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InícioPioneirismo Negro#VotePreto2024

#VotePreto2024

Nas eleições municipais seguimos na luta pelo voto com melanina, pelo resgate da própria cidadania, pela descolonização do nosso pensar e conquista de poder político. Somos 112,8 milhões de pessoas de origem africana, 56% da população preta e parda nascida no Brasil, apesar de insistirem em nos assassinar todos os dias.

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PrimeirosNegros

Não é demais comparar as eleições no Brasil à luta de capoeira com chutes, rasteiras, cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas. É defesa e ataque em que os oponentes utilizam, sobretudo, os pés e a cabeça. A nosso favor, a força ancestral da luta e as nossas conquistas políticas, apesar da branquitude. Contra nós, o fato de os oponentes já terem poder político e estarem dispostos a fazer de tudo para manter esse poder.

Poder, aliás, dado a eles por nós. Nos ensinaram – melhor dizendo, nos “catequizaram” de modo a não reconhecermos nossa humanidade, inteligência, potência, capacidade de realizar e administrar nosso próprio viver…

Assim, criamos o hábito de delegar, de dar ao branco o poder de cuidar da nossa vida, das nossas contas, do nosso corpo e do nosso voto, direcionando-o em troca de uma dentadura, um trabalho, uma camiseta, um tapinha nas costas…

Já passou da hora de despertarmos… Você acha que não sabemos fazer política? Ok. Mas só tem um jeito de a gente aprender e é fazendo. Todo mundo precisa da primeira, da segunda, da terceira vez…

Ainda não está convencido? O que seria do Brasil sem homens e mulheres negros e negras? Quem trouxe os conhecimentos de agricultura, de garimpo, para estas terras, depois da invasão portuguesa e da escravização do povo que vivia em África?

Quer saber mais? Acesse nossos artigos sobre invenções negras. Conheça a história de Nilo Peçanha, o primeiro presidente negro do Brasil, pai do ensino profissionalizante – o ensino técnico de hoje; do vereador Tintino, quilombola eleito na cidade de Santos, litoral paulista, em 1895, sete anos após o 13 de maio… O que dizer das “sementes” de Marielle Franco, vereadora carioca assassinada por ter chegado ao poder! Ou ainda da eleição inédita de bancadas negra do Rio Grande do Sul – fatos deste século XXI!

Sim, nós podemos tudo! Já elegemos muita gente fera – e outros nem tanto, é verdade. Mas, com certeza, elegemos muito mais brancos corruptos! Pense nisso. Somos tão severos com os nossos e tão condescendentes com as velhas raposas da política, homens brancos!!!

É tempo de, pelo voto, gritarmos: CHEGA DISSO! 

É tempo de elegermos gente como a gente. 

Gente preta, gente mulher, gente periférica.

Cidadania é fazer-representar

Ah, importante. Jesus não precisa do seu voto muito menos do seu dinheiro. De verdade, Jesus não tem título de eleitor, partido político ou candidato. Mas, sem dúvida, sempre ficou ao lado dos mais fracos, dos explorados e quer que, você, faça a coisa certa. O que não tem nada a ver com violência policial, armas, discriminação, desrespeito, gritos, mentiras… Jesus – para quem esqueceu – é o cara do “embainhe a sua espada”, “respeite o próximo como a si mesmo”, “atire a primeira pedra, se nunca pecou”… 

O Instituto de Referência Negra Peregum apresenta um conjunto de agendas antirracistas que abordam temas como educação, clima e desenvolvimento urbano para as cidades cumprirem em sua próxima legislatura. O objetivo da iniciativa é colher o compromisso de candidaturas para vereança e prefeitura de São Paulo com o antirracismo. A agenda completa está disponível aqui.

São Paulo é a única capital brasileira que terá apenas candidatos brancos na corrida eleitoral pela prefeitura – quer dizer, cerca de 5 milhões de pessoas negras não poderão #VotarPreto para prefeito da capital! 

Faz sentido para você?

A Justiça Eleitoral registrou 240.587 candidaturas negras para as eleições municipais de 6 de outubro de 2024, o que representa 52,7% do total. É a segunda vez na história que supera o número de candidatos brancos, que este ano são 215.763.

A primeira vez foi nas eleições de 2022, quando as candidaturas negras somaram 50,2% dos postulantes à Presidência da República, Congresso Nacional e Assembleias Legislativas.

As 16 capitais das regiões Norte e Nordeste concentram 87% das candidaturas negras. Entre os 44 candidatos nortistas, 29, ou 67%, são pretos ou pardos. Dos 66 nordestinos, 36, ou 55%, se identificaram como negros ao TSE. 

Nas três capitais da região Sul, 27 candidatos disputarão o governo municipal. Apenas três, 9%, se identificaram como pardos, um de cada capital. 

No Sudeste, das 35 candidaturas inscritas para a disputa das prefeituras, apenas seis, ou 17%, são negras. 

Quanto aos partidos, a sigla com maior percentual de candidaturas negras é o PCdoB, com 70,19% de mulheres e 73,4% de homens. O Novo é o que tem o maior percentual de mulheres não negras candidatas, 58,06%, e o PL a maior taxa de homens não negros candidatos, 56,4%.


A jornada eleitoral, conquistas e retrocessos…

Chute – Aprovada, em 15 de agosto, por deputados e senadores a Proposta de Emenda à Constituição – PEC 9/2023, conhecida como PEC da Anistia, que livra os partidos de multas por descumprimento de repasses mínimos para candidaturas negras e diminui o financiamento de campanhas negras atuais e futuras.

Até as últimas eleições, os partidos tinham obrigatoriamente de repassar recursos a negros e pardos de forma proporcional – de acordo com o número de candidatos com esse perfil. 

Mas, a partir desta eleição, a PEC estabelece a obrigatoriedade de os partidos repassarem 30% dos recursos para financiar campanhas de negros e pardos independentemente da proporção de candidaturas.

Tal medida representa um retrocesso em relação a conquistas legislativas de eleições anteriores – em 2022, por exemplo, candidaturas negras somaram mais da metade. Isso sem contar que os recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do Fundo Partidário são dinheiro público, do povo brasileiro, nosso.

A PEC 9/2023 diminui para menos da metade os recursos financeiros e o tempo de propaganda de campanhas negras e, ainda, deixa nas mãos das direções partidárias nacionais, majoritariamente brancas, a decisão sobre quais candidaturas negras receberão recursos e tempo

O fato é que nem os partidos de direita nem os de esquerda estão interessados em garantir a presença do povo preto e de mulheres nos parlamentos.

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Rasteira – Noventa por cento das mulheres negras enfrentam violência política de gênero e raça dentro de seus partidos, manifestada no subfinanciamento de suas campanhas, quando se sabe que a falta de recursos financeiros é a principal barreira à sua entrada na política. 

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Golpe – Desde 2016, tem sido crescente o número de candidaturas negras – soma de pretos e pardos, de acordo com a classificação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Não se pode perder de vista, entretanto, que este “aumento” inclui os candidatos afro convenientes, que sempre se reconheceram como “brancos” e que têm alterado sua identificação racial para “pardo” nas últimas eleições.

No cenário eleitoral de 2024, o Tribunal Superior Eleitoral já contabilizou cerca de 42 mil candidatos que alteraram a autodeclaração racial, de branco para pardo.

Leia o artigo O que significa ser pardo no Brasil?

Fontes: Agência Senado, Periferia em Movimento, Agência Brasil, G1, Brasil de Fato

Elaborado em 27 de agosto de 2024 – em atualização até o final das Eleições 2024.

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