O confronto das elites – negra e branca – a partir dos anos 1950, em tempos de ditadura, mito da democracia racial e a falácia da abolição.
O que este artigo responde: O que representavam os clubes Renascença e Aristocrata para a comunidade negra? Por que foram criados os clubes Renascença e Aristocrata? Quais atividades eram promovidas por esses clubes? Como os clubes Renascença e Aristocrata influenciaram a cultura negra brasileira? Qual é o legado dos clubes Renascença e Aristocrata para as gerações futuras?
Nos anos 1950 e 1960, entre a então capital federal do Brasil, o Rio de Janeiro, e a maior cidade do país, São Paulo, surgiram dois históricos clubes de preto – na época, a expressões mais usadas eram “homens e mulheres de cor”, “escurinhos e escurinhas” -, o Renascença e o Aristocrata.
O Renascença – nome em homenagem ao movimento Harlem Renaissance, que marcou o florescer de uma nova cultura negra americana no início do século XX – foi fundado em 17 de fevereiro de 1951. O Aristocrata – referência direta à elite negra – surge em 7 de março de 1961.
Os dois clubes representaram a resistência de menos de 1% da população negra com diploma universitário na época, formada por médicos, advogados, funcionários públicos, mas que sem sombra de dúvida tiveram reflexo no ser e existir de todos os negros e negras, para o bem e para o mal.
O preconceito racial e o racismo foram as causas da criação destes dois espaços de lazer e cultura. Os negros de classe média queriam marcar presença nos clubes tradicionais frequentados por famílias brancas, afinal se consideravam iguais: tinham o mesmo gosto refinado por música e literatura, sabiam portar-se em sociedade, vestir-se bem… Mas a cor da pele era uma empecilho.
Ser “de cor” bastava para um pedido de sócio receber o carimbo de “rejeitado”, uma entrada no salão de bailes, no bar ou na piscina ser barrada. O único lugar compartilhado em igualdade de condições entre negros e brancos dentro dos clubes era o campo de futebol e, mesmo assim, os negros só entravam em dias de jogo de futebol contra os próprios clubes.
Vale conhecer a história de Miguel do Carmo sobre a presença negra nos times de futebol.
Um cenário negro
Este era um tempo em que os Estados Unidos vivenciavam conflitos raciais – Martin Luther King e Malcom X eram os porta-vozes por direitos civis. Os países africanos ensaiavam os primeiros passos rumo à independência. O fantasma do racismo assombrava o mundo pós-guerra.
No Brasil, o povo negro sofria as penas da abolição forjada por Isabel, a princesa – a liberdade que não aconteceu -, e se organizava em irmandades religiosas e grupos de resistência, como o Teatro Experimental do Negro, de Abdias do Nascimento, o Grupo de Afoxé Associação Recreativa Filhos de Gandhi e a Orquestra Afro Brasileira.
Na busca de desconstruir o mito da inferioridade racial, as famílias negras segregadas dos espaços sociais brancos, criaram seus próprios territórios de sociabilidade, reconhecimento e construção de identidade, a princípio, mantendo distância do samba e da cachaça.
No projeto inicial do Renascença, a meta dos negros de classe média era afastar os rótulos e estigmas da escravidão. “Reverter o estereótipo do negro rude, mais ligado à natureza do que com a cultura”, conta a antropóloga Sonia Maria Giacomini, no livro A alma da festa – Família, etnicidade e projetos num clube social da Zona Norte do Rio de Janeiro, o Renascença Clube (Editora UFMG), originalmente tese de doutorado em Sociologia.
Daí, entre as características dos dois clubes, estar a reprodução do cotidiano social branco, com música clássica, teatro, pompa e circunstância…
Um equívoco na opinião de Malcom X. Para o líder negro norte-americano, assassinado em 1965, os negros da chamada classe superior ao tentar impressionar os brancos – mostrando-se “diferentes” dos outros dos outros negros – não percebiam que estavam ajudando o homem branco a manter sua opinião desdenhosa a respeito de todos os negros.
Espelho
No começo, a programação do pioneiro Renascença – até hoje carinhosamente tratado por ‘Rena’ – é voltada para a família. Nem samba nem capoeira. As atividades culturais iam de saraus de literatura a audições de música erudita, com direito a chá da tarde.
No brasão, destaque para uma flor-de-lis, símbolo da realeza francesa. Os negros intelectuais tinham “uma tremenda fascinação pelos clubes brancos”, registra Sonia Giacomini.
“Eles não queriam ter a sua sociabilidade junto com as massas e, ao mesmo tempo, não eram aceitos pelos clubes da classe social à qual se sentiam pertencentes, afinal, tinham a mesma ‘identidade de classe‘, o mesmo gosto refinado pela música e literatura, vestimentas iguais e mesmo poder aquisitivo que os brancos“, insiste a antropóloga.
