tênis e a família. Não acho justo. Se eu fosse um cara, não estaria escrevendo isso porque estaria lá jogando e ganhando enquanto minha esposa fazia o trabalho físico de expandir nossa família”.

Ela e o marido estão tentando ter um segundo filho desde o ano passado e o médico procurado pela tenista deixou claro que ser uma atleta profissional pode estar prejudicando o processo.

Serena casou-se em novembro de 2017 com o co-fundador da plataforma reddit, Alexis Ohanian. A primeira filha do casal é Alexis Olympia Ohanian Jr.

História de conquistas

Ao longo de sua carreira, que se inicia profissionalmente em 1995, Serena Williams conquistou os títulos de todos os torneios mais importantes do tênis: Roland-Garros, Wimbledon, US Open e Australian Open que, juntos, formam o Grand Slam. E venceu duas vezes, por quatro vezes seguidas, estes quatro importantes eventos de tênis em termos de pontos no ranking mundial, de tradição, de valor de prêmio em dinheiro e de atenção do público: Roland-Garros 2002, Wimbledon 2002, US Open 2002 e Australian Open 2003 e US Open 2014, Australian Open 2015, Roland-Garros 2015 e Wimbledon 2015. Por tal feito, a tenista batizou suas vitórias como “Serena Slam”. Pioneira negra!

Estas oito conquistas, colocam Serena Williams, de longe, como a tenista com mais de 30 anos de idade, de toda a história do tênis, com o maior número de troféus de torneios do Grand Slam. Muito acima dos três da australiana Margaret Court e da tcheca Martina Navratilova e dos dois obtidos pelas americanas Chris Evert e Billie Jean King. Pioneira negra!

Mas a história do pioneirismo de Serena com o Grand Slam não para por aí. Ao todo, a tenista venceu 23 torneios de Grand Slam em simples – o que a credencia como a segunda maior campeã da história de torneios de majors, a um título de igualar a australiana Margaret Smith Court.

Isso sem contar as 14 vitórias nos torneios de duplas, ao lado de sua irmã Venus Williams, e os dois torneios de duplas mistas, chegando a incrível marca de 39 títulos em torneios desse porte.

Número 1

Durante três anos ininterruptos – e pela sexta vez desde 2002, quando ocupou o posto pela primeira vez -, Serena Williams foi classificada pela Associação Feminina de Tênis (WTA) como a tenista número 1 do mundo em simples.

Em julho de 2016, Serena completou 290 semanas como a n.° 1 do mundo – a terceira tenista da história a ficar mais tempo no topo do ranking. À sua frente estão a tcheca Martina Navratilova (332 semanas) e a alemã Steffi Graf (377semanas). Ainda, pioneira!

Atualmente, ela ocupa a posição número 9.

Wimbledon 2015

Com a conquista do Torneio de Wimbledon de 2015, Serena torna-se a mais velha campeã de todos os quatro Grand Slam na Era Profissional: 33 anos e 289 dias, em Wimblendon; 33 anos e 127 dias, no Australian Open; 33 anos e 251 dias, no Roland-Garros, e 32 anos e 330 dias no US Open. De novo, pioneira negra!

Em Wimbledon 2015, também, ela que já tinha a maior distância entre o primeiro e o mais recente troféu de Slam da Era Profissional, passa a ter a maior distância entre o primeiro e o mais recente troféu de toda a história do tênis – seu primeiro título foi no US Open de 1999, portanto há 15 anos e 10 meses, superando a americana Helen Wills Moody. Pioneira, mais uma vez!

Wimbledon 2015 dá a Serena, ainda, o 68º título da carreira, igualando-a a australiana Evonne Goolagong, deixando-a atrás da tcheca Martina Navratilova (167), da sua conterrânea Chris Evert (154), da alemã Steffi Graf (107) e da australiana Margareth Smith Court (92).

Nos Jogos Olímpicos, Serena e Venus são as tenistas com o maior número de medalhas na história e sustentam o título de a dupla mais bem sucedida da história do tênis olímpico, pois juntas possuem três medalhas de ouro, conquistadas nos Jogos de Sydney (2000), Pequim (2008) e Londres (2012), além das medalhas individuais. Pioneiras negras.

