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•EDIÇÃO•

Atletas do Brasil Negro

agosto de 2023

Imagem: Anderson Silva, Etiene Medeiros, Ademar Ferreira e Didi (Imagens: Reprodução)

Pó-de-arroz para esconder a cor da pele, cabeças raspadas para ocultar o  cabelo carapinha… 

“Pequena preleção”

“E, por favor, por favor, tragam-nos todas as vitórias, todos os troféusmedalhas, títulos… Mas, por favor, por favor, não exista, seja invisível, não fale, não celebre… Apenas me sirva.
Não, não, não me toque. Não frequente nem meu banheiro nem minha piscina. Não pise nos meus gramados… Não pense que meu clube é seu.
Seja humilde, muito humilde, nada de achar que é bom, que é o melhor, apenas coloque o seu corpo à nossa disposição e deixe o resto com a gente…”

Pode ser que atletas negros e negras da atualidade nunca tenham ouvido nada parecido com a “pequena preleção” acima. No passado, entretanto, boleiros eram obrigados a camuflar a cor da pele e a textura do cabelo para conseguir passar pela catraca do clube até para treinar.

 

Na natação, não tinha acordo. Os “brancos simpáticos” – que jogavam bola com os pretos –  afirmavam que “o cloro fazia mal para a pele escura”. Já os que se consideravam mais intelectuais, educadores físicos, desencorajavam nossos potenciais atletas, argumentando que o nosso corpo não foi feito para a natação…

“Até o fim da década de 1950, negros sequer tinham o direito de entrar em clubes no país. Eram barrados na porta. E sem acesso à piscina”, comenta  Etiene Medeiros, a única negra da história do Brasil a integrar a equipe de natação do Brasil na Rio 2016!

Edvaldo Valério e Etiene, nossos nadadores negros, ouviam “pérolas da ignorância” enquanto insistiam na modalidade, tais como: “negros não flutuam“,  “negros têm ossos mais pesados“… 

É isso! A branquitude insiste na tentativa de validação científica sem lastro. E nós insistimos em desacreditá-los. A nossa edição Atletas do Brasil Negro  taí pra provar. Pode faltar apoio, patrocínio, grana para o básico. Nem o racismo explícito nos paralisa. A gente sempre se supera e faz acontecer!

Celebremos os nossos.

A EDIÇÃO

1. EDITORIAL

2. SEM MORDAÇA

3. PIONEIROS E PIONEIRAS

NAS QUADRAS E ESTÁDIOS

NAS PISTAS E PISCINAS

NOS TATAMES E TABLADOS

NO MAR, NO ASFALTO E NOS GINÁSIOS