O pioneiro Rena
O não reconhecimento desta igualdade, explicitada pelos brancos, foi a gota d’água para a fundação do clube. Aconteceu em 1950, quando um grupo de negros foi impedido de ingressar em uma festa de um famoso clube carioca.
O grupo era formado por três casais que decidiram, no ano seguinte, transformar uma antiga e pequena casa, com um grande quintal arborizado, no Méier, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, em clube da elite negra.
Assim nasce o Renascença – parido por médicos, advogados, engenheiros, empreendedores e suas esposas -, uma agremiação de vanguarda, que revela inúmeras personalidades e até hoje é reconhecido como palco de transformações sociais da comunidade negra.
Beleza negra
Em menos de dez anos, ainda no fim dos anos 1950, o clube passa a promover bailes de gala no Hotel Glória e, depois, concursos de beleza, dos quais desponta Vera Lúcia Couto dos Santos, eleita em 1964, a primeira Miss Guanabara negra e, também, a primeira negra a se classificar em um concurso internacional de beleza.
“O pensamento da época era de que, em termos estéticos, não havia uma beleza que não pudesse ser branca“, relata Sonia Giacomini. Mas é exaltando a beleza negra que o Renascença alcança projeção nacional e fama internacional.
Antes de Vera Lúcia Couto, em 1959, o clube apresenta sua primeira representante, Dirce Machado, em um concurso de misses no Maracanãzinho. Quatro anos depois, Aizita Nascimento sai direto das passarelas do Rena para os palcos, como atriz.
Estigma e resistência
O Renascença promove concursos de beleza para eleger suas misses, como o Tijuca e o Fluminense, entre os outros clubes. Mas a imprensa vai dizer que o Rena faz “shows de mulatas”, que é o “clube das mulatas”.
E “em busca das mulatas”, os brancos da zona sul querem integrar com a classe média negra da zona norte. Mas, atentos – já se vive os anos 1970 -, os jovens do clube, identificados com as ideias do movimento negro americano, acendem o sinal de alerta, conta Asfilófio de Oliveira, o Dom Filó, que comandava as domingueiras Noites do Shaft – nome inspirado em um seriado norte-americano cujo personagem principal era um policial negro – do Renascença.
Dom Filó era um dos líderes do Movimento Black Rio, grupo que difundiu no clube o cabelo black power, o engajamento social e os bailes de soul music, onde se ostentava uma estética pautada na afirmação étnico-racial.
“A gente trouxe essa questão da consciência racial. Éramos universitários, politizados e não concordávamos com essa visão da mulata como mulher objeto”, conta Filó, que, após os bailes, foi levado algumas vezes para “interrogatório” por agentes da ditadura militar.
Frentes de combate
Além dos concursos de misses e as Noites de Shaft, bem como outras realizações culturais, merecem destaque na jornada do clube o fato de ter sido palco da primeira montagem da peça “Orfeu Negro”, de Vinicius de Moraes, no início da década de 1970.
No final, as rodas de samba conquistaram espaço privilegiado , sempre sob o comando de artistas consagrados. Os grandes bailes do Sarongue (referência à roupa com tecido estampado usado no arquipélago da Malásia e da Oceania, amarrado na cintura, cobrindo as pernas ou parte delas), Azul e Branco e Havaí mobilizavam caravanas de diversas partes do Brasil. Isso sem falar dos shows com Elizeth Cardoso, Caubi Peixoto, Roberto Ribeiro e João Nogueira;
O investimento, na década de 1980, no Atletismo – em parceria com o atleta olímpico Robson Caetano, que criou o projeto “Vamos Tirar as Crianças da Rua” e “Correndo” – , e no futebol de salão são outros marcos dessa história.
Ponte Rio-São Paulo
Durante os anos 1960, 1970 e 1980, a ponte Rio-São Paulo para a elite negra era formada pelos clubes Renascença e Aristocrata.
No seu auge, na década de 1970, o Aristocrata contava com 3.600 sócios, tinha sede social no centro da capital paulista e clube de campo na zona sul da cidade, com piscinas e quadras de esporte.
No Rio de Janeiro, as praias são públicas. Mas, em São Paulo, o preconceito marcava presença também nas piscinas, e não só nos bailes, de clubes como Regatas Tietê, Espéria, Paulistano, Pinheiros, Sírio-Libanês e Monte Líbano.
Impedidos de se associar, os fundadores do Aristocrata dão o troco e “provam” que ‘cloro não faz mal à pele negra’ – esta era uma das maneiras “disfarçadas” de se praticar racismo.