Em Londres 2012, ela protagonizou o primeiro ”pneu”(set vencido por 6/0) em uma final olímpica de tênis, bem como a partida mais curta, em número de games disputados, em uma final feminina de Olimpíadas na história do esporte. Pioneira!

Black Money

Em prêmios oficiais acumulados na carreira, Serena Williams soma mais de 92 milhões de dólares – é a tenista feminina que mais arrecadou ao longo da carreira. Pioneiríssima!

Aos 40 anos, seu patrimônio é de US$ 260 milhões. 

Entre seus negócios, uma coleção de roupas esportivas com a Nike, e a sociedade em um time de futebol americano, o Miami Dolphins.

A tenista mantém, ainda, uma fundação com seu nome, a Serena Ventures, voltada à educação de qualidade para crianças de famílias vítimas de crimes violentos e que investe em companhias jovens focadas em projetos de mulheres e de pessoas negras.

Fora das quadras, também, ela já escreveu sua autobiografia – On The Line. Participou de diversos episódios de séries para a televisão incluindo um episódio de The Simpsons, onde dublou a si mesma, Law & Order, ER e My Wife and Kids. Pousou nua para a capa da revista americana ESPN The Body Issue…

O primeiro jogo

O ponto de partida da carreira profissional da tenista acontece em setembro de 1995, no torneio de Quebec City. O primeiro título como profissional em 1999, na França. E no mesmo ano ela ganha o US Open, seu primeiro pioneirismo, seguindo as pegadas de sua conterrânea Altea Gibson, campeã de Wimbledon em 1956 e número 1 do esporte nos anos de 1957 e 1958.

Altea Gibson é a pioneira no tênis antes da chamada “Era Aberta”, quando não se permitiam tenistas profissionais nos torneios.

Serena Williams é a pioneira no tênis profissional, da chamada “Era Aberta”.

Pioneiras negras!

Menina não prodígio!

Lutadora, como é apresentada em King Richard – filme que deu o Oscar de melhor ator para Will Smith e conta a trajetória de seu pai -, a tenista não esquece o quanto aprendeu com suas derrotas, por ser “menos prodigiosa” no esporte do que Venus, sua irmã mais velha. Não por acaso, ela escreve em seu artigo para a Vogue:

“Se eu não estivesse sob a sombra de Venus, eu nunca seria quem eu sou. Quando alguém disse que eu era apenas a irmã mais nova, foi quando eu fiquei realmente empolgada”.

Um sonho

Sem dar uma data oficial para aposentadoria, Serena deve encerrar carreira no US Open, o único torneio que sonhou vencer quando criança.

Assim, a noite de sexta-feira – 2 de setembro de 1922 -, após a terceira rodada do US Open, fica marcada na história do esporte mundial como o dia da despedida de Serena Williams das quadras após 25 anos de carreira, com direito a homenagens de Michelle Obama, Tiger Woods, LeBron James e Oprah Winfrey.

A ex-primeira dama dos Estados Unidos parabenizou Serena pela carreira incrível: “Que sorte termos podido ver uma jovem filha de Compton crescer para ser uma das maiores atletas de todos os tempos. Estou orgulhosa de ti, minha amiga, e mal posso esperar para ver as vidas que continuas a transformar graças aos teus talentos”.

O ícone do golfe Tiger Woods, pelo Twitter, destacou que a atleta é “literalmente a maior dentro e fora de quadra. Obrigado por inspirar todos nós a perseguir nossos sonhos. Te amo maninha!!!!!!”

A apresentadora Oprah Winfrey escreveu:

Serena Williams transformou o tênis para muito melhor. Ao assumir sua raquete como mulher e negra, muda o esporte dos homens brancos, abre um espaço “naturalmente segregado” para jogadoras negras e vai além lutando inclusive pela igualdade da premiação entre tenistas masculinos e femininos – uma conquista ainda em processo.

Serena Williams é espelho, brilha, ilumina. Representatividade importa.

Fontes: Lance, Wikipedia, Esporte Uol, Globo Esporte, Revista Tenis-oito tenistas, Revista Tenis-bio, Vavel, Mundo Negro

Escrito em 21 de julho de 2016, atualizado em setembro de 2022