“Grito de liberdade”
“Eram muitas as desculpas para evitar a convivência entre brancos e negros. Mas o que fez a gente decidir fundar o nosso clube foi o que um amigo ouviu de um diretor do clube Pinheiros. Ele falou que o clube não era bom para negros porque a água da piscina tinha um produto que fazia mal à nossa pele“, contou Luiz Carlos dos Santos, um dos fundadores, em entrevista à revista Trip.
“Ali – prossegue -, percebemos que, se quiséssemos ter uma piscina para a diversão dos nossos filhos e familiares, teríamos que construir nós mesmos.”
O local escolhido foi um terreno de 60.000 metros quadrados e relevo irregular na Estrada do Bororé, no Grajaú, uma região de pequenas chácaras. Cinquenta sócios se cotizaram para quitar, em 24 suaves parcelas, a dívida assumida para viabilizar a compra.
As piscinas – uma olímpica e uma infantil – foram as primeiras obras no clube de campo. E Luiz Carlos recorda: .
“Na inauguração, não havia nada ao redor, nem vestiários nem sede administrativa. Mas ela representou a redenção da elite negra paulistana. Muitos de nós nunca tinha entrado numa piscina” – ele, quando pequeno, “costumava nadar nas águas barrentas do rio Tietê”.
As mulheres nem tinham traje de banho, mas aquela piscina foi como um “grito de liberdade”, define Aurea Maria Neves, que ocupou o cargo de secretária geral do clube.
Aos sábados, entre mil e 1.500 pessoas se divertiam à beira das piscinas. Os filhos dos associados jogavam futebol e basquete, enquanto as garotas aprendiam vôlei e dançavam balé.
No final do ano, as crianças apresentavam números de dança copiados da TV. Uma vez por semestre, a sede de campo era aberta para enormes festas da cerveja, com um casal trajando roupas típicas alemãs e convidados bebendo em canecas de porcelana feitas especialmente para a ocasião.
Excursões vinham do Rio de Janeiro e do interior de São Paulo. O sucesso do clube motivou novos planos para a sede de campo: os diretores queriam construir uma escola e um hospital na região – e alguns chalés para famílias que quisessem passar o fim de semana no local.
Vida social
Mas antes do grito na piscina em 1970, foram muitos os encontros para eleger Raul dos Santos como o primeiro presidente, decidir o que seria oferecido aos sócios e escolher a localização ideal para a sede social.
Como a maioria dos associados havia nascido na Bela Vista e trabalhava na região central, a sede foi instalada num conjunto comercial na rua Álvaro de Carvalho, região central da capital paulista.
As paredes foram derrubadas, reformou-se a cozinha, e, em 13 (ou 7) de março de 1961, o Aristocrata abriu oficialmente as portas. Nos primeiros meses, 600 sócios entraram para o clube, em sua maioria funcionários públicos, advogados e profissionais liberais.
O clube abria todos os dias no final de tarde e era ponto de encontro para o happy hour. Bebia-se uísque e caipirinha com petiscos, ao som de bossa nova e soul music.
Nas noites de sexta-feira e sábado, cerca de 100 sócios se encontravam ali. “Eram uns negros polidos, cultos e com uma posição financeira mais assentada”, afirma Ideval Anselmo, garçom do Aristocrata na época.
Aos sábados, além das reuniões noturnas, havia almoço – sempre com o mesmo cardápio: frango com polenta em dias quentes e feijoada nos dias frios. “Os caras eram enjoados”, diz Ideval. “Só tomavam caipirinha coada e jogavam xadrez depois do almoço”
Cicerone Agostinho
Não demorou e o burburinho no número 118 da Álvaro de Carvalho, endereço da sede social, começou a atrair gente famosa: Cartola, Wilson Simonal, Caetano Veloso, Gilberto Gil…
Eles eram levados principalmente pelo cantor e compositor Agostinho dos Santos – sucesso cantando músicas da peça Orfeu da Conceição e do filme Orfeu Negro, como Manhã de Carnaval e Felicidade -, antes ou depois de se apresentarem na cidade.
“Quem me levou ali pela primeira vez foi o meu ídolo Agostinho dos Santos. Chamou minha atenção o fato de só tocarem Frank Sinatra. Aí eu falei: ‘Pô, Agostinho, não vão tocar o seu disco? Até parece que a gente está nos Estados Unidos!’”, comentou certa vez o cantor Jair Rodrigues, que jogava pelada no clube de campo do Aristocrata.
“Sempre que lançávamos um álbum, tocávamos primeiro no Aristocrata”, conta Amilton Godoy, pianista do Zimbo Trio.
“Cheguei a tocar algumas músicas lá, acompanhado só pelo violão”, lembra Milton Nascimento, que também conheceu o Aristocrata pelas mãos de Agostinho, como contou em entrevista à revista Trip:
“1966, uma das temporadas mais difíceis da minha carreira. Foi nesse cenário que encontrei Agostinho dos Santos, um dos cantores mais famosos do Brasil na época. Eu estava tocando num bar quando ele disse: ‘Bicho, quem é você?’. Falei meu nome e ele começou a me levar aos lugares. Um desses ficou marcado pra sempre na minha lembrança: o Aristocrata Clube.”
Milton recorda:
“Naquele tempo, os pretos jamais poderiam frequentar um clube com áreas de lazer e sofisticados bailes, a não ser como garçom e faxineiro. Por isso o meu espanto… Quando vi aqueles pretos bem-vestidos – as mulheres, lindas, de longo e os homens de passeio completo –, quase não acreditei. Era um foco de resistência de um jeito que eu jamais tinha imaginado”.
O show bussiness internacional também marcava presença na sede onde aconteciam pocket shows. Entre eles, Johnny Mathis, Nat King Cole, Sarah Vaughan, Josephine Baker, Dizzie Gillespie, Milles Davis, Ray Charles, Michael Jackson, ainda no The Jackson 5, e até o pugilista Muhammad Ali.
Um clube pra chamar de seu
As revistas Manchete e Fatos & Fotos – revistas nacionais de grande circulação -, no início dos anos 1970 estampavam em suas páginas: “Este é o mais luxuoso clube negro do Brasil”, e ilustravam suas páginas com imagens de finais de semana do que classificavam como “ambiente hollywoodiano”.
E, de novo, a classe média ascendente querendo ser aceita, querendo ser identificada como aristocracia negra, gostava de celebrar seus status. “Não eram sambistas. Tinha advogados, professores, enfermeiros, médicos. Era a elite entre os negros”, afirma Genésio de Arruda no documentário Aristocrata Clube, de 2004.
Dentro do propósito de oferecer às famílias negras de classe média o mesmo que as famílias brancas possuíam, o baile de debutantes era a noite mais importante do ano no clube.
Tradicionais nos clubes dos brancos, os bailes das debutantes simbolizavam a apresentação das meninas brancas, quando contemplavam 15 anos, à sociedade. Todas atravessavam a passarela em lindos vestidos brancos. E, depois, rodopiavam pelo salão ao som de valsas vienenses, conduzidas por pais e padrinhos. No final, eram celebradas em fotos nas colunas sociais dos jornais. Mas jovens negras não podiam participar.
Por isso, o Aristocrata começou a alugar os salões de festa desses mesmos clubes e, todo mês de setembro, fazia a sua própria festa. O baile para as filhas dos sócios incluía valsa com os pais e a cerimônia em que as moçoilas ganhavam o primeiro sapato de salto alto. A outra grande festa de gala do ano era o baile de aniversário do clube em março.
Em comum nas duas festas, os trajes – variando entre passeio completo e black tie, com direito a joias, estolas, plumas e paetês – e a música ao vivo, de orquestra.
O Aristocrata era reconhecido, também, por seus bailes e matinés infantis de carnaval.
Política
Para além do glamour, o Aristocrata é o berço de onde os negros emergiram para a vida pública a partir do voto. Políticos como Adalberto Camargo, eleito quatro vezes deputado federal, e Theodosina Rosário Ribeiro, primeira deputada estadual negra de São Paulo, mostraram ao país o valor do voto negro.
Em 2020, o clube promoveu vários encontros virtuais com foco nas eleições municipais, reunindo candidatos e líderes negros.
Mas o século XXI encontra os pioneiros clubes pretos desenvolvendo um outro olhar sobre ser negro.
Documentários, teses acadêmicas, livros e material jornalístico contam como foi vivenciar o sentir-se elite negra. Eles brilharam em tempos de ditadura misturada ao mito da democracia racial. Confrontaram brancos e negros pobres, a maioria, e, a seu modo, travaram batalhas que não conseguimos vencer, ainda.
Ocaso e renascer
O Rena ficou quase uma década fechado, mas retomou suas atividades nos anos 1990 com rodas de samba e é com o Samba do Trabalhador, que atrai clube público de toda a cidade até hoje, sempre às segundas-feiras, que se sustenta.
O Aristocrata, depois de 25 anos de glória, começou a perder associados. Sem muitas atividades e, com dificuldades financeiras, teve de entregar a sede no centro da cidade, que era alugada, e o clube de campo desapropriado pela prefeitura – parte do terreno hoje abriga uma favela.
Pagas as dívidas, investiu-se no recomeçar, para a construção de uma nova história, com a compra de uma nova sede social, na zona sul da capital paulista, de portas abertas desde maio de 2015.
Fontes: Fundação Palmares, Renascença Club, Jornal da PUC-Rio, Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades, Aristocrata, Revista Trip, Revista Raça Brasil, Instituto Geledés
Escrito em maio de 2021
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